quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Iluminismo - 2º s - Materia do Provão


Iluminismo

O ponto culminante da Revolução Industrial, em filosofia foi um movimento conhecido como Iluminismo. Iniciado na Inglaterra por volta de 1680 rapidamente se difundiu, atingindo a maior parte dos países do norte da Europa e não deixando de ter influência também na América. A manifestação Suprema do Iluminismo verificou-se, contudo, na França, e o período em que ele se revestiu de verdadeira importância foi o séc. XVIII. Poucos movimentos históricos tiveram efeitos tão profundos no sentido de moldar o pensamento dos homens e de orientar o curso das suas ações.

O Iluminismo tinha algumas características marcantes: regimes democráticos constitucionais, baseados na participação popular através do voto, questionamento do ambiente monarca, divisão dos três poderes e defender oprincípio da intervenção do Estado na economia.

A inspiração do Iluminismo proveio, em partes, do racionalismo de Descartes, Espinosa e Hobbes, mas os verdadeiros fundadores do movimento foram: Sir Isaac Newton (1642-1727) e John Locke (1632-1704). Ainda que Newton não tenha sido um filósofo no sentido comum da palavra, sua obra teve a mais profunda significação para a história do pensamento.

O Iluminismo alcançou o apogeu da sua glória na França, durante o séc. XVIII, sob a influência de Voltaire e de outros críticos da ordem estabelecida.



LOCKE, John



Filósofo inglês ( Wrington, 29-VIII-1632 - Oates, 28-X-1704). Considerado o fundador do empirismo, doutrina filosófica segundo a qual todo conhecimento ( com exceção do lógico e matemático) deriva da experiência, e não há verdade autônoma.

Começou a vida como eclesiástico. Estudou filosofia escolástica e ciências em Oxford e se fez médico. Praticou durante algum tempo a medicina e em 1667 passou a ser, na qualidade de médico, secretário de Lord Ashley. Quando seu protetor caiu em desprestígio, fugiu com ele para a Holanda onde permaneceu alguns anos. Toda a sua vida pública se resume na luta incessante pela liberdade civil, religiosa e política. Suas idéias nesse sentido foram expressas pela primeira vez em Epístola de tolerania. Ao contrário de Hobbes, responsável pela teoria do despotismo, Locke foi o defensor da teoria do liberalismo moderado.

Sua principal obra filosófica é An Essay concerning human understanding, tratado subdividido em quatro livros. No primeiro detém-se em argumentar contra Platão, Descartes, e os escolásticos, provando que não há idéias inatas: No innate principles in the mind. Se há verdades inatas ninguém percebe, comenta; pelo menos as de Descartes são inteiramente desconhecidas dos meninos, dos simples e dos selvagens. Nos outros três livros formula sua teoria positiva. Donde vêm nossas idéias? Da nossa experiência, que é dupla: a sensação e a reflexiva. Essas qualidades sensíveis são de certo modo produto de nossos sentidos, portanto não podemos ter confiança absoluta nos dados auferidos pelo nosso conhecimento sensível. Esta conclusão de Locke influi na adoção do cepticismo, por Hume.



MONTESQUIEU

Escritor francês, Charles Louis de Secondar, barão de La Brède et de Montesquieu, nasceu no castelo de La Bride, perto de Bordéus (18-1-1689) , e morreu em Paris , 1776. Fez sólidos estudos humanísticos e, depois, jurídicos, mas também freqüentou em Paris os círculos da boêmia literária. Como membro da aristocracia provincial entrou em 1714 no Parlement (tribunal provincial) de Bordéus, presidindo-o durante vários anos. Famoso como escritor, passou a maior parte da vida em Bordéus, mas voltando sempre a Paris, onde foi muito festejado.

Montesquieu foi fundamentalmente um aristocrata da província, da estirpe do seu conterrâneo Montaigne: como este foi humanista e céptico.

Influenciado por Maquiavel, o escritor empreende determinadas causas da grandeza e da queda das nações e dos impérios. A obra desmente definitivamente o providencialismo de Bossuet, explicando o curso da história por causa exclusivamente naturais. Montesquieu parece, em parte, antecipar o positivimismo científico do sec. XIX, usando critérios das ciências naturais.

Montesquieu examina as três possíveis formas de governo: a democracia, a monarquia, o despotismo. Rejeitando este último e acreditando a democracia só viável em repúblicas de pequenas dimensões territoriais, decide em favor da democracia constitucional. O modelo que admira é a constituição inglesa, na qual os poderes executivo, legislativo e judiciário, estariam nitidamente separados e cada um independente dos outros dois. Montesquieu não parece ter compreendido o espírito da constituição inglesa, que é parlamentarista, talvez por ela não estar codificada. Mas suas idéias inspiraram o presidencialismo na constituição americana de 1787, que funciona até hoje inalterada em seuspontos básicos.





ROUSSEAU, Jean Jacques



Filósofo francês, nascido em 1712 e falecido em 1778, foi o escritor mais importante do iluminismo. Sua filosofia política exerceu grande influência no surgimento da Revolução Francesa. Suas teorias também provocaram grande impacto na educação, na literatura e na política.

Durante toda sua vida, Rousseau sofreu de grande angústia, marcada por sentimentos de culpa e de profunda inferioridade. Suas ações e suas obras refletem as tentativas que fazia no sentido de superar seus sentimentos de inadaptações e encontrar uma identidade aceitável em um mundo que parecia rejeita-lo constantemente. Foi apontado como um exemplo perfeito de intruso na sociedade.

Rousseau expressou suas críticas a sociedade em diversos ensaios. Em O Contrato Social (1762), um marco na história da ciência política, Rousseau expressou suas idéias sobre o governo e o direito dos cidadões. Rousseau acreditava que o homem não era um ser social por natureza. Achava que na época em que os homens vivam em estado natural, isolados e sem fazer uso da linguagem eles eram bons, isto é, não tinham motivos para se ferirem uns aos outros. Rousseau acreditava que a sociedade corrompia os homens porque trazia a tona as inclinações à agressividade e ao egoísmo.

Foi um dos primeiros escritores a apoiar o romantismo, um movimento que dominou as artes do sec. XVIII ao XIX. Em suas obras e em sua vida pessoal capturou o espírito do romantismo ao colocar o sentimento acima da razão, a impulsividade e a espontaneidade acima da autodisciplina.



VOLTAIRE



Voltaire ou François Marie Arouet, como se chamava originalmente, simboliza o esclarecimento mais ou menos como Lutero simboliza a reforma e Leonardo da Vince, a renascença italiana. Filho da burguesia, Voltaire nasceu em 1694 e, a despeito de sua constituição delicada, viveu até 11 anos antes de rebentar a Revolução Francesa. Divulgou os princípios da filosofia racionalista e a respeito da vida política, defendeu a liberdade de expressão e foi crítico feroz da igreja. Bem cedo mostrou gosto por escrever obras satíricas e envolveu-se em numerosas questões por ter ridicularizado nobres e funcionários pomposos. Em conseqüência de um dos seus panfletos foi encarcerado na Bastilha e depois exilado na Inglaterra.



