sábado, 12 de março de 2011

Imperialismo - 3º A Leitura de Apoio

Capitalismo Monopolista, Imperialismo e Neocolonialismo


De 1760 a 1830, a Revolução Industrial ficou limitada à Inglaterra, a oficina do mundo. Para manter a exclusividade, era proibido exportar maquinário e tecnologia. Mas a produção de equipa­mentos industriais superaria logo as possibilidades de consumo interno e não seria possível conter os interesses dos fabricantes. Além disso, as nações passaram a identificar o poderio de um país com seu desenvolvimento industrial. E o processo se difundiu pela Europa, Ásia e América.

A tecnologia industrial avançou, a população cresceu, os movimentos imigratórios se intensificaram. No fim do século XIX, sobreveio a primei­ra Grande Depressão (1873 - 1896), que fortaleceu as empresas pela centralização e concentração do capital. Iniciou-se aí nova fase do capitalismo, a fase monopolista ou financeira, que se desdobrou na exportação de capitais e no processo de colonização da África e da Ásia.



A Revolução Industrial se irradia



Em ritmo vertiginoso, como na Alemanha, ou retardado por razões políticas, como na França, o impacto da Revolução Industrial inglesa atingiu todas as partes do mundo.



Bélgica – Primeiro país da Europa a industrializar-se no século XIX. Dois ingleses criaram uma fábrica de tecidos em Liège já em 1807. Foi rápido o desenvolvimento, facilitado pela existência de carvão e ferro, pelo investimento de capitais ingleses e pela proximidade do mercado europeu.



Alemanha – Em ritmo acelerado a partir de 1870, a industrialização alemã se beneficiou da unificação nacional, da decidida proteção esta­tal, da atuação do capital bancário e do cresci­mento demográfico. A peculiaridade aqui está no casamento entre indústria e bancos, bem como no uso de técnicas que permitiram alto grau de racionalização.

A Alemanha já era grande produtora de carvão desde 1848. A siderurgia avançou, estimulada pelo desenvolvimento ferroviário. Na década de 1880, a indústria têxtil ameaçava superar a inglesa, devido à adoção de fibras sintéticas e novos corantes; destaque-se aqui a expansão da indústria química, ligada à pesquisa científica. No fim do século, graças a Werner Siemens, a indústria elétrica tomou grande impulso. Em 1914, a Ale­manha iria produzir 35 % da energia elétrica mundial, seguida por Estados Unidos (29%) e Inglaterra (16 %) .

França – A Revolução Francesa retardou o desenvolvimento econômico do país. A consolidação da pequena indústria e a tradição de produzir artigos de luxo dificultaram a grande concentração industrial. É difícil falar em Revolução Industrial francesa. Não houve arranque acelerado, mas lenta transformação das técnicas de produção e das estruturas industriais.

O processo se acelera a partir de 1848, com a adoção de medidas protecionistas, ou seja, impe­diu-se a importação de produtos industriais e estimulou-se a exportação. Assim mesmo; havia entraves ao avanço: houve retração demográfica no século XIX, com baixo índice de natalidade e lenta regressão na mortalidade; a estrutura agrária preservava a pequena propriedade, o que limitava o progresso tecnológico; faltava carvão e seu preço era o mais alto do mundo; os recursos iam para empréstimos públicos e investimentos no estrangeiro, em vez de ir para o setor produtivo.

A expansão industrial foi freada ainda pela prática do autofinanciamento, ou seja, a, o reinvestimento dos lucros na própria empresa, que preservava seu caráter familiar, limitado.



Itália – A unificação política e aduaneira impulsionou a industrialização, que arrancou no decênio de 1880-1890. O Estado reservou a produção de ferro e aço para a indústria nacional, favorecendo a criação da siderurgia moderna. A falta de carvão, ao elevar os custos, reduzia a competitividade no exterior. Protegida pelo Estado, a siderurgia se concentrava no norte e sua produção não era suficiente para o mercado inter­no, o que exigia importações. A indústria mecânica cresceu mais depressa, especialmente as de construção naval e ferroviária, máquinas têxteis e ligadas à eletrificação (motores, turbinas). A partir de 1905, a indústria automobilística de Turim conseguiu excelentes resultados.

Também protegida, a indústria têxtil era a única com capacidade de conquistar mercados externos. A falta de carvão estimulou a produção de energia elétrica. O problema mais grave estava na total concentração do processo de crescimento no norte, enquanto o sul permanecia agrário e atrasado.



Império Austro-Húngaro – Sua característica era a enorme mistura de povos e minorias nacionais. O desenvolvimento industrial se acelerou mais na ex-Tchecoslováquia (atuais Eslováquia e República Tcheca), sobretudo nos setores têxtil, de extração de carvão e siderurgia. Destacou-se a Skoda, famosa produtora de armas, material ferroviário, máquinas agrícolas, etc.







Suécia – Deu-se aqui um caso típico de rápido desenvolvimento ligado a pesados investi­mentos estrangeiros, principalmente alemães; o mecanismo se explica pelas relações entre grandes bancos suecos e alemães. Mais tarde, viriam os bancos franceses. A Suécia chegou a ter a dívida externa mais alta do mundo.

Na década de 1870, teve início a construção ferroviária. A partir dos anos de 1890, os alemães se voltaram para as minas de ferro, fundições e forjas. O aço de alta qualidade era exportado. Os franceses investiram mais em energia elétrica. Também tiveram importância a indústria madeireira e a química, como a de explosivos, controlada pelo grupo Nobel.



Rússia – A arrancada do último país da Europa a industrializar-se se deu entre 1890 e 1900, com taxa de crescimento industrial de 8% ao ano, jamais igualada pelo Ocidente. Motivos: participação do Estado, investimentos externos e presença de técnicos estrangeiros. A abolição da servidão em 1861 não mudou muito a estrutura agrária, baseada no mir, comunidade agrícola de culturas coletivas. A produtividade não cresceu, nem o poder aquisitivo dos agricultores; e não houve êxodo rural que fornecesse mão-de-obra excedente às indústrias.

O Estado exerceu papel importante. A compressão do consumo dos camponeses gerou excedentes de produtos agrícolas exportáveis, cujos rendimentos eram transformados em investimentos. Em 1913, metade do capital investido era estrangeira, com maior participação da França, Inglaterra, Alemanha, Bélgica e Estados Unidos. As indústrias de mineração tinham 91% de capital estrangeiro; as químicas, 50%; as metalúrgicas, 42%; a madeireira, 37%; e a têxtil, 28%.

Formaram-se gigantescos conglomerados, como o Cartel Prodameta, que controlava trinta siderúrgicas e metalúrgicas, com capital francês. Explorava-se carvão da rica bacia do Donetz. A produção de máquinas era ainda reduzida. A descoberta de petróleo no Cáucaso deu origem a grande exploração, dominada pelos Rothschild de Paris. Controlada por ingleses e alemães, a indústria têxtil respondia por um terço da produção russa.



Estados Unidos – Primeiro país a industrializar-se fora da Europa, a partir de 1843, em resultado da conquista do oeste e dos enormes recursos daí advindos; alguns autores preferem como marco a Segunda Revolução Americana, a Guerra de Secessão entre 1860 e 1865, momento em que a classe capitalista do norte aumentou sua fortuna financiando o governo federal, fornecendo provisões aos exércitos e desenvolvendo a indústria ligada às necessidades do conflito. O resultado foi a consolidação do capitalismo industrial, representado politicamente pelos republica­nos. Não foi por acaso que, enquanto a abolição da escravatura destruía a economia sulista, o protecionismo alfandegário, a legislação bancária, a construção de estradas de ferro e a legislação trabalhista garantiam a supremacia do norte e de sua economia industrial.

