quarta-feira, 13 de março de 2013

Renascimento Cultural e Científico - 2º Anos - EE Caetano Miele

Renascimento Cultural
Podemos considerar o Renascimento como um dos marcos iniciais da Modernidade, ao refletir o conjunto de mudanças vivenciadas pela sociedade urbana da Europa Ocidental.
INTRODUÇÃO
Renascimento é o nome que se dá a um grande movimento de mudanças culturais, que atingiu as camadas urbanas da Europa Ocidental entre os séculos XIV e XVI, caracterizado pela retomada dos valores da cultura greco-romana, ou seja, da cultura clássica. Esse momento é considerado como um importante período de transição envolvendo as estruturas feudo capitalistas.
As bases desse movimento eram proporcionadas por uma corrente filosófica reinante, o humanismo, que descartava a escolástica medieval, até então predominante, e propunha o retorno às virtudes da antiguidade.
Platão, Aristóteles, Virgílio, Sêneca e outros autores greco-romanos começam a ser traduzidos e rapidamente difundidos.
 
FATORES QUE GERARAM O RENASCIMENTO
No plano econômico, o renascimento comercial reativou o intercâmbio cultural entre Ocidente e Oriente, configurando-se como principal fator do renascimento cultural.
No plano social, a urbanização gerava as condições de uma nova cultura, sendo as cidades o pólo de irradiação do Renascimento.
No plano intelectual, a retomada dos estudos das obras clássicas greco-romanas foi de grande importância. Isso foi possível graças aos mosteiros medievais, que preservaram em suas bibliotecas muitas dessas obras, protegendo-as da destruição pelos bárbaros no período das invasões.
 
CARACTERÍSTICAS
O termo Renascimento não é diferente de Renascença é costumeiramente utilizado significando o reviver da cultura clássica greco-romana no século XIV, pois a influência da cultura greco-romana se fez sentir por toda a Baixa Idade Média. No entanto, é necessário frisar que o Renascimento não repetiu pura e simplesmente a cultura clássica. Ao contrário, reinterpretou-a à luz de uma nova época.
O homem renascentista caracterizou-se pelo individualismo, racionalismo, hedonismo, antropocentrismo, naturalismo e realismo.
Individualismo: A burguesia procurava abandonar o espírito corporativo que predominava na Idade Média. Os artistas passaram a assinar suas obras e os nobres e os burgueses, passaram a mandar fazer retratos ou estátuas de si mesmos.
Racionalismo: Valorizava-se a razão (conciliar fé e razão). A busca do conhecimento. Acentuou-se o criticismo.
Hedonismo: Enquanto na Idade Média, valorizava-se o sofrimento, o homem da Renascença buacava a auto-satisfação (o prazer) e a realização espiritual.
Antropocentrismo ou Humanismo( do latim humanus = cultivado): Em oposição ao teocentrismo, o Renascimento apresentava o homem como o centro do Universo; o homem sendo a medida de todas as coisas. Isto não quer dizer que o homem da Renascença fosse ateu ou pagão, era cristão, porém com uma religiosidade diferente do misticismo ingênuo que predominava na Idade Média.
Naturalismo: A integração do homem à natureza e a descoberta da íntima ligação com o Universo marcaram  o movimento renascentista.
Realismo: Foi um traço marcante dos desenhos e das pinturas da Renascença, pois o artista desejava compreender todos os aspectos da criação.   
Outra das características renascentistas era o repúdio aos ideais medievais: a cavalaria uma das mais importantes instituições da Idade Média, entrou em declínio com o advento da pólvora e das armas de fogo, e seus ideais são satirizados por Cervantes na obra Dom Quixote. Maquiavel, em O Príncipe, ataca a subordinação da política à religião e o ideal de um governo com poderes. Também a escolástica ( filosofia da Baixa Idade Meia) é repudiada, tanto pelos idealistas da escola neoplatônica de Florença quanto pelos realistas da escola de Pádua.
 
ITÁLIA: O Berço do Renascimento
Esse é uma expressão muito utilizada, apesar de a Itália ainda não existir como nação. A região italiana estava dividida e as cidades possuíam soberania. Na verdade o Renascimento desenvolveu-se em algumas cidades italianas, principalmente aqueles ligadas ao comércio.
Desde o século XIII, com a reabertura do Mediterrâneo, o comércio de várias cidades italianas com o oriente intensificou-se , possibilitando importantes transformações, como a formação de uma camada burguesa enriquecida e que necessitava de reconhecimento social. O comércio comandado pela burguesia foi responsável pelo desenvolvimento urbano, e nesse sentido, responsável por um novo modelo de vida, com novas relações sociais onde os homens encontram-se mais próximos uns dos outros. Dessa forma podemos dizer que a nova mentalidade da população urbana representa a essência dessas mudanças e possibilitará a Produção Renascentista.
Podemos considerar ainda como fatores que promoveram o renascimento italiano, a existência de diversas obras clássicas na região, assim como a influência dos “sábios bizantinos”, homens oriundos principalmente de Constantinopla, conhecedores da língua grega e muitas vezes de obras clássicas.
 
