quarta-feira, 14 de abril de 2010

Alunos do 1º - Pré História

Pré-História

Do ponto de vista formal, a expressão “pré-história” designa tudo que houve antes da história humana se desenrolar. Na prática, esse mesmo termo abarca o período que vai desde o surgimento da vida da Terra, a evolução da espécie humana, indo até o aparecimento da escrita. Dessa forma, percebemos uma curiosa contradição: como o termo pré-história é utilizado para se definir um tempo em que os seres humanos já existiam na Terra?

Para compreender essa contradição, devemos conhecer quem foram os responsáveis pela existência do padrão que convenciona o período pré-histórico. Tal concepção apareceu precisamente junto aos historiadores do século XIX, que acreditavam que o estudo do passado só era possível por meio de documentos escritos. Dessa forma, julgavam que a compreensão do passado pré-histórico não poderia se sustentar em bases verdadeiras.

Atualmente, esse tipo de compreensão acabou perdendo espaço para outras formas de recuperação do passado. Muitos historiadores passaram a ver que as fontes que documentam o passado não se resumem aos documentos escritos. As manifestações artísticas, a oralidade, a cultura material e outros vestígios podem se entregar no entendimento do passado. Com isso, o mundo pré-histórico deixou de ser visto como um tempo “destituído de história”.

Sem dúvida, a compreensão desse tempo da história humana é cercada por desafios de compreensão imensuráveis. A escassez de documentos impele os pesquisadores a se valerem dos mais diversificados campos de conhecimento para tentarem promover a retomada das primeiras ações do homem na Terra. Não se restringindo ao ato interpretativo do historiador, o estudo da Pré-História ainda conta com o apoio de antropólogos, físicos, arqueólogos, biólogos, químicos e paleontólogos.

Dessa forma, não há como negar a riqueza de informações desse ramo de conhecimento que trilha as conquistas do homem sobre a natureza. A construção de utensílios, as primeiras habitações, o desenvolvimento da arte rupestre e o domínio da agricultura são alguns dos outros assuntos que integram essa incrível época. Entre as três divisões do período (Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais), se acumula uma vasta e curiosa gama de informações históricas.



Período Paleolítico

Período conhecido como o mais extenso período da história humana, o Período Paleolítico abrange uma datação bastante variada que vai de 2,7 milhões de anos até 10.000 a.C.. Desprovido de técnicas muito sofisticadas, os grupos humanos dessa época desenvolviam hábitos e técnicas que facilitavam sua sobrevivência em meio às hostilidades impostas pela natureza.

Nesse período, as baixas temperaturas da Terra obrigavam o homem do Paleolítico a viver sob a proteção das cavernas. Uma das mais importantes descobertas dessa época foi o fogo. Com esse poderoso instrumento, os homens pré-históricos alcançaram melhores condições de sobrevivência mediante as severas condições climáticas. Além disso, o domínio do fogo modificou os hábitos alimentares humanos, com a introdução da caça e vegetais cozidos.

Sem contar com técnicas de produção agrícola, o homem vivia deslocando-se por diversos territórios. Praticantes do nomadismo, os grupos paleolíticos utilizavam dos recursos naturais à sua volta. Depois de consumi-los, migravam para regiões que apresentavam maior disponibilidade de frutas, caça e pesca. Para fabricar suas armas e utensílios, os homens faziam uso de osso, madeira, marfim e pedra. Devido a essas características da cultura material do período, também costumamos chamar o Paleolítico de Período da Pedra Lascada.

Por volta de 40 mil anos, os povos do paleolítico começaram a viver em grupos mais populosos. Ao mesmo tempo, começaram a criar novas moradias feitas a partir de gravetos e peles de animal. Uma das grandes fontes de compreensão desse período é encontrada nas paredes das cavernas, onde se situam as chamadas pinturas rupestres. Nelas temos informações sobre o homem pré-histórico referente à suas ações cotidianas.

No fim do Paleolítico, uma série de glaciações transformou as condições climáticas do mundo. As temperaturas tornaram-se mais amenas e, a partir de então, foi possível o processo de fixação dos grupos humanos. Com isso, uma série de mudanças marcou a passagem do período Paleolítico para o Neolítico.



Período Neolítico

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Uma das mais importantes conquistas na formação das primeiras civilizações humanas estabelece-se em um novo período da Pré-História. Durante o Neolítico ou Idade da Pedra Polida ocorreram grandes transformações no clima e na vegetação. O continente europeu passou a contar com temperaturas mais amenas e observamos a formação do Deserto do Saara, na África.



A prática da caça e da coleta se tornaram opções cada vez mais difíceis. A agricultura e o conseqüente processo de sedentarização do homem se estabeleceram gradualmente. Além disso, a domesticação animal se tornou uma prática usual entre os grupos humanos que se formavam nesse período. A estabilidade obtida por essas novas técnicas de domínio da natureza e dos animais também possibilitou a formação de grandes aglomerados populacionais.

Novas formas de organização social surgiam

e, assim, as primeiras instituições políticas do homem podem ter sido formadas nessa mesma época. A criação e o abandono de formas coletivas de organização sócio-econômicas podem ser vislumbrados no Neolítico. Conforme alguns pesquisadores, as primeiras sociedades complexas, criadas em torno da emergência de líderes tribais ou a organização de um Estado, são frutos dessas transformações.

No fim do período Neolítico também ocorreu a chamada Idade dos Metais. Nessa época, o desenvolvimento de armas e utensílios criados a partir do cobre, do bronze e, posteriormente, de ferro se tornaram usuais. Com o desenvolvimento dos primeiros Estados e o aparecimento da escrita, o período Neolítico finalizou o recorte de tempo da Pré-História e abriu portas para o estudo das primeiras civilizações da Antigüidade.



REVOLUÇÃO AGRÍCOLA

A Revolução Agrícola foi o movimento dado na Pré-História, que marcou o fim dos povos nômades e o inicio da sedentarização, com o aparecimento das primeiras vilas e cidades.

No Período Paleolítico, os grupos nômades não possuíam moradias fixas. Já no Neolítico, as sociedades humanas desenvolveram técnicas de cultivo agrícola e passaram a ter condições de armazenar alimentos. Isso levou a grupos humanos a se fixarem por mais tempo numa região e a se deslocarem com menor freqüência.