Depois da guerra, o país tinha território unificado, rede de transportes em expansão, população crescente, poucas diferenças sociais. Isso permitia a produção para o consumo de massa, o que facilitava a racionalização da economia. O país dependia de seu próprio mercado, pois exportava apenas 10% do que produzia a Inglaterra, por exemplo, exportava 52%. Daí o caráter fortemente protecionista da industrialização americana. O dinamismo do país atraiu capitais europeus, que se voltaram para setores estratégicos, como ferro­vias. A descoberta de ouro na Califórnia acelerou ainda mais á economia,

Em 1890, algodão, trigo, carne e petróleo contribuíam com 75 % dá exportação. O beneficiamento de produtos agrícolas foi a primeira grande indústria; ás siderúrgicas e indústrias mecânicas superaram o setor agrícola apenas no início do século XX. Sua característica era a formação de enormes empresas, que produziam ferro, carvão, produtos siderúrgicos e ferroviários.

Em 1913, os americanos assumiriam á lide­rança na produção de ferro, carvão, aço, cobre, chumbo, zinco e alumínio. A indústria mecânica avançou, sobretudo á automobilística, com métodos racionais desenvolvidos pela Ford. A indústria têxtil deslocou-se para o sul. A elétrica, estimulada pelas investigações científicas que resultaram na fundação da Edison Electric Company, criaram filiais em vários países, como Itália e Alemanha.



Japão – Na Ásia, foi o país que mais depressa implantou sua Revolução Industrial. Até meados do século XIX, o Japão vivia fechado, com sua sociedade dominada por uma aristocracia feudal que explorava a massa de camponeses. Desde 1192, o imperador tinha poder simbólico; quem o exercia era o Shogum, supremo comandante militar. A economia monetária vinha se acentuando desde o século XVIII e á pressão dos Estados Unidos forçou em 1852 a abertura dos portos aos estrangeiros, atendendo a interesses de expansão dá indústria americana. O ponto de partida para ás grandes transformações foi o ano de 1868, com a Revolução Meiji (Luzes). Com apoio estrangeiro, o imperador tomou o poder do Shogum e passou á incorporar á tecnologia ocidental, para modernizar o Japão.

A Revolução Meiji aboliu o feudalismo, com finalidade nem tanto de melhorar a vida servil dos camponeses más de torná-los mais produtivos. A fortuna dos grandes comerciantes e proprietários aumentou, em prejuízo dos aposenta­dos e pequenos lavradores. A criação de um exército de trabalhadores, devido ao crescimento populacional, permitiu uma política de preços baixos, o dumping, favorável à competição no mercado externo.

Um aspecto importante foi a acumulação de capital nacional, decorrente dá forte atuação do Estado, que concedeu patentes e exclusividades e integrou os investimentos. Depois de desenvolver as indústrias, o Estado as transferia a particulares em condições vantajosas de pagamento. Forma­ram-se assim grandes concentrações industriais, zaibatsu, pois 40% de todos os depósitos bancários, 60% da indústria têxtil, 60% da indústria militar, a maior parte da energia elétrica, a indústria de papel e a de construção naval eram controlados por apenas quatro famílias: Sumitomo, Mitsubishi, Yasuda e Mitsui. A indústria pesada avançou devagar pela falta de carvão e ferro. Os recursos hidrelétricos foram explorados a partir de 1891. No início do século XX, a siderurgia deu um salto, criando a base para a expansão da indústria naval.

O Estado, assentado na burguesia mercantil e na classe dos proprietários, tinha apoio dos militares, que pretendiam construir o Grande Japão. O pequeno mercado interno impôs a busca de mercados externos e uma política agressiva, iniciada com a guerra contra a China (1894-1895), que proporcionou enorme indenização ao Japão. O mesmo aconteceu após a guerra contra a Rússia (1904-1905). A I Guerra Mundial (1914-1918) abriu espaços no mercado asiático, imediatamente ocupados pelo Japão.



Mudanças na estrutura industrial



As mudanças na estrutura da produção industrial foram tão aceleradas a partir de 1870, que se pode falar de uma Segunda Revolução Industrial. E a época em que se usam novas formas de energia: eletricidade, petróleo; de grandes inventos: motor a explosão, telégrafo, corantes sintéticos; e de intensa concentração industrial. A grande diferença em relação à primeira fase da Revolução Industrial era o estreito relacionamento entre ciência e técnica, entre laboratório e fábrica. A aplicação da ciência se impunha pela necessidade de reduzir custos, com vistas à produção em massa. O capitalismo de concorrência foi o grande propulsor dos avanços técnicos.

Novas fontes de energia foram substituindo o vapor. Já se conhecia a eletricidade por experiências em laboratório: Volta, em 1800 e Faraday, em 1831. O uso industrial dependia da redução do custo e, acima de tudo, da transmissão a distância. O invento da lâmpada incandescente por Edison em 1879 provocou uma revolução no sistema de iluminação.

Já se usava o petróleo em iluminação desde 1853. Em 1859, Rockefeller havia instalado a primeira refinaria em Cleveland. Com a invenção do motor de combustão interna pelo alemão Daimler em 1883, ampliou-se o uso do petróleo. A primeira fase da Revolução Industrial tinha se concentrado na produção de bens de consumo, especialmente têxteis de algodão; na segunda fase, tudo passou a girar em torno da indústria pesada. A produção de aço estimulou a corrida armamentista, aumentando a tensão militar e política. Novas invenções permitiram aproveitar minerais mais pobres em ferro e ricos em fósforo. A produção de aço superou a de ferro e seu preço baixou. O descobrimento dos processos eletrolíticos estimulou a produção de alumínio.



Na indústria química, houve grande avanço com a obtenção de métodos mais baratos para produzir soda cáustica e ácido sulfúrico, importantes para vulcanizar a borracha e fabricar papel e explosivos. Os corantes sintéticos, a partir do carvão, tiveram impacto sobre a indústria têxtil e reduziram bastante a produção de corantes naturais, como o anil.

O desenvolvimento dos meios de transporte representou uma revolução à parte. A maioria dos países que se industrializavam elegeu as ferrovias como o maior investimento. Elas em­pregavam 2 milhões de pessoas em todo o mundo em 1860. No final dessa década, somente os Estados Unidos tinham 93 000 quilômetros de trilhos; a Europa, 104 000, cabendo 22 000 à Inglaterra, 20 000 à Alemanha e 18 000 à França. A construção exigiu a mobilização de capitais, através de bancos e companhias por ações, e teve efeito multiplicador, pois aqueceu a produção de ferro, cimento, dormentes, locomotivas, vagões. O barateamento do transporte facilitou a ida dos trabalhadores para as vilas e cidades. Contribuiu, assim, para a urbanização e o êxodo rural. As nações aumentaram seu poderio militar, pois podiam deslocar mais depressa suas tropas. Ninguém poderia imaginar tal mudança quando Stephenson construiu a primeira linha em 1825, de Stockton a Darlington, na Inglaterra.

Depois que Fulton inventou o barco a vapor em 1808, também a navegação marítima se trans­formou. As ligações transoceânicas ganharam impulso em 1838, com a invenção da hélice. Os clíperes, movidos a vela, perderam lugar para os novos barcos, que cruzavam o Atlântico na linha Europa - Estados Unidos em apenas dezessete dias.