Liberalismo Econômico



Doutrina que preconiza a liberdade individual aplicada principalmente nos terrenos político e econômico. Combina os ideais de livre associação e organização. O ideal político do liberalismo do séc. XIX era a democracia definida como um mínimo de governo, com as leis e a constituição traçadas voluntariamente por todo o povo, através de representantes responsáveis. O liberalismo é, às vezes, empregado como sinônimo de individualismo. No início do séc. XIX manifestava-se contra as ajudas e limitações governamentais, por considerá-las inimigas da liberdade. No séc. XX, todavia, encara a liberdade como resultado das oportunidades iguais que só podem ser oferecidas pela intervenção do Estado. O "novo" liberalismo difere do velho em outro aspecto: enquanto este tinha como fundamento as leis naturais, aquele é mais empírico e pragmático na formulação dos princípios relativos aos negócios públicos. Os antigos liberais são os conservadores de hoje: há várias décadas os novos liberais vêm evoluindo para o coletivismo empírico democrático tipo new deal.



SMITH, Adam



Economista inglês (Kirkcaldy, Fifeshire, Escócia). Estudou em Glasgow e Oxford. Até 1746 dedicou-se aos estudos de ciências políticas e lingüísticas. Transferiu-se mais tarde para Edinburgh, onde deu cursos de retórica e literatura. Nessa época conheceu David Hume, de quem se tornou amigo. Em 1751 foi nomeado professor de lógica em Glasgow e, no ano seguinte, assumiu a cátedra moral em que se manteve durante doze anos.

Para Adam Smith, o trabalho de uma nação é a principal fonte geradora dos bens que necessita a comunidade. O aumento da produtividade do trabalho depende de sua divisão, que repousa essencialmente, na propensão que tem a natureza humana para trocar uma coisa por outra. A acumulação de capital funciona como uma das condições prévias dessa divisão. Quanto à noção do valor, surgiu como troca de mercadorias. O termo valor apresenta dois significados, o de utilidade e o de poder de compra, sendo o primeiro valor de uso, e o segundo valor de troca. O trabalho seria a medida do valor de todas as mercadorias.

Estudando o problema do preço, concluiu o economista que as rendas, os salários e os lucros são meros componentes da renda. No que se refere à acumulação capitalista, divide o capital em fixo e circulante. O primeiro consiste, principalmente, em máquinas, edifícios, implementos agrícolas, enquanto o segundo compreende o dinheiro. as matérias-primas e as mercadorias acabadas, ainda em mãos do industrial ou do comerciante.

Analisando a estrutura da sociedade capitalista, Adam Smith chegou a extraordinária conclusão, para a sua época, da divisão da sociedade em classes. Para ele, três são as classes fundamentais da sociedade capitalista: o operariado, os capitalistas e os proprietários de terras. Salienta que, na sociedade capitalista, existe comunidade de interesses, uma vez que os benefícios comuns resultam sobretudo do choque de interesses das diversas classes sociais. Por isso defendia a livre concorrência.



RICARDO, David



Economista inglês (Londres, 18-IV-1772 - Gloucestershire, 11-IX-1823). De origem judaica, foi educado em seu país e na Holanda, mas não cursou universidades. Cedo demonstrou suas aptidões para os negócios e chegou a acumular grande fortuna, Em 1819, foi eleito para o Parlamento, onde pronunciou importantes discursos sobre questões econômicas. Seu primeiro ensaio de economia política só apareceu dez anos depois de haver lido A riqueza das nações, de Adam Smith, autor que o influenciou profundamente.

Em 1815, quando se debatia a legislação dos cereais, publicou o seu Ensaio sobre a influência do baixo preço dos cereais nos lucros da bolsa. Nesse livro são apresentados os princípios básicos de sua doutrina: os lucros aumentam com a redução dos salários e diminuem com a elevação destes; o aumento dos salários não provoca o aumento dos preços; os custos são determinados pelo custo da produção de alimentos. Achava com outros economistas da época que a tendência ao desemprego, no sistema capitalista, era fenômeno limitado. Mais tarde, contudo, não pode ocultar suas apreensões ante o fato do rápido crescimento dos salários até atingir os níveis de subsistência.



MALTHUS, Thomas Robert

Sociólogo e economista inglês (The Rockery, Surrey, 14-II-1776 - Haileybury 23-XII-1834). Contemporâneo de S.T. Coleridge no Jesus College, de Cambridge, recebeu as ordens eclesiásticas em 1917. No ano seguinte publicou a obra que o tornaria mundialmente famoso: An Essay on population. Em 1805 aceitou um convite para ensinar história moderna e economia política em Haileybury, onde permaneceu até o fim de sua vida.

Em sua obra fundamental, Malthus defendeu a tese de que a população universal aumenta em proporção geométrica, enquanto a produção de alimentos cresce apenas em proporção aritmética: o aumento populacional é sempre mais elevado que o dos meios de subsistência. Sustentou ainda que o problema da super população só não se torna intolerável devido à guerras, às epidemias e a fome crônica, que dizimam periodicamente parte do excedente geográfico.

Malthus foi duramente criticado por não ter levado em conta o desenvolvimento das ciências e da técnica, que abriria perspectivas praticamente ilimitadas para a produção de alimentos. Não obstante, suas idéias tiveram o mérito de chamar a atenção dos economistas para os problemas da demografia. Alguns estudiosos pretendem encontrar na obra de Malthus a formulação da moderna teoria da demanda efetiva. Além do ensaio, destacam-se, nessa obra, An inquiry into the nature and progress of rent e Principles of political economy. Malthus foi amigo do economista inglês David Ricardo, a quem ajudou na elaboração de uma lei do valor.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

1º anos - Grécia Antiga

Grécia Antiga

1. Características. Geográficas

A Grécia antiga - chamada de Hélade pelos antigos gregos (daí helenos) – ocupava ao sul da Península dos Bálcãs, as ilhas dos Mares Egeu e Jônio e o litoral da Ásia Menor. Na Grécia Européia podemos distinguir três regiões:

• Grécia Continental - Compreendia duas sub-regiões: Épiro à oeste, e Tessália, á leste. Na Grécia Central destacavam-se a Beócia e a Ática (onde se localizava Atenas. Região de predominância montanhosa e por costas extremamente recortadas formando golfos e baías. Apenas 20% do território era formado por planícies.

• Grécia Peninsular – Península do Peloponeso Na parte peninsular encontramos uma divisão regional formada por Lacônia (onde ficava situada Esparta), Messênia e Argólida.

• Grécia Insular – Ilhas do Egeu e Jônio – abrangia as regiões da Eólia, Jônia e a Dorida

O clima mediterrâneo e a pouca quantidade de solos férteis caracterizaram a economia grega deste período pela plantação de trigo, cevada, videiras e oliveiras (vinhos e azeite) bem como a criação de gado (porcos, cabras, ovelhas e cavalos)



2.Período Pré-Homérico

2.1 Civilização Cretense

Acredita-se que por volta de 3.000 a.C., populações que habitavam a Ásia Menor navegaram até a Ilha de Creta é la se instalaram.