Há cerca de 10 mil anos atrás, durante a Pré-história, no período do neolítico ou período da pedra polida, alguns indivíduos de povos caçadores e coletores notaram que alguns grãos que eram coletados da natureza para a sua alimentação poderiam ser "semeados".

As pesquisas têm revelado que as primeiras atividades agrícolas ocorreram na região de Jericó, num grande oásis junto ao mar Morto, há cerca de 12 mil anos. Por meio de difusão ou movimentos independentes, supõe-se que o fenômeno tenha se desenvolvido também na Índia (há 8 mil anos), na China (7 mil), na Europa, (6.500) na África tropical (5 mil) e nas Américas

(4.500).

A sedentarização, causada pela agricultura, provocou verdadeira revolução no modo de vida da humanidade. Um dos acontecimentos mais importantes relacionados a isso foi o desenvolvimento das vilas e cidades.

Em geral, as vilas desenvolveram-se em regiões onde os solos eram férteis e propícios à agricultura. Elas tinham inúmeras funções. Na América, por exemplo, estavam associadas a cultos religiosos, mas podiam também servir de abrigo para artesãos e de espaço de troca de produtos. Dessa forma, o surgimento das vilas e cidades facilitou a prática do comércio e o desenvolvimento de novas técnicas, como a olaria (fabricação de peças de barro) e da metalúrgica (fabricação de peças de metais). Assim, percebe-se que o processo de consolidação das vilas está associado ao aumento da organização social. Em outras palavras, está relacionado com a prática da religião e do comércio, com o aumento da população e com a diversificação das atividades produtivas.

Desde o inicio da Pré História, o homem tem procurado os rios para se orientar no espaço terrestre e obter água. Foi ao longo dos rios que floresceram, no começo da História, as civilizações agrícolas, as primeiras a sbmeterem o espaço terrestre e a natureza a seus desígnios. E foi junto aos grandes rios da Antiguidade que se desenvolveram as civilizações que deram um novo rumo à História da humanidade, por vezes chamadas de Civilizações Fluviais, por que foram os rios o fator decisivo para o desenvolvimento agrícola. As grandes civilizações fluviais, que eram economicamente dependentes das culturas irrigadas e contavam com uma população numerosa e em grande parte urbanizada, floresceram nas planícies aluviais formadas pelas enchentes de um dois dois grandes rios. Assim, os berços das civilizações chinesa, indiana, sumério-babilônica e egípcia foram, respectivamente, os rios Amarelo e Azul , Indo e Ganges, Tigre e Eufrates e Nilo.

Com o surgimento da agricultura, surgiram mudanças não só nos instrumentos de trabalhos e na formação de cidades, mas também nas relações sociais entre os homens. No inicio, a produção agrícola era um empreendimento familiar: pai, mãe, filhos e filhas de diversas idades, cada qual passou a trabalhar a terra com determinados deveres fixados por tradição O investimento de muito trabalho no cultivo da terra, porém, levou ao desejo de posse da terra e à criação do direito de herança. O primogênito herdava a terra e os mais jovens, sem possuírem terras próprias, passavam a servi-lo; ou, então, a servir a outros donos de terras. As sociedades dos agricultores e criadores de gado organizaram-se em tribos. A tribo era um grupo maior que a horda. Era constituída por um conjunto de famílias que viviam na mesma região e que provinham de um tronco comum. As famílias eram chamadas de clãs.O uso de instrumentos de metal provocou um grande salto na produção agrícola. Os novos instrumentos permitiram produzir mais e melhor em menos tempo. Com isso as comunidades primitivas começaram a produzir mais do que necessitavam. Essa produção a mais chama-se excedente.Com o aumento da produção apareceu também a propriedade privada de terra, de ferramentas, animais, etc. Instalava-se com isso a desigualdade entre os homens e entre as tribos. Os proprietários passaram a explorar o trabalho dos outros. Surgiu a escravidão. Pela primeira vez, a sociedade dividiu-se em partes opostas: os donos de escravos e escravos. O mundo passou a ter um novo modo de produção – o escravismo – e novas relações sociais baseadas na desigualdade.

Alunos do 2º - Renascimento

Renascimento Cultural



Como já sabemos anteriomente que a intensificação do comércio e da produção artesanal resultou no desenvolvimento das cidades, no surgimento de uma nova classe social a burguesia e na posterior formação das monarquias nacionais. Estas transformações vieram acompanhadas de uma nova visão de mundo, que se manifestou na arte e na cultura de maneira de geral.

A cultura medieval se caracterizava pela religiosidade. A Igreja Católica, como vimos, controlava as manifestações culturais e dava uma interpretação religiosa para os fenômenos da natureza, da sociedade e da economia. A esta cultura deu-se o nome de teocêntrica (Deus no centro). A miséria, as tempestades, as pragas, as enchentes, as doenças e as más colheitas eram vistas como castigos de Deus. Assim como a riqueza, a saúde, as boas colheitas, o tempo bom, a fortuna eram bênçãos divinas. A própria posição que o indivíduo ocupava na sociedade (nobre, clérigo ou servo) tinha uma explicação religiosa.

A arte medieval, feita normalmente no interior das Igrejas, espelhava esta mentalidade. Pinturas e esculturas não tinham preocupações estéticas e sim pedagógicas: mostrar a miséria do mundo e a grandiosidade de Deus. As figuras eram rústicas, desproporcionais e acanhadas. Os quadros não tinham perspectiva. Como as obras de arte eram de autoria coletiva, o artista medieval é anônimo.

A literatura medieval era composta de textos teológicos, biografias de santos e histórias de cavalaria. Isto refletia o domínio da Igreja e da nobreza sobre a sociedade.

Essa visão de mundo não combinava com a experiência burguesa. Essa nova classe devia a sua posição social e econômica ao seu próprio esforço e não à vontade divina, como o nobre. O sucesso nos negócios dependia da observação, do raciocínio e do cálculo. Características que se opunham às explicações sobrenaturais, próprias da mentalidade medieval. Por outro lado, era uma classe social em ascensão, portanto otimista. Sua concepção de mundo era mais materialista. Queria usufruir na terra o resultado de seus esforços. E também claro que o comerciante burguês era essencialmente individualista. Quase sempre, o seu lucro implicava que outros tivessem prejuízo.

A visão de mundo da burguesia estará sintonizada com a renovação cultural ocorrida nos fins da Idade Média e no começo da Idade Moderna. A essa renovação denominamos Renascimento.