A Grande Depressão



A primeira grande crise do capitalismo, a Grande Depressão, começou por volta de 1873 e só terminou em 1896. O ciclo da crise é marcado pelas seguintes fases:

_ expansão: aumenta a produção, diminui o desemprego, crescem salários e lucros, ampliam­se as instalações e os empresários têm atitude otimista;

_ recessão: a empresa não usa toda a sua capacidade produtiva, o que aumenta os custos e provoca a alta da taxa de juros; os empresários temem investir em excesso;

_ contração: caem os investimentos, os empregados da indústria de bens de capital (indústria pesada) são demitidos, diminui o poder aquisitivo da população, os bancos reduzem os empréstimos, os empresários tomam todo cuidado com o custo da produção, têm postura pessimista;

_ revitalização: os preços baixam demais, estimulando alguns a comprar; os estoques se esgotam logo; os preços tendem a subir; os industriais recuperam a confiança e retomam o investimento em instalações.

A crise de 1873 - 1896 tem explicação estrutural. A organização dos trabalhadores, isto é, o aparecimento dos sindicatos nacionais, resultou em aumento real de salários entre 1860 e 1874. Por isso, os empresários preferiram in­vestir em tecnologia, para aumentar a produção com menos trabalhadores. De um lado, produção e lucros se mantiveram; de outro, declinou a massa global de salários pagos, determinando a recessão do mercado consumidor. Os capitais disponíveis não poderiam ser investidos na Europa, pois a produção aumentaria e os preços cairiam. Teriam de ser aplicados fora, através de empréstimos com juros elevados ou na construção de ferrovias.

A crise eliminou as empresas mais fracas. As fortes tiveram de racionalizar a produção: o capitalismo entrou em nova fase, a fase monopolista. Sua característica é o imperialismo, cujo desdobramento mais visível foi a expansão colonialista do século XIX, assunto do próximo capítulo. O imperialismo, por sua vez, caracteriza-se por:

_ forte concentração dos capitais, criando os monopólios;

_ fusão do capital bancário com o capital industrial;

_ exportação de capitais, que supera a exportação de mercadorias;

_ surgimento de monopólios internacionais que partilham o mundo entre si.



Formas de monopólio nesta etapa do capitalismo:



Truste – Um grupo econômico domina várias unidades produtivas; nos trustes horizontais, reúnem-se vários tipos de empresa que fabricam o mesmo produto; nos verticais, uma empresa domina unidades produtivas estratégicas por exemplo, da mineração do ferro e carvão à fabricação de locomotivas, passando pela siderurgia;

Cartel – Empresas poderosas, conservando sua autonomia, combinam repartir o mercado e ditam os preços dos produtos que fabricam;

Holding – Uma empresa central, geralmente uma financeira, detém o controle das ações de várias outras empresas.

A colonização portuguesa e espanhola do século XVI havia se limitado à América. Com raras exceções, as terras africanas e asiáticas não foram ocupadas. Ali, os europeus limitaram-se ao comércio, principalmente o de especiarias. Por isso, no século XIX, havia grandes extensões de terras desconhecidas nos dois continentes, que Portugal e Espanha não tinham condições de explorar. Começou então nova corrida colonial de outras potências européias, sobretudo as que haviam passado por uma transformação industrial, como Inglaterra, Bélgica, França, Alemanha e Itália.



Os motivos do neocolonialismo



No século XVI, o objetivo colonialista era encontrar metais preciosos e mercados abastece­dores de produtos tropicais e consumidores de manufaturas européias. O interesse concentrou­-se na América.

São mais complexos os fatores que explicam o renascimento colonialista do século XIX: claro que havia, sobretudo, interesses econômicos; mas a eles se juntaram outros, sociais, políticos e até religiosos e culturais.

Nessa época, vários países europeus passavam pela Revolução Industrial. Precisavam encontrar fontes de matéria-prima (carvão, ferro, petróleo) e de produtos alimentícios que faltavam em suas terras. Também precisavam de mercados consumidores para seus excedentes industriais, além de novas regiões para investir os capitais disponíveis construindo ferrovias ou explorando minas, por exemplo.

Tal mecanismo era indispensável para aliviar a Europa dos capitais excedentes. Se eles fossem investidos na Europa, agravariam a Grande De­pressão e intensificariam a tendência dos países europeus industrializados de adotar medidas protecionistas, fechando seus mercados e tornando a situação ainda mais difícil. Some-se a tudo isso o crescimento acelerado da população européia, necessitada de novas terras para estabelecer-se. No plano político, cada Estado europeu estava preocupado em aumentar seus contingentes militares, para fortalecer sua posição entre as demais potências. Possuindo colônias, disporiam de mais recursos e mais homens para seus exércitos. Tal era a política de prestígio, característica da França, que buscava compensar as perdas na Europa, especialmente a Alsácia-Lorena, para os alemães. Ter colônias significava ter portos de escala e abastecimento de carvão para os navios mercantes e militares distribuídos pelo planeta.

Já os missionários se encaixavam nos fatores religiosos e culturais. Eles desejavam converter africanos e asiáticos. Havia gente que considerava mesmo dever dos europeus difundir sua civilização entre povos que julgavam primitivos e atrasados. Tratava-se mais de pretexto para justificar a colonização. Uma meta dos evangelizadores era o combate à escravidão. Dentre eles, destacaram-se Robert Moffat e Livingstone. Suas ações, em suma, resultaram na preparação do terreno para o avanço do imperialismo no mundo afro-asiático.

Também teve importância o movimento intelectual e científico. As associações geográficas chegaram a reunir 30 000 sócios, 9 000 somente na França. Famosos exploradores abriram caminho da mesma forma que os missionários: Savorgnan de Brazza, Morton, Stanley, Karl Petersoon, Nachtigal. É importante notar o desenvolvimento de ideologias racistas que, partindo das teorias de Darwin, afirmavam a superioridade da raça branca.



A partilha da África



Em 1830, a França invadiu a África e iniciou a conquista da Argélia, completada em 1857. Dez anos mais tarde, Leopoldo II da Bélgica deu novo impulso ao colonialismo ao reunirem Bruxelas, a capital, um congresso de presidentes de sociedades geográficas, para difundir a civilização ocidental dizia o rei; mas os interesses eram econômicos. Dali resultaram a Associação Inter­nacional Africana e o Grupo de Estudos do Alto Congo, que iniciaram a exploração e a conquista do Congo. Leopoldo era um dos principais contribuintes das entidades, financiadas por capitais particulares.

Outros países europeus se lançaram à aventura africana. A França, depois da Argélia, rapidamente conquistou Tunísia, África Ocidental Francesa, África Equatorial Francesa, Costa Francesa dos Somalis e Madagascar. A Inglaterra dominou Egito, Sudão Anglo-Egípcio, África Oriental Inglesa, Rodésia, União Sul-Africana, Nigéria, Costa do Ouro e Serra Leoa. A Alemanha tomou Camarões, Sudoeste Africano e África Oriental Alemã. A Itália conquistou Eritréia, Somália Italiana e o litoral da Líbia. Porções reduzidas couberam aos antigos colonizadores: a Espanha ficou com Marrocos Espanhol, Rio de Ouro e Guiné Espanhola; Portugal, com Moçambique, Angola e Guiné Portuguesa.

O ponto de partida para a corrida foi a Conferência de Berlim (1884 - 1885), proposta por Bismarck e Jules Ferry. Seu objetivo principal foi legalizar a posse do Congo por Leopoldo II.



A Europa ocupa tudo



Os investimentos em ferrovias abriram o mercado asiático para os produtos ocidentais e, no século XIX, finalmente os países do Ocidente passaram do simples comércio praticado nos por­tos à política de zonas de influência. Promoveram então uma verdadeira partilha do Oriente.