A Produção Renascentista
É necessário fazer uma diferenciação entre a cultura renascentista; aquela caracterizada por um novo comportamento do homem da cidade, a partir de novas concepções de vida e de mundo, da Produção Renascentista, que representa as obras de artistas e intelectuais, que retrataram essa nova visão de mundo e são fundamentais para sua difusão e desenvolvimento. Essa diferenciação é importante para que não julguemos o Renascimento como um movimento de “alguns grandes homens”, mas como um movimento que representa uma nova sociedade, urbana caracterizada pelos novos valores burguesas e ainda associada à valores cristãos.
O mecenato, prática comum na Roma antiga, foi fundamental para o desenvolvimento da produção intelectual e artística do renascimento. O Mecenas era considerado como “protetor”, homem rico, era na prática quem dava as condições materiais para a produção das novas obras e nesse sentido pode ser considerado como o patrocinador, o financiador. O investimento do mecenas era recuperado com o prestígio social obtido, fato que contribuía com a divulgação das atividades de sua empresa ou instituição que representava. A maioria dos mecenas italianos eram elementos da burguesia, homens enriquecidos com o comércio e toda a produção vinculada à esse patrocínio foi considerada como Renascimento Civil.
Encontramos também o Papa e elementos da nobreza praticando o mecenato, sendo que o Papa Júlio II foi o principal exemplo do que denominou-se Renascimento Cortesão.
 
A Expansão do Renascimento
No decorrer do século XVI a cultura renascentista expandiu-se para outros países da Europa Ocidental e para que isso ocorresse contribuíram as guerras e invasões vividas pela Itália. As ocupações francesa e espanhola determinaram um conhecimento melhor sobre as obras renascentistas e a expansão em direção a outros países, cada um adaptando-o segundo suas peculiaridades, numa época de formação do absolutismo e de início do movimento de Reforma Religiosa.
O século XVI foi marcado pelas grandes navegações, num primeiro momento vinculadas ao comércio oriental e posteriormente à exploração da América. A navegação pelo Atlântico reforçaram o capitalismo de Portugal, Espanha e Holanda e em segundo plano da Inglaterra e França. Nesses “países atlânticos” desenvolveu-se então a burguesia e a mentalidade renascentista.
Esse movimento de difusão do Renascimento coincidiu com a decadência do Renascimento Italiano, motivado pela crise econômica das cidades, provocada pela perda do monopólio sobre o comércio de especiarias.
A mudança do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico determinou a decadência italiana e ao mesmo tempo impulsionou o desenvolvimento dos demais países, promovendo reflexos na produção cultural.
Outro fator fundamental para a crise do Renascimento italiano foi a Reforma Religiosa e principalmente a Contra Reforma. Toda a polêmica que desenvolveu-se pelo embate religioso fez com que a religião voltasse a ocupar o principal espaço da vida humana; além disso, a Igreja Católica desenvolveu um grande movimento de repressão, apoiado na publicação do INDEX e na retomada da Inquisição que atingiu todo indivíduo que de alguma forma de opusesse a Igreja.
Como o movimento protestante nõ existiu na Itália, a repressão recaiu sobre os intelectuais e artistas do renascimento.
 
 
Mecenas
A difusão das idéias da Antiguidade clássica na Itália e outros centros europeus se dá, inicialmente, por emigrados gregos, judeus e bizantinos. Mas é a concentração da riqueza nos comerciantes e banqueiros dos centros urbanos que permite transformar a arte e a cultura em produtos comerciais e fazer com que potentados econômicos como os Medici de Florença se tornem grandes mecenas ou incentivadores do movimento cultural e artístico da época.
 
HUMANISMO
Tem por base o neoplatonismo, que exalta os valores humanos e tenta dar nova dimensão ao homem. O humanismo se expande a partir de 1460, com a fundação de academias, bibliotecas e teatros em Roma, Florença, Nápoles, Paris e Londres. A escultura e a pintura redescobrem o corpo humano . A arquitetura retoma as linhas clássicas e os palácios substituem os castelos. A música instrumental e vocal polifônica se sobrepõe ao cantochão (monótico). Expandem-se a prosa e a poesia literárias, a dramaturgia, a filosofia e a literatura política.
 
Filosofia
O holandês Erasmo de Roterdã rechaça a intolerância escolástica, critica a guerra, a avareza, os vícios da igreja e nega a predestinação. Vives, da Espanha, afirma que os sentidos abrem caminho ao conhecimento, propõe o método indutivo e inicia a psicologia. Giordano Bruno, da Itália, defende a idéia de um infinito sem ponto central e de uma única matéria universal, da qual Deus seria o intelecto.
 