Características do Renascimento Cultural

O Renascimento significou uma nova arte, o advento do pensamento científico e uma nova literatura. Nelas estão presentes as seguintes características:

• Antropocentrismo (o homem no centro): valorização do homem como ser racional. Para os renascentistas o homem era visto como a mais bela e perfeita obra da natureza. Tem capacidade criadora e pode explicar os fenômenos à sua volta.

• Otimismo: os renascentistas acreditavam no progresso e na capacidade do homem de resolver problemas. Por essa razão apreciavam a beleza do mundo e tentavam captá-la em suas obras de arte.

• Racionalismo: tentativa de descobrir pela observação e pela experiência as leis que governam o mundo. A razão humana é a base do conhecimento. Isto se contrapunha ao conhecimento baseado na autoridade, na tradição e na inspiração de origem divina que marcou a cultura medieval.

• Humanismo: o humanista era o indivíduo que traduzia e estudava os textos antigos, principalmente gregos e romanos. Foi dessa inspiração clássica que nasceu a valorização do ser humano. Uma das características desses humanistas era a não especialização. Seus conhecimentos eram abrangentes.

• Hedonismo: valorização dos prazeres sensoriais. Esta visão se opunha à idéia medieval de associar o pecado aos bens e prazeres materiais.

• Individualismo: a afirmação do artista como criador individual da obra de arte se deu no Renascimento. O artista renascentista assinava suas obras, tomando­se famoso.

• Classicismo: inspiração na antiguidade clássica: os artistas renascentistas procuraram imitar a estética dos antigos gregos e romanos. O próprio termo Renascimento foi cunhado pelos contemporâneos do movimento, que pretendiam estar fazendo re­nascer aquela cultura, desaparecida durante a “Idade das Trevas” (Média).





Itália: o Berço do Renascimento



O Renascimento teve início e atingiu o seu maior brilho na Itália. Daí irradiou-se para outras partes da Europa. O pioneirismo italiano se explica por diversos fatores:

Século XIV (Trecento) surgiram as primeiras figuras do Renascimento, como, por exemplo, Giotto (na pintura), Dante Allighieri, Boccaccio e Francesco Petrarca (na literatura). No século XV (Quatrocento) a produção cultural atingiu uma grande intensidade. Mas foi no século XVI (Cinquecento) que o Renascimento atingiu o auge.



A Decadência do Renascimento Italiano

A decadência do Renascimento italiano pode ser explicada por diversos fatores. As lutas políticas internas entre as diversas cidadés-Estado e a intervenção das potências políticas da época (França, Espanha e Sacro Império Germânico), consumiram as riquezas da Itália.

Ao mesmo tempo, o comércio das cidades italianas entrou em franca decadência depois que a Espanha e Portugal passaram a liderar, através da rota do Atlântico, o comércio com o Oriente.



O Renascimento em outras parte da Europa

O renascimento comercial e urbano ocorreu em várias partes da Europa. Desta forma, criaram-se as condições para a renovação cultural, assim como ocorreu na Itália.

Nos Países Baixos, uma classe de ricos comerciantes e banqueiros estava ligada ao consumo e à produção de obras de arte e literatura. Um dos grandes pinto­res flamengos foi Brueghel, que viveu em Antuérpia. Ele pintou, principalmente, cenas da vida cotidiana, retratando o estilo de vida da classe burguesa em ascensão (A Dança do Casamento, de 1565). Destacaram-se ainda os irmãos pintores Hubert e Jan van Eyck (A Virgem e o Chanceler Rolin).

A crítica à intolerância do pensamento religioso medieval foi feita por Erasmo de Roterdan (1466-1529) com sua obra Elogio da Loucura.

Na França, o Renascimento teve importantes expoentes:

• na literatura e filosofia, Rabelais (1490-1 553), autor de Gargantua e Pantagruel, obra na qual critica a educação e as táticas militares medievais. Montaigne (1533-1592), autor de estudos filosóficos céticos intitulados Ensaios, nos quais o principal objeto de crítica é o clero.

• nas ciências, Ambroise Pare (1517-1590) destacou-se com estudos de medicina. Inventou uma nova técnica para sutura das veias.

Na Espanha, a forte influência da Igreja Católica e o clima repressivo da Contra-Reforma, dificultaram as inovações. Desta forma, as realizações culturais marcadamente renascentistas foram reduzidas.

Nas artes plásticas destacou-se El Greco (1575-1614), o grande pintor espanhol do Renascimento (O Enterro do Conde de Orgaz e A Visão Apocalíptica).

Na literatura, a Espanha produziu um dos maiores clássicos da humanidade. Trata-se de D. Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, obra na qual o personagem principal (D.Quixote) é um cavaleiro romântico que imagina estar vi­vendo em plena Idade Média. A metáfora é referente à decadência da cavalaria e ao conflito entre a mentalidade moderna e a medieval.

Na ciência, a Espanha contribuiu com Miguel de Servet, que se destacou pelo seus estudos da circulação do sangue.

Na Inglaterra, um dos principais expoentes do Renascimento foi Tomas Morus (1475-1535), autor de Utopia, obra que descreve as condições de vida da população de uma ilha imaginária, onde não havia classes sociais, pobreza e propriedade privada.

É também inglês o maior dramaturgo de todos os tempos, William Sheakspeare (1564-1616). Foi sob o reinado de Isabel 1 que Sheakspeare produziu a maioria de suas obras, dentre as quais destacam-se Hamlet, Ricardo III, Macbeth, Otelo e Romeu e Julieta.

Destaca-se ainda no Renascimento inglês, o filósofo Francis Bacon (1561-1626), autor de Novun Organun. Esse autor pode ser considerado um dos precursores do Iluminismo.

Em Portugal, o grande representante do renascimento literário foi Luís Vaz de Camões (1525-1580), autor de Os Lusíadas, poema épico que narra os grandes feitos da navegação portuguesa.

O teatro português renascentista foi imortalizado por Gil Vicente, autor das obras Trilogia das Barcas e a Farsa de Inês Pereira.

Na Alemanha, a pintura renascentista consagrou os nomes de Hans Holbein (1497-1553) e Albert Durer (1471-1528).

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Alunos do 2º - Estado Absolutista

O ESTADO ABSOLUTISTA



O QUE FOI O ESTADO ABSOLUTISTA?



No continente europeu surgiu a partir do século XI, no período da Baixa Idade Média, pela aliança entre reis e burgueses e a necessidade socioeconômico e política da época. Uma espécie de centralização do poder. Começou na idade média e tomou forma na Idade Moderna.

