domingo, 7 de março de 2010

Civilização Mesopotâmica

Civilização Mesopotâmica

A Mesopotâmia é uma região histórica do Oriente Médio (Ásia), incluída no Iraque e banhada pelos rios: Tigre e Eufrates. A palavra mesopotâmia, em grego, significa região entre rios. Estendendo-se desde o Deserto da Síria , a N.O,até as margens do Golfo Pérsico, a S.E., compreende duas áreas distintas:

O Planalto ou Alta Mesopotâmia , de constituição geológica complexa, onde predominam formas muito eruditas;

A Planície ou Baixa Mesopotâmia , de origem rudimentar recente, cheia de lagoas, pântanos e canais naturais.

Uma elevação de 75 metros de altura, situada nas proximidades da cidade de Bagdá, marca o limite entre ambas.

É exatamente nesse ponto que se aproximam bastante os cursos dos dois famosos rios: o Tigre, que desce das montanhas do Curdistão, e o Eufrates, que procede do Planalto da Anatólia, entrelaçando suas águas através de pântanos , lagos e canais. Afastam-se a seguir, para reencontrarem-se pouco antes da foz, fundindo-se num só: o Chat-el-Arab (Rio dos Árabes), que se lança no Golfo Pérsico.

Em junho e julho, as águas desses rios avolumam-se, devido à fusão das galerias existentes nas cabeceiras e pelas fortes chuvas que caem nos cursos superiores e transbordam por sobre a planície, fertilizando-se nas cabeceiras.

Essa rica planície atraiu uma série de povos, que se encontraram e se misturaram , empreenderam guerra e dominaram uns aos outros , formando o que denominamos "civilização mesopotâmica". Entre esses povos temos:

• Sumérios

• Babilônicos

• Assírios

• Caldeus



Relações sociais na Mesopotâmia

A sociedade mesopotâmica era dividida em castas. Os sacerdotes, os aristocratas, os militares e os comerciantes formaram castas privilegiada (a minoria). A maioria da população era formada pelos artesões, camponeses e escravos.



A religião

Os mesopotâmicos adoravam diversas divindades e acreditavam que elas eram capazes de fazer tanto o bem quanto o mal. Os deuses diferenciavam-se dos homens por serem mais fortes, todo-poderosos e imortais. Cada cidade tinha um deus próprio, e, quando uma alcançava predomínio político sobre as outras, seu deus também se tornava mais cultuado.

No tempo de Hamurábi, por exemplo, o deus Marduc da Babilônia foi adorado por todo o império.

A divindade feminina mais importante era Ihstar, deusa da natureza e da fecundidade. Os Sumérios consideravam como principal função a desempenhar na vida, o culto a seus deuses e quando interrompiam as orações, deixavam estatuetas de pedra que os representavam diante dos altares, para rezarem em seu nome.



Organização Política

Os pântanos da antiga Suméria (hoje sul do Iraque), foram o berço das cidades-estados do mundo. As cidades-estados pertenciam a um Deus, representado pelo Rei. A autoridade do Rei estendia-se a todas as cidades-estados. Ele era auxiliado por sacerdotes , funcionários e ministros .

Legislava em nome das divindades, assegurava as práticas religiosas, zelava pela defesa de seus domínios, protegia e regulamentava a economia.

O mais ilustre soberano da Mesopotâmia foi Hamurábi, por volta de 1750 A.C., um Rei Babilônico, que conseguiu conquistar toda a Mesopotâmia . Hamurábi fundou um vasto Império, ao qual impôs a mesma administração e as mesmas leis. Era uma legislação baseada na lei de Talião (Olho por Olho, Dente por Dente, Braço por Braço, etc)

É o famoso código de Hamurábi, o primeiro conjunto e leis escritas da História.



A economia

A Mesopotâmia manteve sempre permanente contato com os povos vizinhos. Babilônia e Nínive eram ligadas entre si por canais e eram as duas cidades mais importantes. A navegação nos rios Tigre e Eufrates era feita em barcos. As principais atividades econômicas eram a agricultura e o comércio. Os mesopotâmios desenvolveram também a tecelagem, fabricavam armas, jóias e objetos de metal; mantinham escolas profissionais para o aprimoramento de fabricação de armas e cerâmicas.

Os comerciantes andavam em caravanas, levando seus produtos aos países vizinhos e às regiões mais distantes. Exportavam armas, tecidos de linho, lã e tapetes, além de pedras preciosas e perfumes.

Dessas terras traziam as matérias-primas que faltavam na Mesopotâmia, como o Marfim da Índia, o Cobre de Chipre e a madeira do Líbano.

A ciência Embora a roda do oleiro tivesse sido inventada nos tempos pré-históricos, foram os Sumérios que construíram os primeiros veículos de rodas.

Desenvolvendo os conhecimentos adquiridos pelos Sumérios, os Babilônicos fizeram novas descobertas, como o Calendário e o relógio de Sol.

Os Caldeus, sem dúvida, os mais capazes cientistas de toda a história mesopotâmica, tendo deixado importantes contribuições no campo da astronomia. Os mesopotâmios também conheciam pesos e medidas.

Podemos citar como legado Mesopotâmico:

Devemos aos Mesopotâmicos, vários elementos de nossa própria civilização, como:

• O ano de 12 meses e a semana de 07 dias,

• A divisão do dia em 24 horas,

• A crença nos horóscopos e os dozes signos do zodíaco,

• O habito de fazer o plantio de acordo com as fases da lua,

• O círculo de 360 graus,

• O processo aritmético da multiplicação.

A escrita

A invenção da escrita é atribuída aos Sumérios.

Eles escreviam na argila mole com o auxílio de pontas de vime. O traço deixado por essas pontas tem a forma de cunha (V), daí o nome de " escrita cuneiforme" .