Literatura poética
O italiano Ariosto cria o poema épico cavaleiresco, legendário e realista. Tasso exprime o sentimento religioso da contra-reforma. Rabelais (França) faz poemas satíricos e epicuristas. Camões (Portugal) cria a épica dos descobrimentos marítimos.
 
Dramaturgia
Marlowe, inglês, recupera a tradição germânica do Dr. Fausto. Ben Jonson, também inglês, retoma as lendas sobre os alquimistas. Gil Vicente (Portugal) faz novelas picarescas. Shakespeare (Inglaterra), com dramas históricos, comédias de intrigas e tragédias, torna-se o maior dramaturgo de todos os tempos.
 
Artes plásticas
Michelangelo (Itália) esculpe Moisés e Pietá , pinta o teto, as paredes principais e o altar-mor da Capela Sistina. Leonardo da Vinci (Itália) projeta palácios, inventa mecanismos, faz esculturas e pinta a Santa Ceia, Mona Lisa ou Gioconda. Fra Angélico, Boticelli, Rafael, Tiziano, Tintoretto e El Greco são destaques numa legião de pintores italianos e espanhóis que deixam obras inigualáveis.
 
Literatura política
Maquiavel (Itália) é o iniciador do moderno pensamento político. Morus (Inglaterra) critica a sociedade feudal e descreve um Estado ideal (Utopia), localizado numa república de organização comunitária. Campanela (Itália) afirma o princípio da autoconsciência e descreve uma sociedade ideal inspirada em Morus.
 
Nicolau Maquiavel (1469-1527)
Historiador, político e filósofo italiano. A partir de 1498 é chanceler e depois secretário das relações exteriores da República de Florença. Desempenha missões no exterior e, em 1502, passa cinco meses como embaixador junto a Cesare Borgia, cuja política enérgica e inescrupulosa lhe inspira admiração.
O fim da República e a volta dos Medici ao poder, em 1512, leva-o ao exílio. Nesse período escreve sua obra mais famosa, O príncipe, marco do pensamento político moderno. O livro é uma espécie de manual de política destinado a ensinar aos príncipes como manter o poder, mesmo às custas de mentira e meios amorais. Torna famoso o princípio “Os fins justificam os meios”.
 
Grandes invenções
O polonês Copérnico fundamenta a noção de que o Sol é o centro do universo (heliocentrismo). Paracelso, da Suíça, reforma a química e a medicina. Leonardo da Vinci inventa a prensa hidráulica e as máquinas voadoras. O alemão Kepler inventa o telescópio e demonstra as teorias de Copérnico. O italiano Galileu Galilei desenvolve métodos científicos de análise da realidade e de comprovação experimental. A imprensa de letras metálicas móveis é inventada pelo alemão Johann Gutemberg em 1445. A pólvora começa a ser utilizada como arma de guerra. Em 1500 é inventado o relógio de bolso.
 
RENASCIMENTO CIENTÍFICO
O homem renascentista redescobriu o valor da razão e da natureza. Porém, esta transição não foi fácil, isto porque, parte da sociedade ainda estava enraizada no pensamento medieval. Apesar da valorização do conhecimento racional, Galileu foi julgado por heresia, e Giordano Bruno e o médico Miguel Servet foram queimados pela inquisição católica e calvinista, respectivamente.
A Filosofia foi fundamental para a compreensão desses pensamentos, levando ao confronto de dois métodos bastante diversos, mas nem por isso inconciliáveis, hoje amplamente usados pelas ciências. Esses métodos são o empirismo e o racionalismo.
 
Resumo sobre o Renascimento
Movimento Renascentista ou apenas Renascimento foi o nome dado ao Renascimento Cultural que aconteceu durante os séculos XIV, XV e XVI na Europa, e que procurava resgatar a cultura esquecida durante os tempos medievais.
As principais características do Renascimento foram o Racionalismo, Experimentalismo, Individualismo e Antropocentrismo. Uma grande característica do Renascimento foi o Humanismo que valorizava o homem, que a partir daí começou a ser tratado como ser racional e posto assim no centro do Universo.
O Renascimento também foi marcado por importantes descobertas científicas, notadamente nos campos da astronomia, física, medicina, matemática e geografia.
O Renascimento nasceu na Itália, mais especificamente nas cidades que enriqueceram com o comércio no Mediterrâneo. Porém com a expansão marítima a idéia Renascentista foi divulgada por diversas partes do mundo como na Inglaterra, Alemanha e os Países Baixos.
O Renascimento foi muito importante também, porque foi a principal influencia dos pensadores Iluministas do século XVII.
 

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