Para uma definição mais exata pode-se classificar o absolutismo como uma forma de governo autoritário, que está nas mãos de uma pessoa ou um grupo social. Estes tem o poder absoluto sobre o estado. Com essa idéia em mente não é de admirar os abusos que foram cometidos pelos governantes.

O absolutismo seria a expressão política do mercantilismo.

Para tudo isso acontecer, foi necessário a ajuda dos pensadores dos que idealizaram essa forma de governo.



TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO



As mudanças culturais através do Renascimento, na sociedade, ajudaram a reestruturar a visão política da Europa. Sem a interferência da igreja, muitas teorias surgiram para justificar o estado absolutista.

A Idade Moderna rompeu com muitas idéias medievais. Veja agora alguns teóricos de destaque:



Nicolau Maquiavel (1469-1527)



Foi membro do governo dos Médices, de Florença. Em suas obras ele expressa sua indignação por ver a Itália devastada pela divisão em repúblicas rivais. A solução seria a união nacional por um interesse comum.

No século XVI, publicou o texto O Príncipe, dedicado ao príncipe Lourenço de Médicis. Nesta obra ele comenta sobre as artes de conquistar e manter o poder. Foi publicado em 1513. algumas de suas recomendações eram que para governar é preciso a astúcia, sutileza e um bom exército. Por citar Moisés , um personagem bíblico, ele insinuou a ligação de Deus com a posição dos reis. Com se os reis fossem representantes de Deus aqui na terra.

Para Maquiavel, a necessidade de ter um estado forte justifica qualquer atitude.



Thomas Hobbes(1588-1619)



Este foi o teórico que melhor definiu a ideologia absolutista. Sua obra foi o livro Leviatã, onde mostra sua idéia de um estado poderoso e dominante. Este é necessário para manter a ordem do governo, sem ela os homens viveriam em constantes guerras. Como se o monarca fosse o protetor da lei e da ordem.

Para Hobbes, o estado absoluto surgiu em função do avanço da sociedade. Que antes era primitiva, sem leis, cada um por si. Mas depois que a razão e a autoconservação entram na sociedade,surgiu a necessidade da união para a criação de um estado forte. Neste estado há uma espécie de contrato ou acordo, onde cada cidadão concederia seus direitos à um soberano.

Para Hobbes, a autoridade do estado tem de ser absoluta para proteger os cidadãos da violência e do caos. O soberano pode governar com autoridade, pois esta foi concedida pelo povo.



Jacques Bossuet(1627-1704)



Bossuet defendeu fortemente a teoria do direito divino dos reis. Cuidou da educação do filho do rei francês Luis XIV. Suas obras foram Memórias para educação do Delfim e Política.

Para Bossuet a autoridade real é sagrada. O rei age como ministro de Deus na terra, logo uma rebelião contra o rei seria o mesmo que rebelasse contra Deus.

Sua influência foi forte na dinastia francesa dos Bourbon.

Jean Bodin ( 1530- 1596)

Sua obra foi A República, este defendia a idéia da soberania não-partilhada, ou seja, o rei pode governar sem a interferência, ou restrição de alguém, pois ele teria o poder de legislar sem a permissão de outros.

Hugo Grotius(1530-1596)

Sua obra foi Do direito da paz e da Guerra. Embora comente sobre direito internacional, aparece com mesmas idéias dos outros teóricos: a defesa de um governo despótico, com poder ilimitado para assim não haver o caos político na sociedade.

Agora os resultados de tantas ideologias foram vistas em alguns países.



O ABSOLUTISMO NA FRANÇA



A centralização política da França vem desde a guerra dos Cem Anos ( 1337-1453). O absolutismo francês teve seu auge na dinastia dos Bourbons.

Durante o século XVI, ainda na dinastia Volois, havia conflitos internos, tanto políticos como religiosos. O conflito maior ficava a estrutura político-econômica do governo. Pois os burgueses, que eram a fonte do governo, adotaram o calvinismo como religião enquanto o estado tinha forte influência católica.

No governo de Carlos IX (1560-1574) a luta de católicos e Huguenotes ( calvinistas franceses) foi forte.

Os católicos tinham o apoio real. Os huguenotes sob o comando dos Bourbons colocaram em confronto a nobreza católica e os burgueses mercantilistas calvinistas. O auge dessa luta foi em 24 de agosto de 1572, A Noite de São Bartolomeu, onde houve o massacre de mais de 3 mil huguenotes, incluindo mulheres e crianças. Isto provocou instabilidade política e colocou o trono francês em risco. Por isso Henrique III, filho de Catarina de Médici, aliou-se a Henrique Bourbon, líder dos Huguenotes e o fez seu herdeiro político. Nesse tempo o católico Henrique Guise disputou a liderança com Henrique III, essas disputas ficaram conhecidas como a Guerra dos três Henriques. O final foi: Henrique de Guise morreu, Henrique Bourbon saiu vitorioso e tornou-se herdeiro de Henrique III.



DINASTIA BOURBON



Com a morte de Henrique III em 1589, Henrique Bourbon assumiu poder com o nome de Henrique IV. Mas este por ser protestante enfrentou forte oposição. Os conflitos armados foram tantos, que Henrique viu-se obrigado a fugir de Paris. Para poder ser de fato rei dos franceses, Henrique abandona o protestantismo e assim é coroado rei.

Este novo rei fortaleceu o absolutismo, por implantar uma política econômica mercantilista. Assinou em 1598 o Edito de Nantes, que concedia liberdade de religião aos protestantes. Com isso o rei refez a aliança com os burgueses.

O sucessor de Henrique IV foi Luis XIII (1610-1643). Em seu reinado destaca-se a figura de seu primeiro ministro o Cardeal Richelieu ( 1624- 1642), que ampliou os poderes absolutos do rei e lançou a França na disputa pelo comércio internacional e a posse de colônias. Também cassou os direitos dos que eram opositores do rei. Abriu caminho para os burgueses terem acesso a cargos na administração pública, mesmo sob a proteção de edito de nantes, ele perseguiu protestantes. Richelieu levou a França intervir na Guerra dos trinta anos. Pois neste conflito visava a disputa à hegemonia política européia.