Costuma-se dividir a historia dos antigos habitantes de Creta em 3 períodos de civilização.

A Civilização Egeia - Foram os primeiros habitantes da Ilha de Creta, se dedicavam a pratica da agricultura e pastoreio de bois e cabras.

A Civilização Cretense - Com o crescimento das actividades comerciais, foi criada uma unidade politica, a ilha de Creta passou a ser governada por um rei.

A Civilização Minoica - Civilização que iniciou-se após a destruição das cidades cretenses, provavelmente por um terremoto. As cidades foram reconstruídas de forma mais evoluída, notando-se a evolução cultural dos cretenses.



2.1.2 A Organização da Sociedade

Ao alcançar um grande desenvolvimento econômico, formou-se uma monarquia, os governantes de Creta passaram a ser conhecidos como Mino, o mesmo que rei. Para abrigar a realeza foi construído os Palácios de Cnossos e Faístos.

O Rei Cretense exercia a função de chefe politico e religioso. Acreditasse que os cretenses formaram um sociedade com quase nenhuma diferença de classes.

Após um terremoto por volta de 1700 a.C., o Palácio de Cnossos foi reconstruído tornando-se ainda maior e rodeado por um labirinto de corredores.

Segundo a Mitologia Grega, o grande labirinto foi criado para abrigar uma criatura selvagem metade homem e metade touro, o Minotauro.

Com o crescimento da sociedade os cretenses desenvolveram a escrita. Foram encontrados placas de argila que continham uma escrita pictográfica muito parecida dos egípcios, batizada de "Linear A". Havia também uma escrita grega antiga, baptizada de "Linear B".

Para melhor se protegerem de ataques de povos invasores, foi criado um Exército composto por tropas terrestres e marinha de guerra.







2.13 Economia

Os cretenses alcançaram um grande desenvolvimento econômico graças ao comercio maritmo. Eles comercializavam produtos na região balcânica e na Ásia Menor, porta de entrada comercial para o Oriente.

Na agricultura eles deram importância para o cultivo de cereais, videiras, oliveiras. Os principais produtos comercializados por eles eram jóias, tecidos, armas e objetos feitos de bronze.



2.14 O Declínio de Creta

Após ser acometida por catástrofes da natureza como terremotos, erupção de vulcões e tsunamis, a sociedade cretense ficou enfraquecida e incapaz de defender-se de incursões invasoras de outros povos. Por volta de 1400 a.C, Os indo-europeus invadiram a Ilha de Creta e conseguiram dominar toda a região. Primeiro foram os Aqueus, depois vieram os Dórios.

Os cretenses foram os responsáveis pela formação da Civilização Grega. Ao Invadirem Ilha de Creta os indo-europeus (aqueus, dórios, eolios e jonios), assimilaram os costumes dos povos locais passando a difundi-lo por toda a Península Balcânica e litoral da Ásia Menor.



2.2 A Invasão Dórica e a Primeira Diáspora Grega

O processo de formação da civilização grega conta com uma interessante história onde observamos todo o processo de ocupação das várias regiões que integram a chamada Península Balcânica. De fato, não podemos pensar a Grécia Antiga como portadora de uma civilização homogênea no momento em que assinalamos a contribuição dos vários povos que integram o processo de formação da Hélade. Dos cretenses até os dórios, temos um longo caminho a percorrer no eixo espaço-temporal.

Além de dominar praticamente todo o espaço balcânico, notamos que os gregos também formaram outras cidades e centros de colonização que abrangiam pontos das ilhas do Mar Egeu, porções litorâneas da Ásia Menor, a Península Itálica, o Norte da África e as proximidades da Península Ibérica. Para compreendermos o espalhamento dos gregos por todo esse espaço, é necessário contemplar os primeiros tempos que norteiam a história pregressa da civilização grega.

O primeiro evento que marca a expansão dos povos gregos começa a se desenhar no século XV a. C., quando os aqueus dominaram a ilha de Creta e deram origem à chamada civilização micênica. Antes dessa fusão de ambas as civilizações, também temos que salientar a chegada de outras tribos indo-europeias à região continental da Grécia. Entre 2000 a.C. e 1200 a.C., eólios e jônios atingiram a Península Balcânica estabelecendo diversos pontos de ocupação humana.

Por volta do século XII a.C., os dórios empreenderam um violento processo de ocupação dos Bálcãs que estabeleceu uma profunda desarticulação dos hábitos e instituições firmados pela civilização creto-micênica. Adeptos ao nomadismo e detentores de uma tecnologia bélica visivelmente superior a dos outros povos da região, os dórios foram os responsáveis diretos pela dispersão das comunidades aqueias, eólias e jônicas para outros territórios.

Esse evento marcou a Primeira Diáspora Grega, tempo em que as populações atingidas pela invasão dórica ocuparsm novas terras no litoral da Ásia Menor e de outras ilhas situadas ao longo do Mar Egeu. Tal mudança foi acompanhada pelo enfraquecimento das atividades comerciais existentes na região, o fortalecimento das comunidades agrícolas e o esvaziamento de tantas manifestações artísticas e culturais anteriormente observadas.





3. Período Homérico

Período Homérico, compreende o período entre os séculos XII e VIII a.C. ficou marcado pela constituição das comunidades gentílicas. Tais comunidades foram voltadas para o desenvolvimento de atividades agrícolas e a exploração coletiva das terras. Em período de tempo relativamente curto, o desenvolvimento dessas comunidades promoveu um incremento populacional que acabou abrindo caminho para diversas disputas pelo controle das terras cultiváveis.

Nesse momento, o uso coletivo das terras acabou perdendo espaço para um grupo social mais próximo à figura do pater, que no interior dos genos tomava as decisões políticas de maior peso. Com isso, uma elite de proprietários de terras começou a se fortalecer sob o aspecto político-econômico e, consequentemente, impôs a marginalização de uma ampla população que não partilhava do mesmo prestígio junto à nova classe dirigente e, por conseguinte, não tinha acesso a terra.

Foi nesse momento que diversas populações saíram do interior dos genos para buscarem outras regiões com terras cultiváveis. Dava-se início à deflagração da Segunda Diáspora Grega, quando a população marginalizada pela crescente apropriação de terras passou a se lançar pelas regiões do Mar Negro e da Península Itálica em busca de regiões onde pudessem buscar sua sobrevivência. Com isso, a civilização grega se estabeleceu ao longo de várias colônias que superavam os limites do Mar Egeu.



4. Período Arcaico



4.1 Introdução

Não há uma datação fixa ou universalmente aceita para o início ou fim do período arcaico grego. Geralmente chama-se "Grécia Antiga" a todo o período da história grega anterior ao Império Romano, enquanto "Grécia Arcaica", termo usado pelos historiadores, refere-se especificamente a um dos períodos da antigüidade grega.