Com cilindros de barro, os mesopotâmicos faziam seus contratos , enquanto no Egito se usava o papiro.

Em 1986, foi descoberta por arqueólogos, perto de Bagdá, Capital do Iraque, uma das mais antigas bibliotecas do mundo, datada do século X - A.C..

A biblioteca continha cerca de 150.000 tijolos de argila com inscrições sumerianas. A literatura caracterizava-se pelos poemas religiosos e de aventura.



A arquitetura

O edifício característico da arquitetura suméria é o zigurate, depois muito copiado pelos povos que se sucederam na região. Era uma construção em forma de torre, composta de sucessivos terraços e encimada por um pequeno templo.

Nas obras arquitetônicas os mesopotâmicos usavam tijolos cozidos (pois a pedra era muito cara) e ladrilhos esmaltados. Preferiam construir palácios. As habitações de escravos e homens de condições mais humildes eram às vezes, simples cubos de tijolos crus, revestidos de barro. O telhado era plano e feito com troncos de palmeira e argila comprimida. As casas simples não tinham janelas e à noite eram iluminadas por lampiões de óleo de gergelim.

A arte ma Mesopotâmia- ConclusãoPara falarmos da arte desta civilização que é um aglomerado de vários povos como os Sumérios, Assírios, Babilônios, Hebreus, Fenícios, Medos, Persas e Hititas, devemos dizer que a Bíblia nos conta dos Tribunais de Justiça entre os Assírios, da Torre de Babel e da faustosa Nínive.

Do cativeiro de 60 anos dos judeus e da conquista de Nabucodonosor. Da sentença de Deus contra a grande prostituta e das salvas da sua ira, que sete dos seus anjos derramaram sobre as terras do Eufrates. Os profetas Isaías e Jeremias pintaram suas visões terríveis da destruição do mais famoso entre os reinos.

Há pouco mais de um século, toda a ciência Assíria era para nós um livro fechado. Hoje, será possível escrever a história de mais de dois mil anos de Mesopotâmia e pintar os verdadeiros caracteres de seus senhores.

A cólera do Senhor está situada exatamente entre os rios Tigre e Eufrates.

Falar sobre a civilização nos faz perceber um mistério que envolve todo um povo e uma história.

Esta civilização foi profeticamente condenada a desaparecer. " Ele estenderá a mão contra o Norte e destruirá a Assíria e fará de Nínive uma desolação e a terra árida como um deserto onde tudo se deitará".

A terra entre os dois rios, escondeu durante séculos, palácios, templos e estátuas de reis e deuses. Foi uma civilização rica e cheia de mistérios. Os palácios suspensos , jardins afrodisíacos ornados com tijolos vitrificados e alabastro, leões alados, touros, águia e estatuas gigantescas denominadas de guerreiros de Jeová. Era para nós um livro fechado e a poucos decênios os soberanos assírios nos pareciam lendas e fantasmas.

Somente a Bíblia nos mostrava a verdade desta civilização e não os fatos comprovados que a ciência necessita. Passagens significativas como o Livro dos Mortos, Sodoma e Gomorra, Noé, Moisés, Golias, Guerra de Tróia, a Ilíada e a Odisséia se eram estórias ou lendas, realidade ou fantasia, o que podemos concluir é que nos foi deixado um grande legado em esculturas, escritas, baixo relevo e pintura nas escavações realizadas em 1840.

O povo desta época atingiu um alto nível de desenvolvimento na matemática , astronomia, medicina e nas ciências.

A pintura era subsidiária da escultura e a decoração colorida era um poderoso elemento de complementação das atitudes religiosas.

A pintura tinha ausência das três dimensões , onde ignoravam a profundidade.

Nos baixos relevos, o uso de conchas, mosaicos vitrificados e madrepérolas se sobressaiam nas colunas e muros.

Na música encontram-se instrumentos gravados em pedras e do seu sistema musical nada chegou até nós.

Na decoração a pedra era esculpida em frisos com motivos circulares e as combinações decorativas obtidas com suas disposições variadas, descendem dos motivos antigos e bizantinos. O gesso entalhado e o estuque, cujo emprego foi amplamente utilizado na Pérsia para revestir as paredes.

A madeira era esculpida e com um sistema de marchetaria encontravam-se nsa portas e sarcófagos.

Na cerâmica os jarros de bronze eram criados com relevos ora lavrados, ora rendilhados com frisos e medalhões em azuis-lazurita, verdes-turquesa, ouro, cinábrios, granadas e rubis.

O vidro era esmaltado, moldado e entalhado na cor vermelha e dourado sobre fundo claro.

O bronze e o cobre e às vezes o ouro eram muito usados nos utensílios ou para simples enfeite para portas.

Na religião os deuses deram destaques



• Anou - deus do Céu

• Enki – deus da Terra

• Nin-ur-sag – deus da Montanha

• Assur – deus Supremo

A relação com os deuses era marcada pela total submissão às suas vontades.



Musica e Dança

A música na Mesopotâmia, principalmente entre os babilônicos, estava ligada à religião.

Quando os fiéis estavam reunidos, cantavam hinos em louvor dos deuses, com acompanhamento de música. Esses hinos começavam muitas vezes, pelas expressões: " Glória, louvor tal deus; quero cantar os louvores de tal deus", seguindo a enumeração de suas qualidades, de socorro que dele pode esperar o fiel.

Nas cerimônias de penitência, os hinos eram de lamentação: "aí de nós", exclamavam eles, relembrando os sofrimentos de tal ou qual deus ou apiedando-se das desditas que desabam sobre a cidade. Instrumentos sem dúvida de sons surdos, acompanhavam essa recitação e no corpo desses salmos, vê-se o texto interromper-se e as onomatopéias "ua", "ui", "ua", sucederem-se em toda uma linha. A massa dos fiéis devia interromper a recitação e não retomá-la senão quando todos, em coro tivessem gemido bastante.