O apogeu do absolutismo francês foi com o rei Luis XIV (1643-1715), chamado também de “Rei sol”,devido suas grandes realizações. Por ter assumido o trono ainda jovem, teve como ministro outro cardeal, Mazarino. Este aplicou uma política centralizadora, eliminou as frondas,ou seja, as associações de nobres e burgueses, que eram contra o absolutismo e os tributos impostos ao povos para repor os prejuízos aos cofres reais por causa do apoio à guerra dos trinta anos.

Após a morte do Cardeal, o ministério das finanças foi para Jean Baptiste Colbert, que fez a base para o mercantilismo francês. Este promoveu o desenvolvimento da manufatura, navegação e das conquistas territoriais na Ásia e América.

Na época de Luís XIV, foi um período de cultura na França e berço de pensadores e artistas. Infelizmente em 1685, Luis XIV reformulou sua política religiosa e revoga o Edito de Nantes.

Esta atitude fez com que muitos huguenotes, boa parte burgueses, fugissem da perseguição religiosa. Isto arruinou a economia mercantil e abriu caminho para as críticas ao regime absolutista.

O poder francês na Europa começou a cair nos reinados de Luis XV e Luis XVI. Porque a corte fazia gastos excessivos, os impostos eram muitos sobre os burgueses e a população além das derrotas militares.

A França entrou em duas guerras.

A primeira foi a Guerra dos Sete anos(1756-1763), onde a França enfrentou a Inglaterra disputando o mercado europeu e áreas para colônias. Mas perdeu dois territórios , o Canadá e a Índia.

A segunda foi a guerra de independência dos Estados Unidos (1776-1781), o apoio nesta guerra, causou dificuldades econômicas a França. Com todos esses fatores, foram surgindo motivos e condições para a Revolução Francesa de 1789 que daria fim ao Regime francês.



O ABSOLUTISMO NA INGLATERRA



O poder real na Inglaterra começou no século XVI, com a dinastia Tudor.

Henrique VIII ( 1509-1547), segundo rei da série, impôs-se sobre a nobreza enfraquecida, unificou o país e chocou-se com o Papado. Este choque parecia simples e fútil. Na verdade o rei queria separar-se de sua esposa , Catarina de Aragão, para casar-se com outra, Ana Bolena. Mas com a proibição do Papa, Henrique rompeu com a igreja e fundou a igreja anglicana. Esse conflito serviu como pretexto para que o rei confiscasse os bens da igreja, que foram redistribuídos ou vendidos para os nobres.

Por volta de 1570 a indústria de lã e a escavação das minas de carvão cresceram. O comércio internacional também aumentou e serviu de estímulo para a construção naval.

Com o avanço da pirataria legitimada pelo estado (os corsários), cada império colonial teve seus lucros.

Os mercadores aventureiros e a companhia inglesa das índias orientais, dinamizou a expansão comercial, principalmente de tráfico de pessoas para as colônias.

A burguesia mercantil das cidades portuárias, principalmente Londres, ganhou importância na câmara dos Comuns. Os trabalhadores conquistaram o estatuto dos artesões, de 1563, que regulamentava suas atividades e a Leis dos Pobres, que cobrava impostos obrigatório sobre as pessoas das comunidades para sustentar os necessitados.



Alunos do 2º - Reforma Protestante

As Reformas foram movimentos religiosos, que ocasionou a revolução da Igreja, tem seu início datado no século XVI, mas as explicações para estas revoluções já existiam há séculos.

Antecedentes da Reforma



Desde o renascimento do Sacro Império Romano por Otão I em 962, os Papas e os Imperadores envolveram-se numa contínua luta pela supremacia. Este conflito resultou geralmente em vitórias para o partido papal, mas criou um amargo antagonismo entre Roma e o Império Germânico, o qual aumentou com o desenvolvimento de um sentimento nacionalista na Alemanha durante os séculos XIV e XV.

No século XIV, o reformador inglês John Wycliff distinguiu-se por traduzir a Bíblia, contestar a autoridade pontifícia e censurar o culto dos santos das relíquias.





Martinho Lutero



O Cisma do Ocidente (1378-1417) fragilizou gravemente a autoridade pontifícia e tornou premente a necessidade de reformar a Igreja. O Renascimento e a invenção da imprensa reacenderam as críticas à Igreja: a corrupção e hipocrisia do clero em geral e, em particular, a ignorância e superstição das ordens mendicantes; a ambição dos Papas, cujo poder temporal originava divisões entre os crentes; e a teologia das escolas responsável pela deturpação e desumanização da mensagem cristã.



A execução, em 1415, de Hus na fogueira acusado de heresia levou diretamente às guerras hussitas, uma violenta expressão do nacionalismo boêmio, suprimido com dificuldade pelas forças aliadas do Sacro Império Romano e do Papa. Estas guerras foram precursoras da guerra civil religiosa na Alemanha na época de Lutero.

Essas críticas foram feitas por alguns dos humanistas que procuraram conciliar o movimento humanista com a mensagem das Escrituras, criticando algumas práticas da Igreja.

Estas críticas serviram de base a Martinho Lutero e João Calvino para clamarem pela Bíblia, mais do que a Igreja como fonte de toda a autoridade religiosa.

Os Movimentos Nacionais





A Reforma Protestante começou na Alemanha quando Lutero publicou as "95 Teses", transformando a teoria e a prática das indulgências.



A Alemanha e a Reforma Luterana

Lutero partilhava a necessidade de uma religião interior, baseada na comunhão da alma, humilde e receptiva, com Deus. Com uma interpretação muito pessoal, Lutero defendeu que o homem, apenas pelas suas obras, é incapaz de se santificar e que é pelo ato de crer, ou seja, pela Fé, que se chega à santificação. Só a Fé torna o homem justo, não sendo as boas obras suficientes para apagar os pecados e garantir a salvação.

A excomunhão pelo papa de Martinho Lutero quebrou a unidade da Igreja ocidental e iniciou um período de guerras que opuseram o Imperador Carlos V e alguns príncipes da Alemanha. A condenação de Lutero na Dieta de Worms e o seu desterro dividiu a Alemanha numa fronteira econômica e religiosa. De um lado, aqueles que desejavam preservar a ordem tradicional, incluindo o imperador e o alto clero, suportados pela Igreja Católica Romana. Do outro, os apoiantes do Luteranismo – os príncipes do Norte da Alemanha, o baixo clero, os grupos burgueses e largas camadas de camponeses – que acolheram a mudança como uma oportunidade para aumentarem a sua autoridade nas esferas religiosa e econômica, apropriando-se dos bens da Igreja.