A Grécia arcaica é considerada pela maioria dos historiadores como uma cultura que representou o fundamento da civilização ocidental. A cultura grega foi uma influência poderosa no Império Romano, que levou a muitas partes da Europa uma versão dessa cultura. A civilização da Grécia arcaica foi de influência pujante no mundo moderno, em diversos aspectos culturais, como língua, política, educação e escolaridade, filosofia, arte e arquitetura, principalmente durante a Renascença na Europa Ocidental, e, novamente, durante vários revivals néo-Clássicos no séculos XVIII e XIX d.e.c. tanto na Europa como nas Américas.

A unidade política básica na Grécia arcaica era a pólis (πόλις), geralmente traduzida como cidade-estado. A própria palavra "política" (em grego, τα πολιτικά, assuntos públicos ou assuntos do Estado) significa "assuntos da pólis". Cada cidade era independente, ao menos em teoria. Algumas cidades poderiam ser subordinadas a outras (como uma colônia tradicionalmente acedendo à sua cidade-mãe), outras poderiam adotar formas de governo inteiramente dependentes de outras cidades (os Trinta Tiranos de Atenas foram impostos por Esparta ao fim da Guerra do Peloponeso), mas o título de poder supremo de cada cidade encontrava-se nelas próprias. Isso significa que quando a Grécia entrava em guerra (p.ex., contra o Império Persa), era como se uma aliança entrasse em guerra. Tal característica, por outro lado, também deu ampla oportunidade para guerras dentro da própria Grécia, entre cidades diferentes.



4.2 Atenas

Atenas formou-se a partir de uma miscigenação entre os jônios e os primeiros habitantes da Ática, no século VIII a.C. Estava situada na península Ática, cidade jônica.

Para ser considerado Ateniense era necessário ser filhos de pai e mãe ateniense, ou seja, quem não tinha descendência ateniense poderia usar do que a cidade oferecia, mas não poderia ter total naturalidade (ateniense).



4.2.1 Organização primitiva de Atenas

A primeira forma de governo ateniense foi a monarquia. Nessa época, Atenas era governada por um rei (Basileus), com plenos poderes de sumo-sacerdote, juiz e chefe militar, auxiliado por um Conselho de Anciãos (Areópago). Havia também uma Assembléia do Povo.

• A sociedade era dividida em classes sociais: os eupátridas eram os aristocratas;

• os geomores eram formados pelos pequenos proprietários rurais;

• os demiurgos eram os pequenos artesãos;

• os estrangeiros (metecos), considerados livres e sem direitos políticos;

• os escravos adquiridos por meio de guerras, de comércio e por dívida constituíam a base de toda a produção econômica.

Em meados do século VIII a.C., a monarquia começou a se deteriorar em função da concentração das terras nas mãos dos eupátridas, o que lhes garantia maior poder. Nesse período, a monarquia foi substituída pela oligarquia, chamada de Arcontado, que era constituído por nove arcontes eleitos pela aristocracia territorial e escravista. Num primeiro momento, o mandato dos arcontes durava dez anos; depois, foi reduzido para um ano.

As principais funções do arcontado eram: Epônimo, função de administrador; Basileus, função religiosa; Polemarca, função militar; e o Tesmoteta, função de juiz.



4.2.2 As Reformas de Drácon e Sólon

As leis, nessa época, eram consuetudinárias (costumeiras) e eram aplicadas pelo Conselho dos Anciãos. Levantaram-se gritos de desespero oriundos do povo e ameaças de revolução, colocando em risco o poder político dos eupátridas. Surgiu, dessa forma, o código de leis escritas draconianas (elaboradas por Drácon).

Sólon foi eleito arconte em 594 a.C., com a ajuda dos comerciantes e artesãos ricos que lhe concederam poderes para realizar reformas, entre as quais destacam-se:

• a criação do Conselho dos Quatrocentos (Bulé), responsável pela elaboração das leis, com admissão dos membros da classe média;

• criação de um supremo tribunal de recursos (Tribunal dos Heliastas), aberto a todos os cidadãos e eleito por sufrágio universal masculino;

• proibição da escravidão por dívida;

• instituição de uma nova cunhagem de moedas (Drácman).



4.2.3 A Tirania

Em 560 a.C., Psístrato foi eleito com a ajuda do povo e do exército. Justificando a fama de déspota benevolente, protegeu a cultura, reduziu o poder da aristocracia e elevou o padrão de vida dos atenienses da classe média. Seu sucessor, Hípias, foi um opressor vingativo.



4.2.4A Democracia Ateniense

Clístenes foi eleito arconte, após a derrubada de Hiparco, com a ajuda das massas. Governou Atenas de 508 a 502 a.C. Suas principais reformas foram:

• Criou a Democracia (governo do povo).

• Aumentou o número de cidadãos.

• Criou o Conselho dos Quinhentos, cujos membros eram escolhidos por sorteio.

• Aumentou a autoridade da Assembléia do Povo;

• Instituiu o Ostracismo, pelo qual o cidadão considerado perigoso ao Estado era exilado por dez anos, sem o confisco de bens.



4.3 Esparta

Esparta surgiu por volta do século IX (a.C.), na fértil região da Lacônia, próximo ao litoral do mar Egeu. Em Esparta, diferentemente das outras cidades gregas, não houve transformações políticas, econômicas, sociais e culturais. Isso se deve, em parte, ao seu isolamento.

É localizada no sudeste do Peloponeso, cercada por muitas montanhas. Foi conquistada pelos Dórios, invadida pelos Aqueus e habitadas pelos povos chamados: Pelasgos. Houve em Esparta muitas guerras para que fosse conquistado o solo, ou seja, as guerras em Esparta se deram por três motivos:

• Necessidade de outras terras;

• Abater o poder de um país sobre o seu;

• Aumentar as tropas militares, auxiliares ou aliadas.

Assim como em Atenas, a nacionalidade de Esparta, também era permitida somente para quem fosse descendente de uma pessoa naturalizada da cidade. A educação em Espartas era visada somente para formar soldados.



4.3.1 Organização Política

As instituições sociopolíticas espartanas foram atribuídas a um legislador lendário, Licurgo, que teria recebido as instruções do deus Apolo. A organização do Estado Espartano era assim constituída:



• Dois Reis (Basileus): um era o chefe militar; o outro, religioso.

• Senado (Gerúsia): o conselho dos anciãos.

• Assembléia do Povo (Ápela): caráter deliberativo.

• Eforado: cinco anciãos escolhidos na Gerúsia para governar.



4.3.2 Organização Social

A população de Esparta dividia-se em três classes principais:

• A camada dominante era constituída dos esparciatas ou descendentes dos primeiros conquistadores; somente eles tinham direitos políticos.

• Em segundo, vinham os periecos (que moravam em redor da cidade) e tinham permissão de comercializar e dedicar-se à manufatura, mas não tinham direitos políticos.

• Os hilotas, parte da população submetida a um trabalho compulsório e a um tratamento, muitas vezes, vergonhoso.



4.3.2.1Disciplina Militar

Os cidadãos espartanos eram condenados a uma existência de privações: na maior parte de suas vidas, estavam submetidos ao serviço militar.