A procissão, finalmente, muitas vezes acompanhava as cerimônias religiosas e mesmo as cerimônias civis. Sobre um baixo-relevo assírio do British Museum que representa a tomada da cidade de Madaktu em Elam, a população sai da cidade e se apresenta diante do vencedor, precedida de música, enquanto as mulheres do cortejo batem palmas à oriental para compassar a marcha.



O canto também tinha ligações com a magia.

Há cantos a favor ou contra um nascimento feliz, cantos de amor, de ódio, de guerra, cantos de caça, de evocação dos mortos, cantos para favorecer, entre os viajantes, o estado de transe.

A dança, que é o gesto, o ato reforçado, se apóia em magia sobre leis da semelhança. Ela é mímica, aplica-se a todas as coisas:- há danças para fazer chover, para guerra, de caça, de amor etc.

Danças rituais têm sido representadas em monumentos da Ásia Ocidental, Suméria. Em Thecheme-Ali, perto de Teerã; em Tepe-Sialk, perto de Kashan; em Tepe-Mussian, região de Susa, cacos arcaicos reproduzem filas de mulheres nuas, dando-se as mãos, cabelos ao vento, executando uma dança. Em cilindros-sinetes vêem-se danças no curso dos festins sagrados (tumbas reais de Ur).

Em casos de possessão os serviços religiosos contavam com dançarinos, natores e músicos.



Egito Antigo





1. A evolução política do Egito Antigo



Período pré-dinástico: a formação do Egito



O trabalho coletivo deixou de ser uma necessidade no Egito, uma vez que cada família passou a ser proprietária das terras que cultivava. A desagregação das comunidades primitivas ocorreu na medida em que a agricultura se desenvolveu e os utensílios de cobre foram substituindo os de osso e pedra até então utilizados. A perda das propriedades por muitas famílias fez com que aumentasse o número de camponeses dominados pelos senhores poderosos. Surgiram, assim, pequenas unidades politicamente independentes, denominadas nomos, cada uma delas governada por um nomarca.

Todos esses acontecimentos ocorreram antes que surgisse o primeiro faraó — chefe supremo. Por isso, tal fase é conhecida como período pré-dinástico. Os nomos não demoraram a entrar em choque uns com os outros. Os nomos menores desapareceram, anexados pelos mais fortes. O represamento das águas obrigou muitas famílias a abandonar suas terras e ir trabalhar em nomos vizinhos.

As lutas levaram à constituição de dois remos, um ao sul e outro ao norte, conhecidos como Alto e Baixo Egito. O reino do sul tinha como símbolo uma coroa branca e o reino do norte era simbolizado por uma coroa vermelha.

Por volta de 3200 a.C., um rei do sul, Menés, venceu o norte e unificou o Egito, colocando em sua cabeça as coroas branca e vermelha. A capital do reino passou a ser Tínis e Menés tomou-se o primeiro faraó.



O Antigo Império (3200 a 2200 a.C.)



Os sucessores de Menés permaneceram no poder por mais de um milênio e durante todo esse período o Egito viveu um isolamento quase completo. O faraó detinha o poder supremo, sendo considerado uma encarnação do próprio deus Rá (o Sol). Sua presença era imprescindível até para as enchentes do Nilo, nas épocas certas do ano.

Durante essa fase da história egípcia, a camada sacerdotal adquiriu grande influência e riqueza. Foram construídas as três grandes pirâmides de Gizé, atribuídas aos faraós Quéops, Quéfrem e Miquerinos. Na nova capital, Mênfis, havia grandes estoques de grãos arrecadados ao povo e rigorosamente vigiados pelos escribas.





Pirâmides de Quéops, Quéfrem e Miquerinos.



Uma nobreza privilegiada cooperava na administração e na exploração dos camponeses, angariando grande poder. Esse fortalecimento levou-a a tentar assumir o controle direto do Estado.

Seguiu-se um período de anarquia em que praticamente cada nobre se julgava em condições de ocupar o trono faraônico; o clero aproveitou-se para expandir seu poder político, apoiando ora este, ora aquele pretendente ao título de faraó.



O Médio Império (2000 a 1750 a.C.)



Nessa fase teve início uma nova dinastia e outra capital: a cidade de Tebas. O Egito expandiu-se em direção ao sul, aperfeiçoou a rede de canais de irrigação e estabeleceu colônias mineradoras no Sinai. A ambição dos nobres e do clero fez com que o cobre fosse buscado fora da África, tomando o Egito conhecido de outras populações do Oriente Médio.

Alguns povos procedentes da Ásia Menor desencadearam uma série de ataques em direção ao vale do Nilo. Finalmente, os hicsos, povo semita que já conhecia o cavalo e o ferro, derrotaram as forças faraônicas do Sinai e ocuparam a região do delta do Egito, onde se instalaram de 1750 a 1580 a.C. Foi durante essa dominação estrangeira que os hebreus se estabeleceram no Egito.



O Novo Império (1580 a 1085 a.C.)



O faraó Amósis I expulsou os hicsos, dando início a uma fase militarista e expansionista da história egípcia. Sob o reinado de Tutmés III, a Palestina e a Síria foram conquistadas, estendendo o domínio do Egito até as nascentes rio Eufrates.

Portal de entrada do templo de Luxor, construído por Ramsés II, um dos maiores nomes do novo Império Egípcio.