Os intermitentes períodos de guerra civil religiosa terminaram com a Paz de Augsburgo. Este tratado decidiu que cada um dos governadores dos Estados alemães, que formavam cerca de 300 estados, optaria entre o Catolicismo Romano e o Luteranismo e subordinou a opção religiosa à autoridade do príncipe. O Luteranismo, perfilhado por metade da população alemã, receberia finalmente o reconhecimento oficial, mas a antiga unidade religiosa da comunidade cristã da Europa ocidental sob a suprema autoridade pontifícia foi destruída.

A Suíça

O movimento reformista na Suíça, contemporâneo da Reforma na Alemanha, foi conduzido pelo pastor suíço Ulrico Zwínglio, que, em 1518, ficou conhecido pela sua vigorosa denúncia à venda das indulgências. Ele considerava a Bíblia a única fonte da autoridade moral e procurou eliminar tudo o que existia no sistema do Catolicismo Romano que não derivasse especificamente das Escrituras.

Este movimento alastrou-se por todo o território suíço, originando um conflito entre 1529-1531. A paz permitiu a escolha religiosa de cada pessoa. O Catolicismo Romano prevaleceu nas províncias montanhosas do país e o Protestantismo implantou-se nas grandes cidades e nos férteis vales.

Após a geração de Lutero e de Zwínglio, a figura dominante da Reforma foi Calvino, um teólogo protestante francês, que fugiu da perseguição de França e que se instalou na nova república independente de Genebra, em 1536. Apesar da Igreja e do Estado estarem oficialmente separados, cooperavam tão estreitamente que Genebra era virtualmente uma teocracia. Para reforçar a disciplina moral, Calvino instituiu uma rígida inspeção à conduta familiar e organizou um consistório, composto por pastores e leigos, com um grande poder compulsivo sobre as comunidades. O vestuário e o comportamento pessoal dos cidadãos era prescrito ao mínimo pormenor: dançar, jogar cartas, dados e outros divertimentos eram proibidos e a blasfêmia e a linguagem imprópria severamente punida. Debaixo deste regime severo, os inconformistas eram perseguidos e, por vezes, condenados à morte.

Os cidadãos tinham pelo menos uma educação elementar. Em 1559, Calvino fundou a Universidade de Genebra, famosa pela formação de pastores e professores. Mais do que qualquer outro reformista Calvino organizou o pensamento Protestante num claro e lógico sistema. A difusão das suas obras, a sua influência como educador e a sua grande habilidade de organizador da Igreja e do Estado reformistas criaram um movimento de adeptos internacionais e deram às Igrejas Reformistas, de acordo com o termo como as Igrejas Protestantes eram conhecidas na Suíça, França e Escócia, um cunho inteiramente calvinista, quer na religião quer na organização. Para encorajar a leitura e o entendimento da Bíblia.

A França

A Reforma na França começou no início do século XVI através de alguns grupos de místicos e humanistas que se juntaram em Meaux, perto de Paris, sob a liderança de Lefèvre d’Étaples. Tal como Lutero, d’Étaples estudou as Epístolas de S. Paulo e fez derivar delas a crença na justificação da fé individual, negando a doutrina da transubstanciação. Em 1523, traduziu para francês o Novo Testamento. No princípio, os seus textos foram bem recebidos pela Igreja e pelo Estado, mas, a partir do momento em que as doutrinas radicais de Lutero começaram a espalhar-se na França, o trabalho de Lefèvre foi visto como similar e os seus seguidores foram perseguidos. As mútuas perseguições entre católicos e Huguenotes originaram episódios como o massacre de S. Bartolomeu, na noite de 23 para 24 de Agosto de 1572, durante o qual foram assassinados os protestantes que estavam em Paris, para assistir ao casamento de Henrique IV. A guerra terminou com o Edito de Nantes, em 1598, que concedeu a liberdade de culto aos Huguenotes. Em 1685, Luís XIV revogaria este edito, expulsando do país os protestantes.

A Inglaterra

A revolta inglesa contra Roma difere das revoltas da Alemanha, da Suíça e da França em dois aspectos. Primeiro, a Inglaterra era uma nação unida com um governo central forte, por isso, em vez de dividir o país em facções ou partidos regionais e terminar numa guerra civil, a revolta foi nacional – o rei e o Parlamento agiram juntos transferindo para a coroa a jurisdição eclesiástica previamente exercida pelo papa. Segundo, nos países continentais, a agitação popular visando a reforma religiosa precedeu e causou a ruptura política com o papado. Na Inglaterra, pelo contrário, a ruptura política deu-se primeiro, como resultado da decisão de Henrique VIII para se divorciar da sua primeira esposa, e a mudança na doutrina religiosa veio depois, nos reinados de Eduardo VI e de Isabel I. Após o divórcio com Catarina de Aragão, Henrique VIII casou com Ana Bolena, mas, em 1533, o papa excomungou-o. Em 1534, através do Ato de Supremacia, o Parlamento reconhecia a coroa como chefe da Igreja da Inglaterra e entre 1536-1539 os mosteiros eram suprimidos e as suas propriedades anexadas pelo rei e distribuídas pela nobreza adepta da reforma.

Conseqüências da Reforma

Apesar da diversidade das forças revolucionárias do século XVI, a Reforma teve grandes e consistentes resultados na Europa ocidental. Em geral, o poder e a riqueza perdidos pela nobreza feudal e pela hierarquia da Igreja Católica Romana foram transferidos para os novos grupos sociais em ascensão e para a coroa. Várias regiões da Europa conseguiram a sua independência política, religiosa e cultural. Mesmo em países como a França e na região da atual Bélgica, onde o Catolicismo Romano prevaleceu, um novo individualismo e nacionalismo foram desenvolvidos na cultura e na política. A destruição da autoridade medieval libertou o comércio e as atividades financeiras das restrições religiosas e promoveu o capitalismo. Durante a Reforma, as línguas nacionais e a literatura foram estimuladas através da difusão dos textos religiosos escritos na língua materna, e não em latim. A educação dos povos foi, também, estimulada pelas novas escolas fundadas por Colet na Inglaterra, Calvino em Genebra e pelos príncipes protestantes na Alemanha. A religião deixou de ser monopólio de uma minoria clerical privilegiada e passou a ser uma expressão mais direta das crenças populares. Todavia, a intolerância religiosa manteve-se inabalável e as diferentes Igrejas continuar am a perseguir-se mutuamente, pelo menos, durante mais de um século.