A educação masculina era dedicada ao serviço militar, que começava aos sete anos, quando os homens eram submetidos a açoite, a fim de enrijecê-los para os deveres da guerra. Entre os vinte e os sessenta anos, os homens estavam a serviço do Estado, que regulava minuciosamente a vida de seus cidadãos: além da educação dos jovens, preocupava-se com o casamento, obrigatório para os celibatários (lei Atímica).

As mulheres espartanas eram preparadas fisicamente para se tornar mães de espartanos sadios. Praticavam ginástica e participavam de jogos esportivos. Gozavam de maior liberdade que as demais mulheres do mundo grego, o que se explica pela freqüente ausência do homem e pela necessidade de administrar o patrimônio familiar.



4.3.3 Organização Econômica

A organização econômica de Esparta visava garantir a eficiência militar e a supremacia dos esparciatas. As melhores terras (também os hilotas que trabalhavam e sustentavam toda a sociedade) eram propriedades do Estado.



4.3.4 Política Externa

Com relação à política externa, no fim do século VI a.C., Esparta dominou quase todo o Peloponeso, formando, juntamente com Corinto, Mégara, Égina e outras, a Liga do Peloponeso. Essa aliança militar, da qual não participava Argos, sua arqui-rival, transformou-se em um instrumento de dominação espartana.





5. Período Clássico



5.1 Introdução

O Período Clássico é também identificado como “Período das Hegemonias” por causa do revezamento de soberania que ocorreu entre as cidades-estado Atenas e Esparta. Essa fase da história da Grécia Antiga, entre os séculos VI e IV a.C., é identificada como a mais gloriosa dos gregos, mesmo sendo também um período de muitas guerras.

5.2As Guerras Médicas

O Período Clássico da história da Grécia Antiga é repleto de conflitos. Logo no início do período houve uma série de enfrentamentos entre os gregos e os persas. Em 490 a.C. o rei persa, Dario I, declarou guerra contra os gregos por causa da revolta gerada na Jônia em consequência da conquista dos persas. A atitude de Dario I foi uma tentativa de punição ao comportamento de suas novas colônias, para isso invadiu a Hélade. Entretanto os gregos derrotaram os persas. Dez anos depois o filho de Dario I, Xerxes I, lidera os persas para mais uma ataque aos gregos, mas acabam derrotados novamente. Insistentes, os persas tentam a vitória através de uma terceira guerra em 468 a.C. e tornam a sair derrotados. Esta última derrota fez com que os persas assinassem um tratado reconhecendo a superioridade dos gregos no Mar Egeu. Todos esses momentos são capítulos das chamadas Guerras Médicas.

Entre a segunda guerra médica e a terceira os atenienses lançam a pedra fundamental de sua hegemonia por muitos anos, trata-se da criação da Liga de Delos. A Liga de Delos foi capitaneada por Atenas com o propósito de reunir as cidades gregas e se organizaram para o caso de uma nova invasão dos persas. As cidades que integravam a Liga ou Confederação de Delos comprometiam-se a pagar tributos anuais e a ceder homens e barcos em caso de conflitos. Mesmo com os persas totalmente derrotados na terceira tentativa de invasão, a Liga de Delos permaneceu e com o tempo a cidade-estado de Atenas começou a utilizá-la em benefício próprio. Com isso Atenas se enriqueceu e modernizou, espalhando sua superioridade sobre as cidades gregas e as colônias na Ásia Menor.

É durante o período de hegemonia de Atenas que se destaca um dos mais ilustres atenienses, Péricles. O governo de Péricles foi responsável por ampla modernização, ampliação dos vínculos comerciais, enriquecimento e disseminação dos padrões políticos de Atenas. Tamanho foi o impacto do governante que o século V a.C. ficou conhecido como “Século de Péricles”.



5.21 Liga de Délos X Liga do Peloponeso

O imperialismo ateniense já estava consolidado, especialmente em consequência do governo de Péricles. Atenas decide então transformar as contribuições anuais que eram feitas pelas cidades integrantes da Liga de Delos em impostos e ainda proíbe que as mesmas abandonem a Confederação. Tal posicionamento gerou a insatisfação de algumas cidades, em especial Esparta. As cidades inconformadas se uniram sob a liderança de Esparta para contestar o imperialismo ateniense e fundaram a Liga do Peloponeso. Não tardou para que as duas ligas, a Liga de Delos e a Liga do Peloponeso, se confrontassem. A Guerra do Peloponeso (431 a.C. – 417 a.C.) colocou em choque o modelo político democrático de Atenas e o modelo político oligárquico militarista de Esparta. A tradição militar desta foi decisiva no tocante dos conflitos e foi responsável por colocar fim à hegemonia ateniense, inaugurava-se então a fase de imperialismo espartano na Grécia.

A fase de superioridade de Esparta no mundo grego não durou muito tempo, já encontrava em expansão o Império Macedônico na mesma época. Os gregos consideravam os macedônicos bárbaros por não falarem a língua clássica, mas mesmo assim muitos nobres da Macedônia assimilaram costumes gregos. O Império Macedônico e as cidades gregas, lideradas por Esparta, entram em guerra e mesmo com toda a tradição militar espartana não foi possível evitar a derrota para os macedônicos em Queroneia. Filipe e Alexandre, seu filho, conquistaram a Grécia continental e encerraram o Período Clássico da Grécia. Alexandre, o Grande, assumiu o Império da Macedônia quando seu pai morreu assassinado e dá continuidade ao projeto de expansão que visava conquistar todo o mundo persa. Carregando a incorporação de costumes gregos, surgiu a cultura helenística que associava a cultura grega com a macedônica.



6. Período Helenístico



Alexandre, o Grande, empreendeu a formação do Império Macedônico.

No século IV a.C., os conflitos causados pela Guerra do Peloponeso deixaram as cidades-Estado gregas gravemente desgastadas. Sem condições de garantir a autonomia de seus territórios, elas tornaram-se uma presa fácil para povos estrangeiros. Ao norte da Grécia, a civilização macedônica começava a empreender um projeto expansionista que, em pouco tempo, foi capaz de assegurar o controle sobre o mundo grego. A partir desse processo de dominação que se iniciou o chamado Período Helenístico.

No ano de 356 a.C., Filipe II tornou-se rei da Macedônia. Frente ao governo, Filipe foi responsável por uma reforma agrária que confiscou terras dos grandes proprietários e redistribuiu as mesmas entre os camponeses. Tal medida, ao mesmo tempo em que afastou as elites macedônicas do governo, engrossou as fileiras dos exércitos macedônicos formados por indivíduos de origem popular. Com isso, o rei Filipe II criou as condições necessárias para o alargamento de seus territórios.

Inicialmente, os exércitos macedônios conquistaram as regiões da Potidêia, Antifípolis e Pidna, anteriormente controladas pelos atenienses. Tempos depois, executou um plano de alianças políticas que incentivaram a desunião política das cidades-Estado gregas. Antevendo as pretensões de Filipe II, o orador ateniense Demóstenes, em seus discursos conhecidos como Filípicas, alertou sobre as intenções do governo macedônio. No entanto, a preparação militar dos macedônios já era avançada. Na Batalha de Queronéia (338 a.C.), os exércitos de Filipe derrubaram os atenienses e tebanos.