Durante esse período de apogeu, o faraó Amenófis IV empreendeu uma revolução religiosa e política. O soberano substituiu o politeísmo tradicional, cujo deus principal era Amon-Ra, por Aton, simbolizado pelo disco solar. Essa medida tinha por finalidade eliminar a supremacia dos sacerdotes, que ameaçavam sobrepujar o poder real. O faraó passou a denominar-se Akhnaton, atuando como supremo sacerdote do novo deus. A revolução religiosa teve fim com o novo faraó Tutancaton, que restaurou o politeísmo e mudou seu nome para Tutancamon.

Com a instauração da capital em Tebas, os faraós da dinastia de Ramsés 11(1320-1232 a.C.) prosseguiram as conquistas. O esplendor do período foi demonstrado pela construção de grandes templos, como os de Luxor e Carnac.

As dificuldades do período começaram a surgir com as constantes ameaças de invasão das fronteiras. No ano 663 a.C., os assírios invadiram o Egito.



O Renascimento Saíta (663 a 525 a.C.)



O faraó Psamético I expulsou os assírios e instalou a capital em Saís, no deita do rio Nilo. A recuperação do período foi marcada pela ampliação do comércio, graças ao trabalho de alguns soberanos.

As lutas pela posse do trono levaram o Egito à ruína. Os camponeses se levantaram e a nobreza digladiava-se com o poderoso clero. Novas invasões sobrevieram: os persas, em 525 a.C., na batalha de Pelusa; o rei macedônio Alexandre Magno, em 332 a.C.; e os romanos, em 30 a.C., pondo fim ao Egito como Estado independente.



2. A organização econômica do Egito Antigo



No decorrer de sua história, o Egito transformou-se em uma imensa civilização presa ao comportamento do rio; a população dedicava-se a lavrar o solo e a levar uma vida pacífica. Gozando de uma proteção natural, proporcionada pelos acidentes geográficos — Mar Vermelho, a leste; deserto da Líbia, a oeste; Mediterrâneo, ao norte; e o deserto da Núbia, ao sul — o Egito pôde gozar de paz externa durante a maior parte da Antigüidade.

O Egito teve na agricultura a maior concentração de trabalho, constituindo-se em uma das mais privilegiadas civilizações do Oriente Médio, considerada o grande celeiro do mundo antigo. As terras mostravam-se férteis e generosas, favorecidas pelo rio e pela fertilização natural, beneficiadas pelos diques e canais de irrigação. Ao longo do Nilo estendiam-se as plantações de trigo, cevada e linho cuidadas pelos felás (camponeses egípcios), desenvolvendo-se rapidamente graças ao aperfeiçoamento das técnicas de plantio e semeadura. A charrua, puxada pelos bois, e o emprego de metais propiciaram grandes colheitas. Teoricamente, as terras pertenciam ao faraó, porém a nobreza detinha grande parte delas. Enormes armazéns guardavam as colheitas, que eram administradas pelo Estado. Uma parte da produção chegava a ser exportada.

O comércio processava-se entre o Alto e o Baixo Egito por meio de embarcações que subiam e desciam o rio abarrotadas de cereais e produtos artesanais. A presença da tecelagem, da fiação e a confecção de sandálias de folhas de papiro, bem como a ourivesaria, propiciaram um desenvolvimento razoável do comércio interno, uma vez que poucas relações eram tidas com o exterior.

O pastoreio completava os trabalhos na terra. Rebanhos de gado bovino e ovino podiam ser vistos nos campos próximos ao rio, cuidados por pastores.

De um modo geral, a economia egípcia é enquadrada no modo de produção asiático, em que a propriedade geral das terras pertencia ao Estado e as relações sociais de produção fundamentavam-se no regime de servidão coletiva (não se pode, porém, falar em modo de produção servil, aplicável somente ao sistema feudal). As comunidades camponesas, presas à terra que cultivavam, entregavam os resultados da produção ao Estado, representado pela pessoa do rei. Este, às vezes, obrigava os camponeses a trabalhar na construção de canais de irrigação e barragens, propiciando o desenvolvimento da agricultura e o sustento precário dos aldeães.



3. A sociedade egípcia



Nessas “sociedades hidráulicas”, a distinção social começou a se fazer notar quando a luta pela posse das áreas cultiváveis levou a se defrontarem os camponeses, na posição de possuidores da força de trabalho, e os proprietários das terras, que delas se apoderaram e as mantinham invocando a proteção dos deuses e dos sacerdotes.

O topo da pirâmide social era ocupado pela família do faraó; este, por se considerar um deus encarnado, possuía prerrogativas únicas.

O estamento sacerdotal também ocupava uma posição invejável, juntamente com a nobreza detentora das terras e do trabalho dos camponeses. Com o crescimento do comércio e do artesanato, durante o Médio Império, surgiu uma classe média empreendedora, a qual chegou a conquistar uma certa posição social e alguma influência no governo.

Os burocratas passaram a ocupar um lugar destacado na administração, principalmente no que tangia ao recolhimento da produção dos camponeses. Havia toda uma hierarquia de escribas, cujo grau variava de acordo com a confiança neles depositada pelo faraó e nobreza.

Os artesãos ocupavam uma posição inferiorizada, junto aos camponeses. Estes eram fiscalizados por funcionários especiais.

Apesar de o governo manter escolas públicas, estas formavam, em sua maioria, escribas destinados a trabalhar na administração do Estado Faraônico.

A imobilidade e a rígida hierarquização são marcas essenciais da sociedade egípcia antiga.



4. A vida religiosa e o politeísmo no Egito Antigo



A religiosidade dos povos orientais pode facilmente ser aquilatada por uma constatação atual, pois as cinco grandes religiões de nossos dias tiveram suas origens no Oriente. Uma enorme variedade de deuses, fórmulas religiosas e cultos são provenientes dessas regiões.