A Rússia era o país mais interessado em expandir-se para o oriente. Depois da ferrovia Moscou-Vladivostok, ela se chocou com a Inglaterra na Ásia Central e com o Japão na Manchúria.

Em 1763, os ingleses haviam tomado a Índia aos franceses e encarregado uma companhia de explorá-la. Em 1858, revoltaram-se os cipaios, nativos que serviam nos exércitos coloniais. A Índia foi então integrada ao Império Britânico. Na China, a Guerra do Ópio (1840-42) permitiu a conquista de Hong-Kong, Xangai e Nanquim. Uma associação secreta, a Sociedade dos Boxers, reagiu à invasão, promovendo atentados contra os estrangeiros; tinha apoio do governo chinês. As potências européias organizaram uma expedição conjunta, o que provocou a Guerra dos Boxers. Depois dela, as potências ocidentais dominaram a China inteira.

Os japoneses ocuparam a Coréia; os alemães, a Península de Shantung; os franceses, a Indochina. Os Estados Unidos estabeleceram um protetorado no Havaí e ocuparam Pearl Harbour. Em 1898, anexaram Havaí, Guam, Ilhas Marianas e Filipinas. Na América, ocuparam Porto Rico e, após guerra contra a Espanha, estabeleceram um protetorado em Cuba.

Em 1914, 60% das terras e 65 % da população do mundo dependiam da Europa. Suas potências tinham anexado 90% da África, 99% da Oceania e 56% da Ásia.



A administração neocolonialista



Nas áreas de dominação francesa, havia dois tipos básicos de ligação com a metrópole:



1. Colônia, ficava sob supervisão direta do Ministério das Colônias, com administração de um governador-geral, responsável por toda a atividade colonial;

2. Protetorado, bastante autônomo, administrado por gente da região, com supervisão de um representante da metrópole.



Entre os ingleses, havia mais variedade administrativa:



1. Colônia da Coroa, dependia diretamente do Escritório Colonial da metrópole;

2. Colônia, com certo grau de autonomia, tinha Parlamento eleito;

3. Domínio, praticamente independente, exceto no tocante às relações estrangeiras e à defesa.

A administração colonial dos outros países era semelhante à dos franceses e ingleses.



Política de espoliação



Foram os ingleses que organizaram melhor o sistema de exploração colonial. A extensão do império lhes proporcionou extraordinária variedade de recursos, humanos e materiais. A política econômica liberal, que vigorou na Inglaterra a partir de 1850, estendeu-se às colônias.

Já a política francesa tarifária (de aumento dos impostos) variava de acordo com a colônia e com o tipo de produtos que ela gerava e consumia.

A ocupação das colônias criou sérios problemas administrativos, pois os colonos vindos da metrópole queriam terras, o que só seria possível se eles as tomassem dos habitantes do país. Foi o que fizeram. Os europeus confisca­ram as terras diretamente ou usaram regiões em disponibilidade ou, ainda, forçaram tribos nômades a fixar-se em territórios específicos. Para encorajar a colonização, a metrópole concedeu a exploração das terras a particulares ou a grandes companhias que tivessem condições de realizar grandes empreendimentos, de rendimento elevado.

Para evitar toda concorrência, a metrópole só permitia indústria extrativa, mineral e vegetal. Mesmo assim, a indústria colonial progrediu, impulsionada pela abundância de matéria-prima e mão-de-obra.

A colonização, na medida em que representou a ocidentalização do mundo, destruiu estruturas tradicionais, que muitas vezes não se recompuseram, e nada construiu em seu lugar. Na Índia, o artesanato desapareceu. No Congo, os belgas obrigaram as populações nativas a executar trabalhos forçados e a pagar impostos. Na Argélia, a fim de liberar mão-de-obra, os franceses destruíram a propriedade coletiva do solo e o trabalho comunitário, o que levou muitas pessoas à fome e à indigência.



Imperialismo: a supremacia inglesa na Era Vitoriana



A indiscutível supremacia da Inglaterra -na Europa do século XIX atingiu seu apogeu entre -1850 e 1875. O país, que havia iniciado sua Revolução Industrial mais de cem anos antes, colocou-se quase um século na frente dos demais Estados europeus. Somente na segunda metade do século XIX foi que França, Itália e Alemanha começaram a avançar, mas não o suficiente para abalar a hegemonia inglesa.

A Inglaterra enviava homens, capitais, car­vão, tecidos e máquinas para o mundo inteiro. A supremacia naval completava a supremacia econômica. As camadas médias prosperavam, e seu papel político ganhava importância. Londres era a maior cidade do mundo, e o Parlamentarismo, um regime político estável, maleável para que as reformas se antecipassem às necessidades sociais. Assim, a Inglaterra evitou as agitações que assolaram a Europa dos fins do século XVIII ao século XIX.

A união de desenvolvimento econômico com progresso social e estabilidade política criou condições para a formação de um vasto império colonial na América, África e Ásia.

A dinastia Hannover, surgida no início do século XVIII, teve na rainha Vitória (1837-1901) o grande símbolo da virtude e da perseverança inglesas. Ela governou o país durante o período de supremacia britânica, por isso mesmo chamado de Era Vitoriana.



Evolução econômica



Depois de 1815, quando terminaram as guerras com a França, a agricultura inglesa entrou em crise. A paz trouxe a queda de preços dos cereais; os pequenos proprietários tiveram de vender suas terras. A concentração de propriedades deu origem a uma agricultura intensiva, dotada de moderna tecnologia. Os grandes proprietários, controlando o poder político, fizeram aprovar leis para impedir a importação e manter altos os preços no país: as Leis dos Cereais (Corn Laws).

O crescimento da indústria e da importância dos industriais mudou tal situação. Com cereais caros; eles tinham de pagar salários mais altos, o que diminuía seus lucros. Portanto, defendiam a livre importação de cereais. A campanha pela extinção das Corn Laws começou por iniciativa de Cobden, industrial que pregava o livre­cambismo, ou liberdade de troca, como forma de baratear os alimentos e matérias-primas industriais, bem como de abrir mercados para os produtos industrializados ingleses. Entre 1848 e 1852, todas as leis restritivas foram abolidas, inclusive os Atos de Navegação, baixados no século XVII.

A Inglaterra consolidou então sua hegemonia comercial em todo o mundo. Controlava 80% da construção de navios de ferro. Sua frota mercante representava 60% da tonelagem mundial. Soma­dos, o comércio francês e o alemão representavam menos de 80% do comércio inglês, em 1870. A Inglaterra comprava alimentos e matérias-primas e exportava para todos os continentes produtos industrializados e capitais.

A concentração industrial do norte e oeste, perto das bacias carboníferas e dos grandes por­tos, fez nascer a lnglaterra Negra em oposição à Inglaterra Verde do sul e sudoeste; dominada pela agropecuária. Em 1870, o país produzia dois terços do carvão mundial. A indústria metalúrgica concentrava-se em Birmingham e Sheffield. A expansão estava ligada ao desenvolvimento da indústria ferroviária e a novos métodos de obtenção de aço.

A partir de 1890, começaram a surgir grandes concentrações industriais, como forma de conter a concorrência: reuniam siderúrgicas, empresas de mineração e de construção naval. Londres era o primeiro mercado mundial de lã; Leeds e Bradford processavam a matéria-prima importa­da. Cresceu a indústria têxtil do algodão. Seu centro era Manchester, que recebia fibra da América e exportava tecido, sobretudo para o Extremo Oriente. Em 1850, essa exportação representava metade da exportação inglesa global.