Enquanto preparava um novo exército para levantar-se contra os persas, Filipe II foi assassinado por um aristocrata coríntio, em 336 a.C. Com sua morte, o trono foi disputado pelos filhos de Filipe e as cidades-Estado gregas empreenderam uma revolta contra o Império Macedônio. Foi nesse momento que Alexandre Magno, filho de Filipe, derrotou a revolta grega liderada pela cidade de Tebas. Para vencer seus irmãos, possíveis herdeiros do império, Alexandre organizou um banquete onde ordenou os assassinatos.

Respeitando as tradições do povo grego, Alexandre se proclamou líder supremo dos gregos e tomou para si a missão de libertar os povos balcânicos da dominação persa. Graças à sua notória habilidade militar, Alexandre iniciou um notável processo de expansão que controlou as regiões da Pérsia, do Egito, chegando a fixar seus territórios até as regiões próximas da Índia. Alexandre, dessa forma, consolidou um vasto império.

Ao impor seu domínio, Alexandre teve habilidade de consolidar uma ação política capaz de evitar levantes contrários ao seu governo. Respeitando e incorporando as tradições dos povos por ele conquistados, empreendeu um conjunto de alianças responsável pela manutenção de seus territórios. Tendo sua formação educacional influenciada pela cultura grega e admirador dos valores dos povos orientais, Alexandre desejou conceber uma nova civilização.

O helenismo foi uma política de fusão de diferentes culturas, principalmente a grega, persa e egípcia. Entre outras ações, Alexandre desposou a princesa da Pérsia e incentivou o casamento de seus soldados com mulheres orientais. Ao mesmo tempo, criou novos centros urbanos (Alexandria, Antioquia, Pérgamo) irradiadores da cultura clássica e Oriental. Bibliotecas, estudos científicos, obras filosóficas, teorias matemáticas e esculturas representavam os maiores dos avanços empreendidos pela cultura helenística.

Morto aos 33 anos, Alexandre não deixou um herdeiro direto para o trono macedônio. Isso favoreceu a disputa entre os principais generais que lideravam os exércitos do Império Alexandrino. Ao final da disputa, os territórios acabaram sendo divididos entre os generais Antígono, Ptolomeu e Seleuco. O processo de desintegração enfraqueceu militarmente esses novos reinos, que acabaram conquistados, nos século II e I a.C., pelos romanos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Alunos do 1º - Pré História

Pré-História

Do ponto de vista formal, a expressão “pré-história” designa tudo que houve antes da história humana se desenrolar. Na prática, esse mesmo termo abarca o período que vai desde o surgimento da vida da Terra, a evolução da espécie humana, indo até o aparecimento da escrita. Dessa forma, percebemos uma curiosa contradição: como o termo pré-história é utilizado para se definir um tempo em que os seres humanos já existiam na Terra?

Para compreender essa contradição, devemos conhecer quem foram os responsáveis pela existência do padrão que convenciona o período pré-histórico. Tal concepção apareceu precisamente junto aos historiadores do século XIX, que acreditavam que o estudo do passado só era possível por meio de documentos escritos. Dessa forma, julgavam que a compreensão do passado pré-histórico não poderia se sustentar em bases verdadeiras.

Atualmente, esse tipo de compreensão acabou perdendo espaço para outras formas de recuperação do passado. Muitos historiadores passaram a ver que as fontes que documentam o passado não se resumem aos documentos escritos. As manifestações artísticas, a oralidade, a cultura material e outros vestígios podem se entregar no entendimento do passado. Com isso, o mundo pré-histórico deixou de ser visto como um tempo “destituído de história”.

Sem dúvida, a compreensão desse tempo da história humana é cercada por desafios de compreensão imensuráveis. A escassez de documentos impele os pesquisadores a se valerem dos mais diversificados campos de conhecimento para tentarem promover a retomada das primeiras ações do homem na Terra. Não se restringindo ao ato interpretativo do historiador, o estudo da Pré-História ainda conta com o apoio de antropólogos, físicos, arqueólogos, biólogos, químicos e paleontólogos.

Dessa forma, não há como negar a riqueza de informações desse ramo de conhecimento que trilha as conquistas do homem sobre a natureza. A construção de utensílios, as primeiras habitações, o desenvolvimento da arte rupestre e o domínio da agricultura são alguns dos outros assuntos que integram essa incrível época. Entre as três divisões do período (Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais), se acumula uma vasta e curiosa gama de informações históricas.



Período Paleolítico

Período conhecido como o mais extenso período da história humana, o Período Paleolítico abrange uma datação bastante variada que vai de 2,7 milhões de anos até 10.000 a.C.. Desprovido de técnicas muito sofisticadas, os grupos humanos dessa época desenvolviam hábitos e técnicas que facilitavam sua sobrevivência em meio às hostilidades impostas pela natureza.

Nesse período, as baixas temperaturas da Terra obrigavam o homem do Paleolítico a viver sob a proteção das cavernas. Uma das mais importantes descobertas dessa época foi o fogo. Com esse poderoso instrumento, os homens pré-históricos alcançaram melhores condições de sobrevivência mediante as severas condições climáticas. Além disso, o domínio do fogo modificou os hábitos alimentares humanos, com a introdução da caça e vegetais cozidos.

Sem contar com técnicas de produção agrícola, o homem vivia deslocando-se por diversos territórios. Praticantes do nomadismo, os grupos paleolíticos utilizavam dos recursos naturais à sua volta. Depois de consumi-los, migravam para regiões que apresentavam maior disponibilidade de frutas, caça e pesca. Para fabricar suas armas e utensílios, os homens faziam uso de osso, madeira, marfim e pedra. Devido a essas características da cultura material do período, também costumamos chamar o Paleolítico de Período da Pedra Lascada.

Por volta de 40 mil anos, os povos do paleolítico começaram a viver em grupos mais populosos. Ao mesmo tempo, começaram a criar novas moradias feitas a partir de gravetos e peles de animal. Uma das grandes fontes de compreensão desse período é encontrada nas paredes das cavernas, onde se situam as chamadas pinturas rupestres. Nelas temos informações sobre o homem pré-histórico referente à suas ações cotidianas.

No fim do Paleolítico, uma série de glaciações transformou as condições climáticas do mundo. As temperaturas tornaram-se mais amenas e, a partir de então, foi possível o processo de fixação dos grupos humanos. Com isso, uma série de mudanças marcou a passagem do período Paleolítico para o Neolítico.



Período Neolítico

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Uma das mais importantes conquistas na formação das primeiras civilizações humanas estabelece-se em um novo período da Pré-História. Durante o Neolítico ou Idade da Pedra Polida ocorreram grandes transformações no clima e na vegetação. O continente europeu passou a contar com temperaturas mais amenas e observamos a formação do Deserto do Saara, na África.



A prática da caça e da coleta se tornaram opções cada vez mais difíceis. A agricultura e o conseqüente processo de sedentarização do homem se estabeleceram gradualmente. Além disso, a domesticação animal se tornou uma prática usual entre os grupos humanos que se formavam nesse período. A estabilidade obtida por essas novas técnicas de domínio da natureza e dos animais também possibilitou a formação de grandes aglomerados populacionais.