A existência dos deuses satisfazia à ânsia do homem em ver atendidas suas aspirações e ao mesmo tempo afastava seus temores íntimos. Protetores da água, da chuva, da colheita, das plantas, dos pescadores, eram todos cultuados por formas que iam desde o incenso até ao sacrifício de animais e homens, tudo com intenção de conseguir suas boas graças. Os próprios governantes se revestiam de caracteres divinos a fim de serem mais respeitados. Paralelamente à instituição religiosa, estruturaram- se os sacerdotes, uma camada fechada que cresceu em praticamente todas as civilizações antigas. O clero ocupava uma posição social e econômica privilegiada, influenciando o governo e o povo.

No Egito, como em quase toda a Antigüidade, a religião assumia a forma politeísta, compreendendo uma enorme variedade de deuses e divindades menores.

No Egito, muitos animais gozavam de um culto todo especial, como era o caso do gato, do crocodilo, do íbis, do escaravelho e do boi Apis; havia também divindades híbridas, com corpo humano e cabeça de animal: Hator (a vaca), Anúbis (o chacal), Hórus (o falcão protetor do faraó). Havia ainda deuses antropomórficos, como Osíris e sua esposa Isis.

O Mito de Osíris ilustra bem a religiosidade dos egípcios, a ponto de terem se decidido a erigir túmulos e templos em homenagem à morte e à vida futura.

O principal deus egípcio era Amon-Ra, combinação de duas divindades, e que era representado pelo Sol; em torno dele girava o poder sacerdotal. A preocupação com a vida futura era grande e os cuidados com os mortos eram contínuos, bastando lembrar as cerimônias fúnebres, nas quais se realizavam as oferendas de alimentos e de incenso.

Acreditava-se em um julgamento após a morte, quando o deus Osíris iria colocar em uma balança o coração do indivíduo, para julgar seus atos. Os justos e os bons teriam como recompensa a reincorporação e depois iriam para uma espécie de Paraíso.

O trecho abaixo, extraído do Livro dos Mortos dos egípcios, descreve o júbilo daquele que foi absolvido pelo tribunal de Osíris:

“Salve, Osíris, meu divino pai! Tal como tu, cuja vida é imperecível, os meus membros conhecerão a vida eterna. Não apodrecerei. Não serei comido pelos vermes. Não perecerei. Não serei pasto dos bichos. Viverei, viverei! As minhas entranhas não apodrecerão. Os meus olhos não se fecharão, a minha vista permanecerá tal como hoje é. Os meus ouvidos não deixarão de ouvir .

A minha cabeça não se separará do meu pescoço. A minha língua não me será arrancada, Os meus cabelos não me serão cortados. Não me serão raspadas as sobrancelhas. O meu corpo conservar-se-á intacto, não se decomporá, não será destruído neste mundo.”

A experiência monoteísta



Por volta de 1360 a.C., o Egito viu nascer o primeiro culto monoteísta — o culto a Aton. Afirma-se que foi a primeira religião monoteísta da História, sendo mesmo ante- flor à dos hebreus. O politeísmo entravava o progresso egípcio, pois a camada sacerdotal era muito grande e sua manutenção resultava onerosa para o Estado. Os sacerdotes interferiam constantemente nos assuntos políticos e o próprio faraó, muitas vezes, não passava de um joguete do clero. Aproveitando-se da religiosidade do povo, os sacerdotes alcançaram uma extraordinária ascendência, convertendo a civilização egípcia como que em sua propriedade particular.

O perigo do poder clerical foi sentido por Amenófis III que, para se livrar da influência do clero, mudou seu palácio para longe dos templos.

Contra a tradição politeísta levantou-se o faraó Amenófis IV, que instituiu uma nova religião, com o culto dedicado a um deus único: Aton (o disco solar). Esperava com isso quebrar o poder da camada sacerdotal. Organizou um novo clero e mudou sua capital para a cidade de Aquetaton, “horizonte de Aton” (atual Tell ElAmarna). Trocou seu nome para Akhnaton, “servidor de Aton”, e compôs um Hino ao Sol. Essa tentativa monoteísta, porém, foi efêmera. Com a morte de Amenófis, as coisas voltaram ao estágio anterior e o clero e a nobreza recuperaram sua influência.



5. A herança cultural do Egito Antigo



Muitos edifícios construídos no Egito antigo chegaram até nós em bom estado de conservação. Pirâmides, hipogeus, templos e palácios de dimensões gigantescas atestam a importância da arquitetura egípcia.

Tendo-se voltado para a vida coletiva e religiosa, as construções egípcias são marcadas pela grandiosidade dos templos e dos túmulos. Os templos de Carnac e Luxor nos dão mostras de como a arte e a religião estavam interligadas. A solidez, a grandiosidade e os artifícios procurando exaltar o volume são as características mais salientes dessas obras. Estátuas de deuses e faraós acompanham essas dimensões, com decorações esculpidas e pintadas descrevendo episódios ligados às figuras representadas.

A pintura egípcia prendeu-se principalmente a temas da Natureza e da vida cotidiana, sendo muitas vezes acompanhada de hieróglifos explicativos.

A invenção da escrita propiciou o desenvolvimento da literatura. A escrita ideográfica, nascida no Egito, iria evoluir para o alfabeto fonético com os fenícios. Utilizando três formas de escrita (hieroglífica, hierática e demótica), os egípcios deixaram-nos obras religiosas como o Livro dos Mortos e o Hino ao Sol, além da literatura popular de contos e lendas.

A decifração da escrita egípcia foi feita por Jean-François Champollion que, observando e comparando os diversos tipos de escrita encontrados em um achado arqueológico, estabeleceu um método de leitura graças ao grego arcaico que também se encontrava no texto. Surgiu assim a ciência conhecida como Egiptologia, a qual vem constantemente evoluindo com novas descobertas e restaurações.