A abundância de carvão impediu o desenvolvimento hidrelétrico. A química também estava em atraso, porque a Inglaterra recebia da Alemanha quase todo o corante de que precisava.



Problemas sociais



Um traço marcante foi o acelerado crescimento demográfica. Havia 11 milhões de ingleses no início do século XIX; em 1870, eles eram 26 milhões, graças à queda da mortalidade, conseqüência do progresso da medicina e da melhoria de condições de higiene, junto com o aumento da natalidade. O êxodo rural superlotou as cidades, que em 1870 concentravam 70% da população. Londres tinha mais de 3 milhões de habitantes.

Surgiram problemas. O excesso de mão-de-obra comprimiu os salários. Os trabalhadores viviam em subúrbios miseráveis. Cresceu a ten­são social, e as leis se tornaram mais severas. A classe trabalhadora reagiu de diferentes formas. Primeiro, houve tentativas de greves gerais, que falharam porque os operários não tinham condições de sustentar-se durante as paralisações. Os sindicatos trataram de constituir-se como organizações defensoras dos interesses de classe.

Entre 1870 e 1880, os sindicatos conseguiram para os operários igualdade perante a lei, direito de greve, regulamentação do horário de trabalho e a responsabilidade patronal em caso de acidente de trabalho. Outra solução para a questão social foi a emigração. A Inglaterra tornou-se o grande celeiro de emigrantes do século XIX.

No topo da sociedade, continuava a dominar a aristocracia fundiária, uma classe fechada mas receptiva à chegada dos ricos burgueses, industriais ou comerciais. Desta fusão, resultava uma elite poderosa, diferenciada do ponto de vista econômico, não do nascimento.



Trajetória política



A partir de 1850, conservadores e liberais se alternaram no poder. Depois do governo do liberal Palmerston, preocupado com questões externas, os dois grandes líderes políticos foram: Gladstone, liberal, pacifista, religioso, e Disraeli, conservador, defensor da monarquia democrática e da expansão do império.

Em 1867, Disraeli adotou uma lei eleitoral que beneficiou a Inglaterra industrial, ou seja, os setores novos da sociedade.



A questão da Irlanda



Dominada pela Inglaterra fazia séculos, a Irlanda jamais se havia deixado subjugar completamente. De língua céltica e religião católica (exceto no Ulster, ao nordeste), opunha-se aos ingleses que exploravam seus pequenos proprietários e lhes tomavam as terras, em caso de atraso no pagamento de tributos. A situação se agravou na Grande Fome (1846-47), quando a Irlanda perdeu 3 milhões de habitantes, mortos ou emigrados. Um grupo de tendências radicais dominou então o país.

Pela Associação Católica, O’Connel foi eleito em 1829 para o Parlamento, como representante da Irlanda. Com apoio de Gladstone, ele defendeu um governo autônomo para a Irlanda, sem resultado. Sobrevieram atentados, que o governo britânico reprimiu duramente. A sociedade secreta dos Fenianos, com apoio de emigrados nos Estados Unidos, tentou sublevar o país em 1867. A questão continuaria pelo século XX afora, mesmo depois que a Irlanda conseguiu independência parcial.



O Império Britânico



Os ingleses se expandiram por meios pacíficos ou belicosos. No início do século XX, o Império Britânico tinha 400 milhões de habitantes, em 35 milhões de km2 de terras na América, Ásia, Oceania e África.

Tornou-se importante controlar os mares. Superior a qualquer outra marinha européia, a inglesa dominava posições estratégicas no Mediterrâneo, Atlântico, Índico, no sul da África e nas rotas Índia-China e Mediterrâneo-Índia.

Depois de 1815, os ingleses se haviam apossa­do da Índia, Egito, Sudão, Nigéria, quase todo o sul africano; conquistaram e colonizaram a Austrália e a Nova Zelândia; impuseram sua tutela à Birmânia, Beluchistão, Mesopotâmia e Palestina.



Os domínios



As formas de ocupação variavam, mas havia essencialmente dois tipos de colônia: as de comércio, nos trópicos; e as de povoamento, nas regiões temperadas. Os traços mais gerais do colonialismo inglês foram:

_ liberalismo econômico, em substituição ao monopólio;

_ a abolição do tráfico de escravos, em 1807; _ a abolição da escravidão, em 1833;

_ a autonomia considerável nas colônias em que predominava a população branca, como no Canadá.

As unidades autônomas eram chamadas domínios. Entre eles e a metrópole as relações acabaram sendo de igual para igual, pois, com o tempo, o Império se transformaria em federação de Estados livres, ligados apenas por interesses econômicos: a Commonwealth, ou Comunidade das Nações.

Nas colônias de exploração comercial, o regi­me variava. Algumas eram administradas direta­mente pelo Estado inglês e outras, confiadas a companhias que detinham algum monopólio.

A Índia é um exemplo característico da colonização britânica. A conquista deu-se entre 1798 e 1849. Os ingleses respeitaram os costumes locais e construíram ferrovias. Em 1857, com a revolta dos cipaios, os soldados indígenas, seguiram-se dezoito meses de combates e represálias sangrentos. Para evitar novos problemas, a Inglaterra reorganizou o país. A Companhia das Índias perdeu seus privilégios. E funcionários designados pelo governo britânico passaram a administrar a Índia.









O progresso científico



A organização mais eficiente do trabalho acelerou o progresso científico. Antes, os pesquisa­dores eram em geral amadores. A Revolução Francesa criou museus e escolas politécnicas, com ensino de Ciências. A aplicação dos conhecimentos estimulou novos inventos, que levaram a novas pesquisas e descobertas.

Durante a Revolução e o Império surgiram na França matemáticos ilustres, como Lagrange, Monge e Laplace. Na Física, os resultados mais significativos ocorreram no campo da óptica, da teoria do calor e da eletricidade. Fresnel demonstrou que a luz é uma vibração que se propaga por ondas. Carnot, estudando o rendimento das má­quinas a vapor, estabeleceu os princípios funda­mentais da termodinâmica em 1824.

Em 1800, o italiano Volta inventou a pilha elétrica, geradora de corrente contínua. Ampère estabeleceu os princípios que tornaram possível o desenvolvimento técnico da eletricidade: ele formulou as leis do eletromagnetismo, demonstrando a existência de certa identidade entre os fenômenos elétricos e magnéticos, e construiu o eletroímã.

O inglês Faraday descobriu as correntes de indução, fontes de inumeráveis aplicações práticas. Em 1889, o alemão Hertz mostrou que as oscilações elétricas propagavam-se no espaço através de ondas, como a luz. O francês Becquerel descobriu, em 1896, os fenômenos radiativos: a propriedade de certos corpos de emitir radiações. Em 1900, Pierre Curie e sua mulher Marie, poloneses radicados na França, isolaram o mais pode­roso corpo radiativo: o rádio.

Químicos e naturalistas aprofundaram o conhecimento sobre a matéria e a vida. Descobriram numerosos elementos químicos, como potássio, sódio, bromo; agruparam as substâncias de acordo com suas propriedades e classificaram-nas em sais, ácidos e óxidos, com enorme utilidade para a metalurgia. A criação da química orgânica enriqueceu a química mineral. Gay-Lussac, grande representante da escola francesa, descobriu o iodo. Os trabalhos de Berthelot derrubaram as barreiras entre química mineral e orgânica, trazendo soluções ao problema da síntese orgânica.

Em 1833, o alemão Gauss inventou o telégrafo elétrico; o americano Morse criou o aparelho transmissor em 1835. No fim da década, a partir dos trabalhos de Daguerre, surgiu a fotografia.