Novas formas de organização social surgiam

e, assim, as primeiras instituições políticas do homem podem ter sido formadas nessa mesma época. A criação e o abandono de formas coletivas de organização sócio-econômicas podem ser vislumbrados no Neolítico. Conforme alguns pesquisadores, as primeiras sociedades complexas, criadas em torno da emergência de líderes tribais ou a organização de um Estado, são frutos dessas transformações.

No fim do período Neolítico também ocorreu a chamada Idade dos Metais. Nessa época, o desenvolvimento de armas e utensílios criados a partir do cobre, do bronze e, posteriormente, de ferro se tornaram usuais. Com o desenvolvimento dos primeiros Estados e o aparecimento da escrita, o período Neolítico finalizou o recorte de tempo da Pré-História e abriu portas para o estudo das primeiras civilizações da Antigüidade.



REVOLUÇÃO AGRÍCOLA

A Revolução Agrícola foi o movimento dado na Pré-História, que marcou o fim dos povos nômades e o inicio da sedentarização, com o aparecimento das primeiras vilas e cidades.

No Período Paleolítico, os grupos nômades não possuíam moradias fixas. Já no Neolítico, as sociedades humanas desenvolveram técnicas de cultivo agrícola e passaram a ter condições de armazenar alimentos. Isso levou a grupos humanos a se fixarem por mais tempo numa região e a se deslocarem com menor freqüência.

Há cerca de 10 mil anos atrás, durante a Pré-história, no período do neolítico ou período da pedra polida, alguns indivíduos de povos caçadores e coletores notaram que alguns grãos que eram coletados da natureza para a sua alimentação poderiam ser "semeados".

As pesquisas têm revelado que as primeiras atividades agrícolas ocorreram na região de Jericó, num grande oásis junto ao mar Morto, há cerca de 12 mil anos. Por meio de difusão ou movimentos independentes, supõe-se que o fenômeno tenha se desenvolvido também na Índia (há 8 mil anos), na China (7 mil), na Europa, (6.500) na África tropical (5 mil) e nas Américas

(4.500).

A sedentarização, causada pela agricultura, provocou verdadeira revolução no modo de vida da humanidade. Um dos acontecimentos mais importantes relacionados a isso foi o desenvolvimento das vilas e cidades.

Em geral, as vilas desenvolveram-se em regiões onde os solos eram férteis e propícios à agricultura. Elas tinham inúmeras funções. Na América, por exemplo, estavam associadas a cultos religiosos, mas podiam também servir de abrigo para artesãos e de espaço de troca de produtos. Dessa forma, o surgimento das vilas e cidades facilitou a prática do comércio e o desenvolvimento de novas técnicas, como a olaria (fabricação de peças de barro) e da metalúrgica (fabricação de peças de metais). Assim, percebe-se que o processo de consolidação das vilas está associado ao aumento da organização social. Em outras palavras, está relacionado com a prática da religião e do comércio, com o aumento da população e com a diversificação das atividades produtivas.

Desde o inicio da Pré História, o homem tem procurado os rios para se orientar no espaço terrestre e obter água. Foi ao longo dos rios que floresceram, no começo da História, as civilizações agrícolas, as primeiras a sbmeterem o espaço terrestre e a natureza a seus desígnios. E foi junto aos grandes rios da Antiguidade que se desenvolveram as civilizações que deram um novo rumo à História da humanidade, por vezes chamadas de Civilizações Fluviais, por que foram os rios o fator decisivo para o desenvolvimento agrícola. As grandes civilizações fluviais, que eram economicamente dependentes das culturas irrigadas e contavam com uma população numerosa e em grande parte urbanizada, floresceram nas planícies aluviais formadas pelas enchentes de um dois dois grandes rios. Assim, os berços das civilizações chinesa, indiana, sumério-babilônica e egípcia foram, respectivamente, os rios Amarelo e Azul , Indo e Ganges, Tigre e Eufrates e Nilo.

Com o surgimento da agricultura, surgiram mudanças não só nos instrumentos de trabalhos e na formação de cidades, mas também nas relações sociais entre os homens. No inicio, a produção agrícola era um empreendimento familiar: pai, mãe, filhos e filhas de diversas idades, cada qual passou a trabalhar a terra com determinados deveres fixados por tradição O investimento de muito trabalho no cultivo da terra, porém, levou ao desejo de posse da terra e à criação do direito de herança. O primogênito herdava a terra e os mais jovens, sem possuírem terras próprias, passavam a servi-lo; ou, então, a servir a outros donos de terras. As sociedades dos agricultores e criadores de gado organizaram-se em tribos. A tribo era um grupo maior que a horda. Era constituída por um conjunto de famílias que viviam na mesma região e que provinham de um tronco comum. As famílias eram chamadas de clãs.O uso de instrumentos de metal provocou um grande salto na produção agrícola. Os novos instrumentos permitiram produzir mais e melhor em menos tempo. Com isso as comunidades primitivas começaram a produzir mais do que necessitavam. Essa produção a mais chama-se excedente.Com o aumento da produção apareceu também a propriedade privada de terra, de ferramentas, animais, etc. Instalava-se com isso a desigualdade entre os homens e entre as tribos. Os proprietários passaram a explorar o trabalho dos outros. Surgiu a escravidão. Pela primeira vez, a sociedade dividiu-se em partes opostas: os donos de escravos e escravos. O mundo passou a ter um novo modo de produção – o escravismo – e novas relações sociais baseadas na desigualdade.

Alunos do 2º - Renascimento

Renascimento Cultural



Como já sabemos anteriomente que a intensificação do comércio e da produção artesanal resultou no desenvolvimento das cidades, no surgimento de uma nova classe social a burguesia e na posterior formação das monarquias nacionais. Estas transformações vieram acompanhadas de uma nova visão de mundo, que se manifestou na arte e na cultura de maneira de geral.

A cultura medieval se caracterizava pela religiosidade. A Igreja Católica, como vimos, controlava as manifestações culturais e dava uma interpretação religiosa para os fenômenos da natureza, da sociedade e da economia. A esta cultura deu-se o nome de teocêntrica (Deus no centro). A miséria, as tempestades, as pragas, as enchentes, as doenças e as más colheitas eram vistas como castigos de Deus. Assim como a riqueza, a saúde, as boas colheitas, o tempo bom, a fortuna eram bênçãos divinas. A própria posição que o indivíduo ocupava na sociedade (nobre, clérigo ou servo) tinha uma explicação religiosa.

A arte medieval, feita normalmente no interior das Igrejas, espelhava esta mentalidade. Pinturas e esculturas não tinham preocupações estéticas e sim pedagógicas: mostrar a miséria do mundo e a grandiosidade de Deus. As figuras eram rústicas, desproporcionais e acanhadas. Os quadros não tinham perspectiva. Como as obras de arte eram de autoria coletiva, o artista medieval é anônimo.