As ciências exatas também tiveram oportunidade de expansão, uma vez que as necessidades de ordem prática forçaram o desenvolvimento da Astronomia e da Matemática. A Geometria desenvolveu-se pela necessidade de se redemarcarem as terras quando as águas do Nilo voltavam a seu leito. A Medicina, por sua vez, está de certa forma ligada à própria prática da mumificação, o que a levou a um desenvolvimento razoável; por outro lado, a farmacopéia egípcia notabilizou-se por sua variedade. Havia instituições de sacerdotes-médicos e os papiros atestam o regular conhecimento de doenças e a própria especialização da atividade médica.

A mumificação constituiu uma técnica de grande importância na civilização do Egito. Os métodos, até hoje pouco conhecidos, produziram resultados notáveis, que se podem ver em museus de diversas partes do mundo.











Civilização Egípcia

Egito Antigo
1.. A evolução política do Egito Antigo

Período pré-dinástico: a formação do Egito

O trabalho coletivo deixou de ser uma necessidade no Egito, uma vez que cada família passou a ser proprietária das terras que cultivava. A desagregação das comunidades primitivas ocorreu na medida em que a agricultura se desenvolveu e os utensílios de cobre foram substituindo os de osso e pedra até então utilizados. A perda das propriedades por muitas famílias fez com que aumentasse o número de camponeses dominados pelos senhores poderosos. Surgiram, assim, pequenas unidades politicamente independentes, denominadas nomos, cada uma delas governada por um nomarca.
Todos esses acontecimentos ocorreram antes que surgisse o primeiro faraó — chefe supremo. Por isso, tal fase é conhecida como período pré-dinástico. Os nomos não demoraram a entrar em choque uns com os outros. Os nomos menores desapareceram, anexados pelos mais fortes. O represamento das águas obrigou muitas famílias a abandonar suas terras e ir trabalhar em nomos vizinhos.
As lutas levaram à constituição de dois remos, um ao sul e outro ao norte, conhecidos como Alto e Baixo Egito. O reino do sul tinha como símbolo uma coroa branca e o reino do norte era simbolizado por uma coroa vermelha.
Por volta de 3200 a.C., um rei do sul, Menés, venceu o norte e unificou o Egito, colocando em sua cabeça as coroas branca e vermelha. A capital do reino passou a ser Tínis e Menés tomou-se o primeiro faraó.

O Antigo Império (3200 a 2200 a.C.)

Os sucessores de Menés permaneceram no poder por mais de um milênio e durante todo esse período o Egito viveu um isolamento quase completo. O faraó detinha o poder supremo, sendo considerado uma encarnação do próprio deus Rá (o Sol). Sua presença era imprescindível até para as enchentes do Nilo, nas épocas certas do ano.
Durante essa fase da história egípcia, a camada sacerdotal adquiriu grande influência e riqueza. Foram construídas as três grandes pirâmides de Gizé, atribuídas aos faraós Quéops, Quéfrem e Miquerinos. Na nova capital, Mênfis, havia grandes estoques de grãos arrecadados ao povo e rigorosamente vigiados pelos escribas.
Uma nobreza privilegiada cooperava na administração e na exploração dos camponeses, angariando grande poder. Esse fortalecimento levou-a a tentar assumir o controle direto do Estado.

Seguiu-se um período de anarquia em que praticamente cada nobre se julgava em condições de ocupar o trono faraônico; o clero aproveitou-se para expandir seu poder político, apoiando ora este, ora aquele pretendente ao título de faraó.

O Médio Império (2000 a 1750 a.C.)
Nessa fase teve início uma nova dinastia e outra capital: a cidade de Tebas. O Egito expandiu-se em direção ao sul, aperfeiçoou a rede de canais de irrigação e estabeleceu colônias mineradoras no Sinai. A ambição dos nobres e do clero fez com que o cobre fosse buscado fora da África, tomando o Egito conhecido de outras populações do Oriente Médio.
Alguns povos procedentes da Ásia Menor desencadearam uma série de ataques em direção ao vale do Nilo. Finalmente, os hicsos, povo semita que já conhecia o cavalo e o ferro, derrotaram as forças faraônicas do Sinai e ocuparam a região do delta do Egito, onde se instalaram de 1750 a 1580 a.C. Foi durante essa dominação estrangeira que os hebreus se estabeleceram no Egito.

O Novo Império (1580 a 1085 a.C.)
O faraó Amósis I expulsou os hicsos, dando início a uma fase militarista e expansionista da história egípcia. Sob o reinado de Tutmés III, a Palestina e a Síria foram conquistadas, estendendo o domínio do Egito até as nascentes rio Eufrates.
Durante esse período de apogeu, o faraó Amenófis IV empreendeu uma revolução religiosa e política. O soberano substituiu o politeísmo tradicional, cujo deus principal era Amon-Ra, por Aton, simbolizado pelo disco solar. Essa medida tinha por finalidade eliminar a supremacia dos sacerdotes, que ameaçavam sobrepujar o poder real. O faraó passou a denominar-se Akhnaton, atuando como supremo sacerdote do novo deus. A revolução religiosa teve fim com o novo faraó Tutancaton, que restaurou o politeísmo e mudou seu nome para Tutancamon.

Com a instauração da capital em Tebas, os faraós da dinastia de Ramsés 11(1320-1232 a.C.) prosseguiram as conquistas. O esplendor do período foi demonstrado pela construção de grandes templos, como os de Luxor e Carnac.

As dificuldades do período começaram a surgir com as constantes ameaças de invasão das fronteiras. No ano 663 a.C., os assírios invadiram o Egito.



O Renascimento Saíta (663 a 525 a.C.)