Em Paris, o Museu de História Natural tornou-se centro de pesquisadores ilustres, como Cuvier, fundador da paleontologia, e Lamarck, estudioso da influência do meio nas modificações dos seres vivos. Em 1859, o inglês Darwin publicou Origem das Espécies, dando início à teoria evolucionista.

Claude Bernard afirmava que os fenômenos biológicos obedeciam às mesmas leis que regiam os corpos inanimados. Para demonstrar tal teoria, usou o método experimental, até ali exclusivo para fenômenos físicos. Pasteur descobriu que a fermentação e as doenças infecciosas resultavam da ação de seres vivos, micróbios e bactérias. Isolou-os e cultivou-os artificialmente. Isto permitiu a fabricação de vacinas, importantes na prevenção de doenças infecciosas.

As ciências humanas avançaram, destacada­mente a Geografia e a História. Michelet, Guizot e Therry procuraram recriar uma imagem viva do passado; Alexis de Tocqueville salientou a importância dos aspectos econômicos e sociais na com­preensão da História. Com Fustel de Coulanges, a História adquiriu rigor minucioso: ele estudou a Gália, os capetíngios e os carolíngios.

Com Vidal de la Blache, a Geografia adquire novas dimensões. No campo da Psicologia, os franceses Janet e Dumas estudaram os automatismos. O estudo de doenças mentais, especialmente o de Charcot, levaram Freud à exploração do inconsciente e à criação da psicanálise.

A partir de Auguste Comte, pai do positivismo, a sociologia procurou determinar as leis que regem os fenômenos sociais, mostrar sua influência sobre a mentalidade individual e as representações coletivas, transformando a consciência moral em imperativo dos grupos sociais - negando o sentido universal dos valores morais. Representantes desta escola foram Durkheim, autor de O Suicídio (1897), e Lévy-Bruhl.

No fim do século, o racionalismo estreito bateu em retirada. O francês Bergson contribuiu para tanto, com sua tese de 1889, que procurava forças vivas do pensamento, por oposição às construções artificiais da inteligência. O alemão Nietzsche exaltou a superioridade dos valores vitais em face da ciência e da razão. O americano William James desenvolveu o pragmatismo, empirismo radical segundo o qual uma verdade é uma ação que tem êxito.

terça-feira, 1 de março de 2011

Matéria do 1º Ano - Pré-História

Pré-História

Do ponto de vista formal, a expressão “pré-história” designa tudo que houve antes da história humana se desenrolar. Na prática, esse mesmo termo abarca o período que vai desde o surgimento da vida da Terra, a evolução da espécie humana, indo até o aparecimento da escrita. Dessa forma, percebemos uma curiosa contradição: como o termo pré-história é utilizado para se definir um tempo em que os seres humanos já existiam na Terra?

Para compreender essa contradição, devemos conhecer quem foram os responsáveis pela existência do padrão que convenciona o período pré-histórico. Tal concepção apareceu precisamente junto aos historiadores do século XIX, que acreditavam que o estudo do passado só era possível por meio de documentos escritos. Dessa forma, julgavam que a compreensão do passado pré-histórico não poderia se sustentar em bases verdadeiras.

Atualmente, esse tipo de compreensão acabou perdendo espaço para outras formas de recuperação do passado. Muitos historiadores passaram a ver que as fontes que documentam o passado não se resumem aos documentos escritos. As manifestações artísticas, a oralidade, a cultura material e outros vestígios podem se entregar no entendimento do passado. Com isso, o mundo pré-histórico deixou de ser visto como um tempo “destituído de história”.

Sem dúvida, a compreensão desse tempo da história humana é cercada por desafios de compreensão imensuráveis. A escassez de documentos impele os pesquisadores a se valerem dos mais diversificados campos de conhecimento para tentarem promover a retomada das primeiras ações do homem na Terra. Não se restringindo ao ato interpretativo do historiador, o estudo da Pré-História ainda conta com o apoio de antropólogos, físicos, arqueólogos, biólogos, químicos e paleontólogos.

Dessa forma, não há como negar a riqueza de informações desse ramo de conhecimento que trilha as conquistas do homem sobre a natureza. A construção de utensílios, as primeiras habitações, o desenvolvimento da arte rupestre e o domínio da agricultura são alguns dos outros assuntos que integram essa incrível época. Entre as três divisões do período (Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais), se acumula uma vasta e curiosa gama de informações históricas.



Período Paleolítico

Período conhecido como o mais extenso período da história humana, o Período Paleolítico abrange uma datação bastante variada que vai de 2,7 milhões de anos até 10.000 a.C.. Desprovido de técnicas muito sofisticadas, os grupos humanos dessa época desenvolviam hábitos e técnicas que facilitavam sua sobrevivência em meio às hostilidades impostas pela natureza.

Nesse período, as baixas temperaturas da Terra obrigavam o homem do Paleolítico a viver sob a proteção das cavernas. Uma das mais importantes descobertas dessa época foi o fogo. Com esse poderoso instrumento, os homens pré-históricos alcançaram melhores condições de sobrevivência mediante as severas condições climáticas. Além disso, o domínio do fogo modificou os hábitos alimentares humanos, com a introdução da caça e vegetais cozidos.

Sem contar com técnicas de produção agrícola, o homem vivia deslocando-se por diversos territórios. Praticantes do nomadismo, os grupos paleolíticos utilizavam dos recursos naturais à sua volta. Depois de consumi-los, migravam para regiões que apresentavam maior disponibilidade de frutas, caça e pesca. Para fabricar suas armas e utensílios, os homens faziam uso de osso, madeira, marfim e pedra. Devido a essas características da cultura material do período, também costumamos chamar o Paleolítico de Período da Pedra Lascada.

Por volta de 40 mil anos, os povos do paleolítico começaram a viver em grupos mais populosos. Ao mesmo tempo, começaram a criar novas moradias feitas a partir de gravetos e peles de animal. Uma das grandes fontes de compreensão desse período é encontrada nas paredes das cavernas, onde se situam as chamadas pinturas rupestres. Nelas temos informações sobre o homem pré-histórico referente à suas ações cotidianas.

No fim do Paleolítico, uma série de glaciações transformou as condições climáticas do mundo. As temperaturas tornaram-se mais amenas e, a partir de então, foi possível o processo de fixação dos grupos humanos. Com isso, uma série de mudanças marcou a passagem do período Paleolítico para o Neolítico.



Período Neolítico

.

Uma das mais importantes conquistas na formação das primeiras civilizações humanas estabelece-se em um novo período da Pré-História. Durante o Neolítico ou Idade da Pedra Polida ocorreram grandes transformações no clima e na vegetação. O continente europeu passou a contar com temperaturas mais amenas e observamos a formação do Deserto do Saara, na África.



A prática da caça e da coleta se tornaram opções cada vez mais difíceis. A agricultura e o conseqüente processo de sedentarização do homem se estabeleceram gradualmente. Além disso, a domesticação animal se tornou uma prática usual entre os grupos humanos que se formavam nesse período. A estabilidade obtida por essas novas técnicas de domínio da natureza e dos animais também possibilitou a formação de grandes aglomerados populacionais.

Novas formas de organização social surgiam

e, assim, as primeiras instituições políticas do homem podem ter sido formadas nessa mesma época. A criação e o abandono de formas coletivas de organização sócio-econômicas podem ser vislumbrados no Neolítico. Conforme alguns pesquisadores, as primeiras sociedades complexas, criadas em torno da emergência de líderes tribais ou a organização de um Estado, são frutos dessas transformações.