As Reformas Religiosas

Conjunto de movimentos de caráter religioso, político e econômico que contestam os dogmas católicos, entre 1517 e 1564. Tem início na Alemanha e provoca a separação de uma parte da comunidade católica da Europa, originando o protestantismo. Ocorre paralelamente ao renascimento cultural humanista, às insurreições da nobreza, às rebeliões camponesas, à expansão do mercantilismo e do sistema colonial e às guerras entre as monarquias européias. Estes movimentos entre os católicos reivindicavam a reaproximação da Igreja do espírito do cristianismo primitivo.

A resistência da hierarquia da Igreja leva os reformadores a constituírem confissões independentes. Os Papas exerciam poder espiritual e também poder temporal, ou seja, como o de qualquer outro governante de um país. O comportamento de parte do clero estava envolvido em interesses econômicos ou políticos, entrava em contradição com a doutrina da Igreja.

Muitos cristãos, opondo-se a essa situação, sentiam a necessidade de uma volta aos ensinamentos de Cristo e de seus apóstolos e pregavam uma reforma dos costumes. Os principais reformadores são Martinho Lutero e João Calvino, no século XVI. A Reforma difunde-se rapidamente na Alemanha, Suíça, França, Holanda, Escócia e Escandinávia. No século XVI surge a Igreja Anglicana e, a partir do século XVII, as igrejas Batista, Metodista e Adventista. As igrejas nascidas da Reforma reúnem cerca de 450 milhões de fiéis em todo o mundo.

No início do século XVI, a Igreja sofria de males profundos que necessitavam de remédio urgente. O papado perdera prestígio devido à sua preocupação excessiva pelas artes, pelas letras, pela cultura pagã do Renascimento e pelo seu envolvimento em disputas políticas.

A Igreja reconheceu estes abusos, mas não teve coragem para empreender a necessária reforma geral. Surgiu, então, o movimento denominado Reforma Protestante, iniciado na Alemanha por Martinho Lutero.

Martinho Lutero (1483-1546) nasce em Eisleben, Alemanha, numa família camponesa. Em 1501 ingressa na Universidade de Erfurt, onde estuda artes, lógica, retórica, física e filosofia e especializa-se em matemática, metafísica e ética. Entra para o mosteiro dos eremitas agostinianos de Erfurt em 1505, torna-se sacerdote e teólogo.

Em 1517, o Papa Leão X mandou alguns padres dominicanos à Alemanha com a finalidade de arrecadarem esmolas para o término da construção da Basílica de São Pedro. O monje agostiniano Martinho Lutero, professor da Universidade de Wittenberg, protestou, afirmando não ver nessa atitude da Igreja nenhum valor espiritual. Para justificar seu protesto contra o que chamou de venda de indulgências e suas críticas a conduta das autoridades eclesiásticas, Lutero afixou na porta principal da Catedral de Winttenberg 95 teses, que condenavam a venda de indulgencias e outros abusos do clero, pregando a salvação pela fé somente, sem a necessidade de praticar boas obras (dar esmolas, por exemplo). Lutero Denuncia as deformações da vida eclesiástica em 1517.

O Papa enviou a Alemanha um cardeal para tentar obter de Lutero uma retratação.

Lutero, no entanto, permaneceu firme em suas críticas e, em 1520, foi acusado de herege condenado é excomungado pelo papa Leão X e banido por Carlos V, imperador da Alemanha, em 1521, o que o levou a queimar em praça pública, diante de milhares de pessoas, a bula papal que o condenara.

No dia seguinte, Carlos V, rei da Espanha e imperador da Alemanha, para evitar aumentassem a controvérsia e a revolta entre os príncipes alemães do seu Império, convocou Lutero para se apresentar e defender suas idéias numa Diéta (assembléia), que se realizaria na cidade de Worms com a participação de todos estes príncipes.

Em Worms, onde deveria justificar suas atitudes, Lutero reafirmou suas posições e para não ser preso refugiou-se no Castelo de Wartburg, sob a proteção de um nobre que tentava libertar seus domínios do poder político da Igreja e do Imperador católico Carlos V.

Escondido no castelo de Wartburg e apoiado por setores da nobreza traduz para o alemão o Novo Testamento dando base a Doutrina Luterana. Abandona o hábito de monge e casa-se com a ex-freira Catarina von Bora, em 1525.

Durante sua permanência em Wartburg, Lutero traduziu a Bíblia para o Alemão.

Doutrinas dos Reformadores – Os pontos centrais da doutrina de Lutero são a justificação de Deus só pela fé e o acesso ao sacerdócio para todos os fiéis. Lutero nega o valor dos sacramentos (conservando o batismo e a eucaristia, esta com valor essencialmente simbólico), o culto dos santos e o valor da missa. Afasta por completo a autoridade e a hierarquia da Igreja e do Papa, afirmando que "todo fiel é padre". Nega também que o homem seja livre para praticar o bem e o mal. Calvino acrescenta a doutrina da predestinação dos fiéis. As diferenças doutrinais entre os dois dão origem a duas grandes correntes: os luteranos e os calvinistas. A Reforma abole a hierarquia e institui os pastores como ministros das igrejas. As mulheres têm acesso ao ministério e os pastores podem se casar. A liturgia é simplificada e os sacramentos praticados são o batismo e a ceia.

Apoio a Lutero – Com a simpatia de diferentes setores da nobreza e camponeses o protestantismo de Lutero difunde-se rapidamente na Alemanha, provoca uma série de conflitos com os católicos e com Carlos V. Isto resulta na dissolução das ordens monásticas, na revogação do celibato clerical, na secularização dos bens da igreja pela nobreza e na substituição da autoridade eclesiástica pela autoridade do Estado. Na esteira dos protestos de Lutero surgem seitas e rebeliões que contestam a autoridade de Roma. Grupos místicos surgem em Waldshut, Nuremberg, Suábia, Silésia, Leiden e Münster.

Esta situação de instabilidade deu origem a uma série de revoltas, dentre as quais se destacaram:

A dos Cavalheiros, promovida por pequenos nobres que, cobiçando territórios e bens pertencentes à Igreja, tentavam apossar-se deles;

A dos Camponeses, que, baseando-se nos exemplos dados pelos senhores durante vários anos, disseminaram o terror por todo o sul do Império alemão, levando Lutero a optar por uma das classes a apoiar. Para não perder o apoio dos nobres (Cavalheiros), Lutero condenou com muito rigor os Camponeses, chegando-se ao extermínio por parte dos Cavalheiros de mais ou menos cem mil pessoas.