A literatura medieval era composta de textos teológicos, biografias de santos e histórias de cavalaria. Isto refletia o domínio da Igreja e da nobreza sobre a sociedade.

Essa visão de mundo não combinava com a experiência burguesa. Essa nova classe devia a sua posição social e econômica ao seu próprio esforço e não à vontade divina, como o nobre. O sucesso nos negócios dependia da observação, do raciocínio e do cálculo. Características que se opunham às explicações sobrenaturais, próprias da mentalidade medieval. Por outro lado, era uma classe social em ascensão, portanto otimista. Sua concepção de mundo era mais materialista. Queria usufruir na terra o resultado de seus esforços. E também claro que o comerciante burguês era essencialmente individualista. Quase sempre, o seu lucro implicava que outros tivessem prejuízo.

A visão de mundo da burguesia estará sintonizada com a renovação cultural ocorrida nos fins da Idade Média e no começo da Idade Moderna. A essa renovação denominamos Renascimento.



Características do Renascimento Cultural

O Renascimento significou uma nova arte, o advento do pensamento científico e uma nova literatura. Nelas estão presentes as seguintes características:

• Antropocentrismo (o homem no centro): valorização do homem como ser racional. Para os renascentistas o homem era visto como a mais bela e perfeita obra da natureza. Tem capacidade criadora e pode explicar os fenômenos à sua volta.

• Otimismo: os renascentistas acreditavam no progresso e na capacidade do homem de resolver problemas. Por essa razão apreciavam a beleza do mundo e tentavam captá-la em suas obras de arte.

• Racionalismo: tentativa de descobrir pela observação e pela experiência as leis que governam o mundo. A razão humana é a base do conhecimento. Isto se contrapunha ao conhecimento baseado na autoridade, na tradição e na inspiração de origem divina que marcou a cultura medieval.

• Humanismo: o humanista era o indivíduo que traduzia e estudava os textos antigos, principalmente gregos e romanos. Foi dessa inspiração clássica que nasceu a valorização do ser humano. Uma das características desses humanistas era a não especialização. Seus conhecimentos eram abrangentes.

• Hedonismo: valorização dos prazeres sensoriais. Esta visão se opunha à idéia medieval de associar o pecado aos bens e prazeres materiais.

• Individualismo: a afirmação do artista como criador individual da obra de arte se deu no Renascimento. O artista renascentista assinava suas obras, tomando­se famoso.

• Classicismo: inspiração na antiguidade clássica: os artistas renascentistas procuraram imitar a estética dos antigos gregos e romanos. O próprio termo Renascimento foi cunhado pelos contemporâneos do movimento, que pretendiam estar fazendo re­nascer aquela cultura, desaparecida durante a “Idade das Trevas” (Média).





Itália: o Berço do Renascimento



O Renascimento teve início e atingiu o seu maior brilho na Itália. Daí irradiou-se para outras partes da Europa. O pioneirismo italiano se explica por diversos fatores:

Século XIV (Trecento) surgiram as primeiras figuras do Renascimento, como, por exemplo, Giotto (na pintura), Dante Allighieri, Boccaccio e Francesco Petrarca (na literatura). No século XV (Quatrocento) a produção cultural atingiu uma grande intensidade. Mas foi no século XVI (Cinquecento) que o Renascimento atingiu o auge.



A Decadência do Renascimento Italiano

A decadência do Renascimento italiano pode ser explicada por diversos fatores. As lutas políticas internas entre as diversas cidadés-Estado e a intervenção das potências políticas da época (França, Espanha e Sacro Império Germânico), consumiram as riquezas da Itália.

Ao mesmo tempo, o comércio das cidades italianas entrou em franca decadência depois que a Espanha e Portugal passaram a liderar, através da rota do Atlântico, o comércio com o Oriente.



O Renascimento em outras parte da Europa

O renascimento comercial e urbano ocorreu em várias partes da Europa. Desta forma, criaram-se as condições para a renovação cultural, assim como ocorreu na Itália.

Nos Países Baixos, uma classe de ricos comerciantes e banqueiros estava ligada ao consumo e à produção de obras de arte e literatura. Um dos grandes pinto­res flamengos foi Brueghel, que viveu em Antuérpia. Ele pintou, principalmente, cenas da vida cotidiana, retratando o estilo de vida da classe burguesa em ascensão (A Dança do Casamento, de 1565). Destacaram-se ainda os irmãos pintores Hubert e Jan van Eyck (A Virgem e o Chanceler Rolin).

A crítica à intolerância do pensamento religioso medieval foi feita por Erasmo de Roterdan (1466-1529) com sua obra Elogio da Loucura.

Na França, o Renascimento teve importantes expoentes:

• na literatura e filosofia, Rabelais (1490-1 553), autor de Gargantua e Pantagruel, obra na qual critica a educação e as táticas militares medievais. Montaigne (1533-1592), autor de estudos filosóficos céticos intitulados Ensaios, nos quais o principal objeto de crítica é o clero.

• nas ciências, Ambroise Pare (1517-1590) destacou-se com estudos de medicina. Inventou uma nova técnica para sutura das veias.

Na Espanha, a forte influência da Igreja Católica e o clima repressivo da Contra-Reforma, dificultaram as inovações. Desta forma, as realizações culturais marcadamente renascentistas foram reduzidas.

Nas artes plásticas destacou-se El Greco (1575-1614), o grande pintor espanhol do Renascimento (O Enterro do Conde de Orgaz e A Visão Apocalíptica).

Na literatura, a Espanha produziu um dos maiores clássicos da humanidade. Trata-se de D. Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, obra na qual o personagem principal (D.Quixote) é um cavaleiro romântico que imagina estar vi­vendo em plena Idade Média. A metáfora é referente à decadência da cavalaria e ao conflito entre a mentalidade moderna e a medieval.

Na ciência, a Espanha contribuiu com Miguel de Servet, que se destacou pelo seus estudos da circulação do sangue.

Na Inglaterra, um dos principais expoentes do Renascimento foi Tomas Morus (1475-1535), autor de Utopia, obra que descreve as condições de vida da população de uma ilha imaginária, onde não havia classes sociais, pobreza e propriedade privada.

É também inglês o maior dramaturgo de todos os tempos, William Sheakspeare (1564-1616). Foi sob o reinado de Isabel 1 que Sheakspeare produziu a maioria de suas obras, dentre as quais destacam-se Hamlet, Ricardo III, Macbeth, Otelo e Romeu e Julieta.

Destaca-se ainda no Renascimento inglês, o filósofo Francis Bacon (1561-1626), autor de Novun Organun. Esse autor pode ser considerado um dos precursores do Iluminismo.

Em Portugal, o grande representante do renascimento literário foi Luís Vaz de Camões (1525-1580), autor de Os Lusíadas, poema épico que narra os grandes feitos da navegação portuguesa.

O teatro português renascentista foi imortalizado por Gil Vicente, autor das obras Trilogia das Barcas e a Farsa de Inês Pereira.

Na Alemanha, a pintura renascentista consagrou os nomes de Hans Holbein (1497-1553) e Albert Durer (1471-1528).