No fim do período Neolítico também ocorreu a chamada Idade dos Metais. Nessa época, o desenvolvimento de armas e utensílios criados a partir do cobre, do bronze e, posteriormente, de ferro se tornaram usuais. Com o desenvolvimento dos primeiros Estados e o aparecimento da escrita, o período Neolítico finalizou o recorte de tempo da Pré-História e abriu portas para o estudo das primeiras civilizações da Antigüidade.







REVOLUÇÃO AGRÍCOLA

A Revolução Agrícola foi o movimento dado na Pré-História, que marcou o fim dos povos nômades e o inicio da sedentarização, com o aparecimento das primeiras vilas e cidades.

No Período Paleolítico, os grupos nômades não possuíam moradias fixas. Já no Neolítico, as sociedades humanas desenvolveram técnicas de cultivo agrícola e passaram a ter condições de armazenar alimentos. Isso levou a grupos humanos a se fixarem por mais tempo numa região e a se deslocarem com menor freqüência.

Há cerca de 10 mil anos atrás, durante a Pré-história, no período do neolítico ou período da pedra polida, alguns indivíduos de povos caçadores e coletores notaram que alguns grãos que eram coletados da natureza para a sua alimentação poderiam ser "semeados".

As pesquisas têm revelado que as primeiras atividades agrícolas ocorreram na região de Jericó, num grande oásis junto ao mar Morto, há cerca de 12 mil anos. Por meio de difusão ou movimentos independentes, supõe-se que o fenômeno tenha se desenvolvido também na Índia (há 8 mil anos), na China (7 mil), na Europa, (6.500) na África tropical (5 mil) e nas Américas

(4.500).

A sedentarização, causada pela agricultura, provocou verdadeira revolução no modo de vida da humanidade. Um dos acontecimentos mais importantes relacionados a isso foi o desenvolvimento das vilas e cidades.

Em geral, as vilas desenvolveram-se em regiões onde os solos eram férteis e propícios à agricultura. Elas tinham inúmeras funções. Na América, por exemplo, estavam associadas a cultos religiosos, mas podiam também servir de abrigo para artesãos e de espaço de troca de produtos. Dessa forma, o surgimento das vilas e cidades facilitou a prática do comércio e o desenvolvimento de novas técnicas, como a olaria (fabricação de peças de barro) e da metalúrgica (fabricação de peças de metais). Assim, percebe-se que o processo de consolidação das vilas está associado ao aumento da organização social. Em outras palavras, está relacionado com a prática da religião e do comércio, com o aumento da população e com a diversificação das atividades produtivas.

Desde o inicio da Pré História, o homem tem procurado os rios para se orientar no espaço terrestre e obter água. Foi ao longo dos rios que floresceram, no começo da História, as civilizações agrícolas, as primeiras a sbmeterem o espaço terrestre e a natureza a seus desígnios. E foi junto aos grandes rios da Antiguidade que se desenvolveram as civilizações que deram um novo rumo à História da humanidade, por vezes chamadas de Civilizações Fluviais, por que foram os rios o fator decisivo para o desenvolvimento agrícola. As grandes civilizações fluviais, que eram economicamente dependentes das culturas irrigadas e contavam com uma população numerosa e em grande parte urbanizada, floresceram nas planícies aluviais formadas pelas enchentes de um dois dois grandes rios. Assim, os berços das civilizações chinesa, indiana, sumério-babilônica e egípcia foram, respectivamente, os rios Amarelo e Azul , Indo e Ganges, Tigre e Eufrates e Nilo.

Com o surgimento da agricultura, surgiram mudanças não só nos instrumentos de trabalhos e na formação de cidades, mas também nas relações sociais entre os homens. No inicio, a produção agrícola era um empreendimento familiar: pai, mãe, filhos e filhas de diversas idades, cada qual passou a trabalhar a terra com determinados deveres fixados por tradição O investimento de muito trabalho no cultivo da terra, porém, levou ao desejo de posse da terra e à criação do direito de herança. O primogênito herdava a terra e os mais jovens, sem possuírem terras próprias, passavam a servi-lo; ou, então, a servir a outros donos de terras. As sociedades dos agricultores e criadores de gado organizaram-se em tribos. A tribo era um grupo maior que a horda. Era constituída por um conjunto de famílias que viviam na mesma região e que provinham de um tronco comum. As famílias eram chamadas de clãs.O uso de instrumentos de metal provocou um grande salto na produção agrícola. Os novos instrumentos permitiram produzir mais e melhor em menos tempo. Com isso as comunidades primitivas começaram a produzir mais do que necessitavam. Essa produção a mais chama-se excedente.Com o aumento da produção apareceu também a propriedade privada de terra, de ferramentas, animais, etc. Instalava-se com isso a desigualdade entre os homens e entre as tribos. Os proprietários passaram a explorar o trabalho dos outros. Surgiu a escravidão. Pela primeira vez, a sociedade dividiu-se em partes opostas: os donos de escravos e escravos. O mundo passou a ter um novo modo de produção – o escravismo – e novas relações sociais baseadas na desigualdade.

Alunos do 1º

Pré-História


Do ponto de vista formal, a expressão “pré-história” designa tudo que houve antes da história humana se desenrolar. Na prática, esse mesmo termo abarca o período que vai desde o surgimento da vida da Terra, a evolução da espécie humana, indo até o aparecimento da escrita. Dessa forma, percebemos uma curiosa contradição: como o termo pré-história é utilizado para se definir um tempo em que os seres humanos já existiam na Terra?

Para compreender essa contradição, devemos conhecer quem foram os responsáveis pela existência do padrão que convenciona o período pré-histórico. Tal concepção apareceu precisamente junto aos historiadores do século XIX, que acreditavam que o estudo do passado só era possível por meio de documentos escritos. Dessa forma, julgavam que a compreensão do passado pré-histórico não poderia se sustentar em bases verdadeiras.

Atualmente, esse tipo de compreensão acabou perdendo espaço para outras formas de recuperação do passado. Muitos historiadores passaram a ver que as fontes que documentam o passado não se resumem aos documentos escritos. As manifestações artísticas, a oralidade, a cultura material e outros vestígios podem se entregar no entendimento do passado. Com isso, o mundo pré-histórico deixou de ser visto como um tempo “destituído de história”.

Sem dúvida, a compreensão desse tempo da história humana é cercada por desafios de compreensão imensuráveis. A escassez de documentos impele os pesquisadores a se valerem dos mais diversificados campos de conhecimento para tentarem promover a retomada das primeiras ações do homem na Terra. Não se restringindo ao ato interpretativo do historiador, o estudo da Pré-História ainda conta com o apoio de antropólogos, físicos, arqueólogos, biólogos, químicos e paleontólogos.

Dessa forma, não há como negar a riqueza de informações desse ramo de conhecimento que trilha as conquistas do homem sobre a natureza. A construção de utensílios, as primeiras habitações, o desenvolvimento da arte rupestre e o domínio da agricultura são alguns dos outros assuntos que integram essa incrível época. Entre as três divisões do período (Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais), se acumula uma vasta e curiosa gama de informações históricas.



Período Paleolítico

Período conhecido como o mais extenso período da história humana, o Período Paleolítico abrange uma datação bastante variada que vai de 2,7 milhões de anos até 10.000 a.C.. Desprovido de técnicas muito sofisticadas, os grupos humanos dessa época desenvolviam hábitos e técnicas que facilitavam sua sobrevivência em meio às hostilidades impostas pela natureza.

Nesse período, as baixas temperaturas da Terra obrigavam o homem do Paleolítico a viver sob a proteção das cavernas. Uma das mais importantes descobertas dessa época foi o fogo. Com esse poderoso instrumento, os homens pré-históricos alcançaram melhores condições de sobrevivência mediante as severas condições climáticas. Além disso, o domínio do fogo modificou os hábitos alimentares humanos, com a introdução da caça e vegetais cozidos.