O Calvinismo

João Calvino (1509-1564) nasce em Noyon, França, filho de um secretário do bispado de Noyon. Em 1523 ingressa na Universidade de Paris, estuda latim, filosofia e dialética. Forma-se em direito e, em 1532, publica Dois livros sobre a clemência ao imperador Nero, obra que assinala sua adesão à Reforma. Em 1535, já é considerado chefe do protestantismo francês. Perseguido pelas autoridades católicas refugia-se em Genebra. Organiza uma nova igreja, com pastores eleitos pelo povo, e o Colégio Genebra, que se torna um dos centros universitários mais famosos da Europa. Pela dogmática do francês João Calvino, refugiado em Genebra, o homem está predestinado à salvação ou à condenação. Pode salvar-se quem santificar a vida cumprindo seus deveres. A Igreja e o Estado devem estar separados, com predomínio da primeira.

Ética protestante – Calvino considera o cristão livre de todas as proibições não explicitadas nas Escrituras, o que torna as práticas do capitalismo lícitas, em especial a usura, condenada pela Igreja Católica. De acordo com a teoria da predestinação, a idéia de que Deus concede a salvação a poucos eleitos, o homem deve buscar o lucro por meio do trabalho e da vida regrada. Surge a identificação da ética protestante com o capitalismo, que se torna atraente para a burguesia.

Reforma Anglicana

Henrique VIII (1491-1547) nasce em Greenwich e torna-se herdeiro do trono da Inglaterra em 1502, após a morte do irmão mais velho. Em 1509 é coroado e casa-se com Catarina de Aragão, a viúva de seu irmão. Poliglota, esportista e estudioso de teologia, retoma a doutrina de Lutero, o que lhe vale o título de defensor da fé, concedido pelo papa Leão X.

Com o apoio do Parlamento e do povo, descontente com os privilégios e poderes eclesiásticos, Henrique VIII rompe com a Igreja Católica e cria o anglicanismo. É reconhecido como chefe supremo da Igreja da Inglaterra. O rei passa a ser o chefe supremo da Igreja Anglicana ou Episcopal e o seu líder espiritual é o arcebispo de Canterbury. A Reforma anglicana é promulgada em 1534 pelo rei Henrique VIII. Usa como pretexto a recusa do papa em aceitar seu divórcio da rainha espanhola Catarina de Aragão, tia de Carlos V da Espanha, para casar-se com Ana Bolena, uma dama de sua corte, que três anos depois é decapitada por adultério por casa-se mais quatro vezes.

Da Inglaterra, difunde-se para as colônias, especialmente na América do Norte. As igrejas Católica e Anglicana são semelhantes quanto à profissão de fé, à liturgia e aos sacramentos, mas a igreja episcopal não reconhece a autoridade do papa e admite mulheres como sacerdotes. A primeira mulher a exercer o ministério episcopal é a reverenda Bárbara Harris, da diocese de Massachusetts (EUA), consagrada em 1989.

Entre 1553 e 1558 ocorre a reação católica, com o reinado de Maria Tudor. Seu casamento com Felipe II da Espanha transforma a reforma religiosa numa questão nacional. Entre 1559, sob Elisabeth I, é renovada a soberania da Coroa sobre a igreja e ratificada a liturgia anglicana, tendo por base a confissão calvinista reformada.

Contra – Reforma

Compreende o conjunto das medidas adotadas pela Igreja através da autoridade do Papa Paulo III, em 1545, para defender-se, como as reformas internas, a fundação da Companhia de Jesus e o Concílio de Trento. Cria novas ordens eclesiásticas, como a dos teatinos, capuchinhos, barbabitas, ursulinas e oratorianos.

Concílio de Trento – De 1545 a 1563, convocado por Paulo III para assegurar a unidade de fé e a disciplina eclesiástica. Regula as obrigações dos bispos e confirma a presença de Cristo na eucaristia. São criados seminários como centros de formação sacerdotal e reconhece-se a superioridade do papa sobre a assembléia conciliar. São restaurados também os Tribunais da inquisição, que viriam a funcionar principalmente na Itália, França, Espanha e Portugal, sob o nome de Santo Ofício, julgando e condenando cristãos acusados de infidelidade, heresia, cisma, magia, poligamia, abuso dos sacramentos etc. É instituído o índice de livros proibidos (Index Librorum Prohibitorum) e reorganizada a Inquisição.

Companhia de Jesus – Criada em 1534 por Inácio de Loyola. Com organização militar e disciplina rígida, coloca-se incondicionalmente a serviço do papa. Desempenha papel fundamental na renovação da Igreja, na luta contra os hereges e na evangelização da Ásia e Américas.

Guerra dos Trinta Anos - É a primeira grande guerra européia. Começa em 1618 como conflito religioso envolvendo católicos e protestantes e adquire caráter político em torno das contradições entre Estados territoriais e príncipes. Envolve a Áustria, Hungria, Espanha, Holanda, Dinamarca, França e Suécia, entre outros. Termina em 1648 com a Paz de Westfalia, na qual são reconhecidas as liberdades dos calvinistas e demais protestantes. As devastações no território alemão, a redução da população, a disseminação da barbárie e a repressão sangrenta às mulheres acusadas de bruxaria facilitam a restauração do império pelos príncipes. Desaparece a hegemonia dos Habsburgo. Portugal, Áustria e Holanda conquistam a independência. França, Suécia, Baviera e Prússia ampliam suas áreas territoriais à custa da Alemanha.

Conclusão

As Reformas Religiosas formaram conjuntos de movimentos com caráter religioso, político e econômico, que contestavam os dogmas católicos, e devido a isso ocorreu – se à criação de outras religiões, como por exemplo, a protestante.

Os cristãos opuseram – se a essa situação, sentiam a necessidade de uma volta aos ensinamentos de Cristo e de seus apóstolos e pregavam assim, uma reforma dos costumes. Os principais reformadores foram Martinho Lutero e João Calvino.

A Reforma difundiu – se rapidamente na Alemanha, Suíça, França, Holanda, Escócia e Escandinávia.

O difícil foi que a Igreja reconheceu estes abusos, mas não teve coragem para empreender a necessária reforma geral.

E devido a isso, ocorreram diversos conflitos entre a Igreja e seus reformadores.