O faraó Psamético I expulsou os assírios e instalou a capital em Saís, no deita do rio Nilo. A recuperação do período foi marcada pela ampliação do comércio, graças ao trabalho de alguns soberanos.

As lutas pela posse do trono levaram o Egito à ruína. Os camponeses se levantaram e a nobreza digladiava-se com o poderoso clero. Novas invasões sobrevieram: os persas, em 525 a.C., na batalha de Pelusa; o rei macedônio Alexandre Magno, em 332 a.C.; e os romanos, em 30 a.C., pondo fim ao Egito como Estado independente.

2. A organização econômica do Egito Antigo
No decorrer de sua história, o Egito transformou-se em uma imensa civilização presa ao comportamento do rio; a população dedicava-se a lavrar o solo e a levar uma vida pacífica. Gozando de uma proteção natural, proporcionada pelos acidentes geográficos — Mar Vermelho, a leste; deserto da Líbia, a oeste; Mediterrâneo, ao norte; e o deserto da Núbia, ao sul — o Egito pôde gozar de paz externa durante a maior parte da Antigüidade.
O Egito teve na agricultura a maior concentração de trabalho, constituindo-se em uma das mais privilegiadas civilizações do Oriente Médio, considerada o grande celeiro do mundo antigo. As terras mostravam-se férteis e generosas, favorecidas pelo rio e pela fertilização natural, beneficiadas pelos diques e canais de irrigação. Ao longo do Nilo estendiam-se as plantações de trigo, cevada e linho cuidadas pelos felás (camponeses egípcios), desenvolvendo-se rapidamente graças ao aperfeiçoamento das técnicas de plantio e semeadura. A charrua, puxada pelos bois, e o emprego de metais propiciaram grandes colheitas. Teoricamente, as terras pertenciam ao faraó, porém a nobreza detinha grande parte delas. Enormes armazéns guardavam as colheitas, que eram administradas pelo Estado. Uma parte da produção chegava a ser exportada.
O comércio processava-se entre o Alto e o Baixo Egito por meio de embarcações que subiam e desciam o rio abarrotadas de cereais e produtos artesanais. A presença da tecelagem, da fiação e a confecção de sandálias de folhas de papiro, bem como a ourivesaria, propiciaram um desenvolvimento razoável do comércio interno, uma vez que poucas relações eram tidas com o exterior.
O pastoreio completava os trabalhos na terra. Rebanhos de gado bovino e ovino podiam ser vistos nos campos próximos ao rio, cuidados por pastores.
De um modo geral, a economia egípcia é enquadrada no modo de produção asiático, em que a propriedade geral das terras pertencia ao Estado e as relações sociais de produção fundamentavam-se no regime de servidão coletiva (não se pode, porém, falar em modo de produção servil, aplicável somente ao sistema feudal). As comunidades camponesas, presas à terra que cultivavam, entregavam os resultados da produção ao Estado, representado pela pessoa do rei. Este, às vezes, obrigava os camponeses a trabalhar na construção de canais de irrigação e barragens, propiciando o desenvolvimento da agricultura e o sustento precário dos aldeães.

3. A sociedade egípcia

Nessas “sociedades hidráulicas”, a distinção social começou a se fazer notar quando a luta pela posse das áreas cultiváveis levou a se defrontarem os camponeses, na posição de possuidores da força de trabalho, e os proprietários das terras, que delas se apoderaram e as mantinham invocando a proteção dos deuses e dos sacerdotes.
O topo da pirâmide social era ocupado pela família do faraó; este, por se considerar um deus encarnado, possuía prerrogativas únicas.
O estamento sacerdotal também ocupava uma posição invejável, juntamente com a nobreza detentora das terras e do trabalho dos camponeses. Com o crescimento do comércio e do artesanato, durante o Médio Império, surgiu uma classe média empreendedora, a qual chegou a conquistar uma certa posição social e alguma influência no governo.
Os burocratas passaram a ocupar um lugar destacado na administração, principalmente no que tangia ao recolhimento da produção dos camponeses. Havia toda uma hierarquia de escribas, cujo grau variava de acordo com a confiança neles depositada pelo faraó e nobreza.
Os artesãos ocupavam uma posição inferiorizada, junto aos camponeses. Estes eram fiscalizados por funcionários especiais.
Apesar de o governo manter escolas públicas, estas formavam, em sua maioria, escribas destinados a trabalhar na administração do Estado Faraônico.
A imobilidade e a rígida hierarquização são marcas essenciais da sociedade egípcia antiga.

4. A vida religiosa e o politeísmo no Egito Antigo
A religiosidade dos povos orientais pode facilmente ser aquilatada por uma constatação atual, pois as cinco grandes religiões de nossos dias tiveram suas origens no Oriente. Uma enorme variedade de deuses, fórmulas religiosas e cultos são provenientes dessas regiões.
A existência dos deuses satisfazia à ânsia do homem em ver atendidas suas aspirações e ao mesmo tempo afastava seus temores íntimos. Protetores da água, da chuva, da colheita, das plantas, dos pescadores, eram todos cultuados por formas que iam desde o incenso até ao sacrifício de animais e homens, tudo com intenção de conseguir suas boas graças. Os próprios governantes se revestiam de caracteres divinos a fim de serem mais respeitados. Paralelamente à instituição religiosa, estruturaram- se os sacerdotes, uma camada fechada que cresceu em praticamente todas as civilizações antigas. O clero ocupava uma posição social e econômica privilegiada, influenciando o governo e o povo.
No Egito, como em quase toda a Antigüidade, a religião assumia a forma politeísta, compreendendo uma enorme variedade de deuses e divindades menores.
No Egito, muitos animais gozavam de um culto todo especial, como era o caso do gato, do crocodilo, do íbis, do escaravelho e do boi Apis; havia também divindades híbridas, com corpo humano e cabeça de animal: Hator (a vaca), Anúbis (o chacal), Hórus (o falcão protetor do faraó). Havia ainda deuses antropomórficos, como Osíris e sua esposa Isis.
O Mito de Osíris ilustra bem a religiosidade dos egípcios, a ponto de terem se decidido a erigir túmulos e templos em homenagem à morte e à vida futura.
O principal deus egípcio era Amon-Ra, combinação de duas divindades, e que era representado pelo Sol; em torno dele girava o poder sacerdotal. A preocupação com a vida futura era grande e os cuidados com os mortos eram contínuos, bastando lembrar as cerimônias fúnebres, nas quais se realizavam as oferendas de alimentos e de incenso.
Acreditava-se em um julgamento após a morte, quando o deus Osíris iria colocar em uma balança o coração do indivíduo, para julgar seus atos. Os justos e os bons teriam como recompensa a reincorporação e depois iriam para uma espécie de Paraíso.
O trecho abaixo, extraído do Livro dos Mortos dos egípcios, descreve o júbilo daquele que foi absolvido pelo tribunal de Osíris:

“Salve, Osíris, meu divino pai! Tal como tu, cuja vida é imperecível, os meus membros conhecerão a vida eterna. Não apodrecerei. Não serei comido pelos vermes. Não perecerei. Não serei pasto dos bichos. Viverei, viverei! As minhas entranhas não apodrecerão. Os meus olhos não se fecharão, a minha vista permanecerá tal como hoje é. Os meus ouvidos não deixarão de ouvir .
A minha cabeça não se separará do meu pescoço. A minha língua não me será arrancada, Os meus cabelos não me serão cortados. Não me serão raspadas as sobrancelhas. O meu corpo conservar-se-á intacto, não se decomporá, não será destruído neste mundo.”

A experiência monoteísta

Por volta de 1360 a.C., o Egito viu nascer o primeiro culto monoteísta — o culto a Aton. Afirma-se que foi a primeira religião monoteísta da História, sendo mesmo ante- flor à dos hebreus. O politeísmo entravava o progresso egípcio, pois a camada sacerdotal era muito grande e sua manutenção resultava onerosa para o Estado. Os sacerdotes interferiam constantemente nos assuntos políticos e o próprio faraó, muitas vezes, não passava de um joguete do clero. Aproveitando-se da religiosidade do povo, os sacerdotes alcançaram uma extraordinária ascendência, convertendo a civilização egípcia como que em sua propriedade particular.
O perigo do poder clerical foi sentido por Amenófis III que, para se livrar da influência do clero, mudou seu palácio para longe dos templos.
Contra a tradição politeísta levantou-se o faraó Amenófis IV, que instituiu uma nova religião, com o culto dedicado a um deus único: Aton (o disco solar). Esperava com isso quebrar o poder da camada sacerdotal. Organizou um novo clero e mudou sua capital para a cidade de Aquetaton, “horizonte de Aton” (atual Tell ElAmarna). Trocou seu nome para Akhnaton, “servidor de Aton”, e compôs um Hino ao Sol. Essa tentativa monoteísta, porém, foi efêmera. Com a morte de Amenófis, as coisas voltaram ao estágio anterior e o clero e a nobreza recuperaram sua influência.

5. A herança cultural do Egito Antigo

Muitos edifícios construídos no Egito antigo chegaram até nós em bom estado de conservação. Pirâmides, hipogeus, templos e palácios de dimensões gigantescas atestam a importância da arquitetura egípcia.
Tendo-se voltado para a vida coletiva e religiosa, as construções egípcias são marcadas pela grandiosidade dos templos e dos túmulos. Os templos de Carnac e Luxor nos dão mostras de como a arte e a religião estavam interligadas. A solidez, a grandiosidade e os artifícios procurando exaltar o volume são as características mais salientes dessas obras. Estátuas de deuses e faraós acompanham essas dimensões, com decorações esculpidas e pintadas descrevendo episódios ligados às figuras representadas.
A pintura egípcia prendeu-se principalmente a temas da Natureza e da vida cotidiana, sendo muitas vezes acompanhada de hieróglifos explicativos.
A invenção da escrita propiciou o desenvolvimento da literatura. A escrita ideográfica, nascida no Egito, iria evoluir para o alfabeto fonético com os fenícios. Utilizando três formas de escrita (hieroglífica, hierática e demótica), os egípcios deixaram-nos obras religiosas como o Livro dos Mortos e o Hino ao Sol, além da literatura popular de contos e lendas.
A decifração da escrita egípcia foi feita por Jean-François Champollion que, observando e comparando os diversos tipos de escrita encontrados em um achado arqueológico, estabeleceu um método de leitura graças ao grego arcaico que também se encontrava no texto. Surgiu assim a ciência conhecida como Egiptologia, a qual vem constantemente evoluindo com novas descobertas e restaurações.
As ciências exatas também tiveram oportunidade de expansão, uma vez que as necessidades de ordem prática forçaram o desenvolvimento da Astronomia e da Matemática. A Geometria desenvolveu-se pela necessidade de se redemarcarem as terras quando as águas do Nilo voltavam a seu leito. A Medicina, por sua vez, está de certa forma ligada à própria prática da mumificação, o que a levou a um desenvolvimento razoável; por outro lado, a farmacopéia egípcia notabilizou-se por sua variedade. Havia instituições de sacerdotes-médicos e os papiros atestam o regular conhecimento de doenças e a própria especialização da atividade médica.
A mumificação constituiu uma técnica de grande importância na civilização do Egito. Os métodos, até hoje pouco conhecidos, produziram resultados notáveis, que se podem ver em museus de diversas partes do mundo.











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