Sem contar com técnicas de produção agrícola, o homem vivia deslocando-se por diversos territórios. Praticantes do nomadismo, os grupos paleolíticos utilizavam dos recursos naturais à sua volta. Depois de consumi-los, migravam para regiões que apresentavam maior disponibilidade de frutas, caça e pesca. Para fabricar suas armas e utensílios, os homens faziam uso de osso, madeira, marfim e pedra. Devido a essas características da cultura material do período, também costumamos chamar o Paleolítico de Período da Pedra Lascada.

Por volta de 40 mil anos, os povos do paleolítico começaram a viver em grupos mais populosos. Ao mesmo tempo, começaram a criar novas moradias feitas a partir de gravetos e peles de animal. Uma das grandes fontes de compreensão desse período é encontrada nas paredes das cavernas, onde se situam as chamadas pinturas rupestres. Nelas temos informações sobre o homem pré-histórico referente à suas ações cotidianas.

No fim do Paleolítico, uma série de glaciações transformou as condições climáticas do mundo. As temperaturas tornaram-se mais amenas e, a partir de então, foi possível o processo de fixação dos grupos humanos. Com isso, uma série de mudanças marcou a passagem do período Paleolítico para o Neolítico.



Período Neolítico

.

Uma das mais importantes conquistas na formação das primeiras civilizações humanas estabelece-se em um novo período da Pré-História. Durante o Neolítico ou Idade da Pedra Polida ocorreram grandes transformações no clima e na vegetação. O continente europeu passou a contar com temperaturas mais amenas e observamos a formação do Deserto do Saara, na África.



A prática da caça e da coleta se tornaram opções cada vez mais difíceis. A agricultura e o conseqüente processo de sedentarização do homem se estabeleceram gradualmente. Além disso, a domesticação animal se tornou uma prática usual entre os grupos humanos que se formavam nesse período. A estabilidade obtida por essas novas técnicas de domínio da natureza e dos animais também possibilitou a formação de grandes aglomerados populacionais.

Novas formas de organização social surgiam

e, assim, as primeiras instituições políticas do homem podem ter sido formadas nessa mesma época. A criação e o abandono de formas coletivas de organização sócio-econômicas podem ser vislumbrados no Neolítico. Conforme alguns pesquisadores, as primeiras sociedades complexas, criadas em torno da emergência de líderes tribais ou a organização de um Estado, são frutos dessas transformações.

No fim do período Neolítico também ocorreu a chamada Idade dos Metais. Nessa época, o desenvolvimento de armas e utensílios criados a partir do cobre, do bronze e, posteriormente, de ferro se tornaram usuais. Com o desenvolvimento dos primeiros Estados e o aparecimento da escrita, o período Neolítico finalizou o recorte de tempo da Pré-História e abriu portas para o estudo das primeiras civilizações da Antigüidade.







REVOLUÇÃO AGRÍCOLA

A Revolução Agrícola foi o movimento dado na Pré-História, que marcou o fim dos povos nômades e o inicio da sedentarização, com o aparecimento das primeiras vilas e cidades.

No Período Paleolítico, os grupos nômades não possuíam moradias fixas. Já no Neolítico, as sociedades humanas desenvolveram técnicas de cultivo agrícola e passaram a ter condições de armazenar alimentos. Isso levou a grupos humanos a se fixarem por mais tempo numa região e a se deslocarem com menor freqüência.

Há cerca de 10 mil anos atrás, durante a Pré-história, no período do neolítico ou período da pedra polida, alguns indivíduos de povos caçadores e coletores notaram que alguns grãos que eram coletados da natureza para a sua alimentação poderiam ser "semeados".

As pesquisas têm revelado que as primeiras atividades agrícolas ocorreram na região de Jericó, num grande oásis junto ao mar Morto, há cerca de 12 mil anos. Por meio de difusão ou movimentos independentes, supõe-se que o fenômeno tenha se desenvolvido também na Índia (há 8 mil anos), na China (7 mil), na Europa, (6.500) na África tropical (5 mil) e nas Américas

(4.500).

A sedentarização, causada pela agricultura, provocou verdadeira revolução no modo de vida da humanidade. Um dos acontecimentos mais importantes relacionados a isso foi o desenvolvimento das vilas e cidades.

Em geral, as vilas desenvolveram-se em regiões onde os solos eram férteis e propícios à agricultura. Elas tinham inúmeras funções. Na América, por exemplo, estavam associadas a cultos religiosos, mas podiam também servir de abrigo para artesãos e de espaço de troca de produtos. Dessa forma, o surgimento das vilas e cidades facilitou a prática do comércio e o desenvolvimento de novas técnicas, como a olaria (fabricação de peças de barro) e da metalúrgica (fabricação de peças de metais). Assim, percebe-se que o processo de consolidação das vilas está associado ao aumento da organização social. Em outras palavras, está relacionado com a prática da religião e do comércio, com o aumento da população e com a diversificação das atividades produtivas.

Desde o inicio da Pré História, o homem tem procurado os rios para se orientar no espaço terrestre e obter água. Foi ao longo dos rios que floresceram, no começo da História, as civilizações agrícolas, as primeiras a sbmeterem o espaço terrestre e a natureza a seus desígnios. E foi junto aos grandes rios da Antiguidade que se desenvolveram as civilizações que deram um novo rumo à História da humanidade, por vezes chamadas de Civilizações Fluviais, por que foram os rios o fator decisivo para o desenvolvimento agrícola. As grandes civilizações fluviais, que eram economicamente dependentes das culturas irrigadas e contavam com uma população numerosa e em grande parte urbanizada, floresceram nas planícies aluviais formadas pelas enchentes de um dois dois grandes rios. Assim, os berços das civilizações chinesa, indiana, sumério-babilônica e egípcia foram, respectivamente, os rios Amarelo e Azul , Indo e Ganges, Tigre e Eufrates e Nilo.

Com o surgimento da agricultura, surgiram mudanças não só nos instrumentos de trabalhos e na formação de cidades, mas também nas relações sociais entre os homens. No inicio, a produção agrícola era um empreendimento familiar: pai, mãe, filhos e filhas de diversas idades, cada qual passou a trabalhar a terra com determinados deveres fixados por tradição O investimento de muito trabalho no cultivo da terra, porém, levou ao desejo de posse da terra e à criação do direito de herança. O primogênito herdava a terra e os mais jovens, sem possuírem terras próprias, passavam a servi-lo; ou, então, a servir a outros donos de terras. As sociedades dos agricultores e criadores de gado organizaram-se em tribos. A tribo era um grupo maior que a horda. Era constituída por um conjunto de famílias que viviam na mesma região e que provinham de um tronco comum. As famílias eram chamadas de clãs.O uso de instrumentos de metal provocou um grande salto na produção agrícola. Os novos instrumentos permitiram produzir mais e melhor em menos tempo. Com isso as comunidades primitivas começaram a produzir mais do que necessitavam. Essa produção a mais chama-se excedente.Com o aumento da produção apareceu também a propriedade privada de terra, de ferramentas, animais, etc. Instalava-se com isso a desigualdade entre os homens e entre as tribos. Os proprietários passaram a explorar o trabalho dos outros. Surgiu a escravidão. Pela primeira vez, a sociedade dividiu-se em partes opostas: os donos de escravos e escravos. O mundo passou a ter um novo modo de produção – o escravismo – e novas relações sociais baseadas na desigualdade.